Há dois anos, em 2 de setembro de 2022, o Megadeth lançava “The Sick, The Dying… And The Dead!“, o álbum de número 16 da banda de Dave Mustaine e que é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira, o primeiro deste mês.
Nosso aniversariante do dia é o álbum que marcou o maior período entre dois álbuns consecutivos do Megadeth em sua história: foram seis anos desde que “Dystopia” foi lançado. Algumas foram as razões para a demora: Dave Mustaine foi diagnosticado com câncer, a pandemia de COVID-19 e também o caso de assédio sexual cometido por Dave Ellefson, que fez com que ele fosse demitido e as partes de baixo gravadas por ele tivessem de ser refeitas. O câncer de Mustaine inclusive, obrigou a banda a cancelar sua participação na edição de 2019 do Rock in Rio.
O álbum marca a estreia do baterista Dirk Verbeuren e também seria a despedida de Kiko Loureiro. O baixo foi completamente regravado por Steve DiGiorgio, que foi “emprestado” pelo Testament para esta empreitada. Depois do lançamento do álbum, James LoMenzo foi convidado e aceitou retornar à banda, depois de 12 anos.
Os planos de Mustaine eram de lançar o álbum ainda em 2019. Para tanto, em 10 de maio daquele ano, a banda iniciou os trabalhos de pré-produção. Mas em junho, o líder da banda recebeu o diagnóstico de câncer na garganta e a agenda de shows bem como a gravação do disco. Em 2020, com Mustaine inteiramente recuperado, a banda foi para Nashville dar sequência ao trabalho. A produção foi assinada por Dave Mustaine e Chris Rakestraw. Em 9 de janeiro de 2021, o líder do Megadeth anunciou o título do álbum, que tinha previsão de lançamento para o início de 2022. Mas um novo atraso, desta vez por problemas de impressão e distribuição do vinil, fez com que a data final fosse este 2 de setembro.
Alguns convidados participam do álbum, tais como o brasileiro Roger Lima. Ex-guitarrista do DFC, hoje ele é DJ e produtor e vive em Los Angeles. Ele gravou os teclados que escutamos em cinco das doze canções. Sammy Hagar também gravou os vocais da sua música que o próprio Megadeth regravou, “This Planet’s on Fire (Burn in Hell)”. O vocalista do Body Count e ator Ice-T também participou, gravando os vocais na faixa “Night Stalkers”. A filha de Mustaine, Electra, também gravou uma participação na música “Célebutante“.
A versão física (CD e vinil) traz doze faixas espalhadas nos 55 minutos de duração. A versão digital traz duas faixas bônus: “Police Truck“, do Dead Kennedys, além da já citada “This Planet’s on Fire (Burn in Hell)”. O hiato fez muito bem ao Megadeth, que traz canções muito boas aqui e em alguns momentos, resgata o Thrash Metal que fez a banda se tornar notável. “We’ll be Back“, “Life in Hell“, “Night Stalkers“, “Dogs of Chernobyl” e “Soldier On” são bons exemplos, onde temos riffs empolgantes, que não eram vistos desde o álbum “Endgame“. Mas também não podemos desconsiderar outras boas canções como “Sacrifice” ou “Mission to Mars“.
A recepção foi ótima, críticos não pouparam elogios ao álbum. A resenha no site Blabbermouth chega a afirmar que “The Sick, The Dying… And The Dead!” é facilmente o melhor álbum do Megadeth desde “Endgame” e provavelmente, o melhor desde “Countdown to Extinction“. Os riffs Thrash Metal caíram nas graças dos fãs da banda e tudo parecia que essa formação da banda seria feliz para sempre… Até que Kiko Loureiro anunciou sua saída da banda, no ano passado.
O álbum teve bela performance nos charts mundo afora: 1° na Finlândia, 2° na Polônia, Escócia, Austrália e Suíça, 3° no Reino Unido, e na badalada “Billboard 200”, 4° na Bélgica, 6° em Portugal, 8° na Espanha, Hungria e na Áustria, 9° na Noruega e na Suécia, 10° no Japão, 11° no Canadá, 12° na França, 15° na Itália, 18° na Grécia, 24°. A Nova Zelândia, 25° na Irlanda e 46° na República Tcheca. Até o momento, a banda não foi certificada pelas vendas do álbum e não há indícios de que isso venha a acontecer, muito em virtude da queda vertiginosa do consumo de mídia física.
Com James LoMenzo no baixo, a formação que não durou muito, caiu na estrada. O Megadeth chegou a fechar contrato para tocar na edição de 2022 do Rock in Rio, que aconteceu neste mesmo dia 2 de setembro, mas Dave Mustaine roeu a corda e anunciou uma turnê como banda de abertura do Five Finger Death Punch, em uma decisão que só o caminhão de dinheiro que a banda ganhou, pode explicar. O Megadeth fez uma única apresentação no Brasil este ano, como parte da turnê de “The Sick, The Dying… And The Dead!“, mas com o guitarrista Teemu Mäntysaari, que ocupa o lugar de Kiko Loureiro. O finlandês foi, inclusive, indicado e treinado pelo próprio “tesouro”. Mas antes de sair, Kiko dividiu o palco com Marty Friedman, que subiu ao palco com a banda em uma apresentação que se tornou histórica, no Budokan, Japão.
Kiko se foi, a turnê segue a todo vapor e o Megadeth vai seguindo sua vida. Enquanto aguardamos o novo álbum, vamos celebrar esse álbum que dá toda pinta de que vai envelhecer muito bem. Hoje é dia de escutar esse play no volume máximo, enquanto desejamos uma longa vida ao Megadeth.
The Sick, The Dying… And The Dead! – Megadeth
Data de lançamento – 02/09/2022
Gravadora – Universal Music
Faixas:
01 – The Sick, the Dying… and the Dead!
02 – Life in Hell
03 – Night Stalkers
04 – Dogs of Chernobyl
05 – Sacrifice
06 – Junkie
07 – Psychopathy
08 – Killing Time
09 – Soldier On
10 – Célebutante
11 – Mission to Mars
12 – We’ll Be Back
Formação:
Dave Mustaine – vocal/ guitarra
Kiko Loureiro – guitarra
Dirk Verbeuren – bateria
Participações especiais:
Steve DiGiorgio – baixo
Ice-T – vocal em “Night Stalkers”
Roger Lima – teclados
Eric Darken – percussão
Electra Mustaine – vocal adicional em “Célebutante”
Brandon Ray – vocal adicional
Luliia Tikhomirova – narração em “Dogs of Chernobyl”
Bill Elliot – vocal adicional em “Junkie”
John Clement – vocal adicional
The Marching Metal Bastards – vocal adicional em “Soldier On”
Maila Kaarina Rantanen – vocal adicional em “Mission to Mars”
Clint Underwood – vocal adicional em “Mission to Mars”
Sammy Hagar – vocal em “This Planet’s on Fire (Burn in Hell)”