Memory Remains

Memory Remains: Megadeth – 20 anos de “The System Has Failed”, o álbum solo de Mustaine lançado sob pressão

14 de setembro de 2024

Há 20 anos, em 14 de setembro de 2004, o Megadeth, na figura central de Dave Mustaine, retornava às atividades lançando “The System Has Failed“, o décimo álbum da banda, foi lançado um dia depois do aniversário do líder da banda e um dia antes do aniversário de “Endgame“, lançado em 2009. E claro, tema do nosso Memory Remains deste sábado.

Em 2002, Dave havia encerrado as atividades do Megadeth, devido a um problema no nervo de seu braço, que o deixou impossibilitado de tocar por algum tempo. Em entrevista da época, ele disse que chegou a ficar indignado com seus colegas que sugeriram “continuar a banda sem ele”. Então ele demitiu todos e o Megadeth ficou por um período em hiato, com seu retorno incerto. Para a nossa sorte, ele resolveu gravar um novo álbum e usou o nome Megadeth, por questões contratuais, já que a banda devia um álbum para a Sanctuary.

Dave Mustaine então contratou alguns músicos: Chris Poland, voltou a tocar em um álbum do Megadeth, o que não acontecia desde “Peace Sells… But Who’s Buying?” (1986). O baixista Jimmy Sloas e o baterista Vinnie Colaiuta também fizeram parte da equipe que gravou. Entretanto, o trabalho deles foi apenas de tocar, pois Dave Mustaine escreveu todas as letras e arranjos, que em um primeiro momento seria um álbum solo dele. Três estúdios foram utilizados para registrar o play: o Ocean Way e Emerard Enterteinament, ambos em Nashville e o Phase Four, em Tempe. O álbum foi gravado entre os dias 23 de outubro de 2003 e 9 de abril de 2004. Na produção estiveram Dave Mustaine e Jeff Balding.

No álbum, Mustaine expressa sua crítica ao sistema estadunidense, que segundo ele, remunera mal aos seus professores, e o sistema judiciário que permite com que os criminosos consigam sair muitas vezes impunes aos crimes cometidos por eles. Sob essa perspectiva, Mustaine entende que “o sistema falhou”, daí o título escolhido para o álbum. Seria uma sequência de críticas que ele faria, que teve ápice no álbum subsequente, “United Aboninations“, que inclusive sofreu críticas da própria ONU, entidade que foi alvo das críticas do líder do Megadeth.

O álbum traz doze faixas em pouco mais de 48 minutos. Longe de ser um dos álbuns mais memoráveis do Megadeth. Pelo menos os últimos dois álbuns não são os mais inspirados. Aqui já há um pequeno esboço do que voltaria a ser o Megadeth e algumas boas canções, como “Kick the Chair“, “Back in the Day” e “Blackmail the Universe“, que quase não são mais tocadas nas apresentações da banda. É um disco que além de ter feito a alegria dos fãs pelo retorno da banda, também deu a esperança de que a banda voltaria a trilhar o caminho do Thrash Metal, o que de fato acabou acontecendo.

O álbum teve uma participação relativamente modesta nos charts mundo afora: 10° no Canadá, 12° na Finlândia, 14° na Suécia, 18° na “Billboard 200”, 28° na França, 29° na Alemanha, 32° na Irlanda e nos Países Baixos, 34° na Noruega, 38° na Dinamarca, 40° na Itália, 43° na Áustria, 44° na Polônia, 51° na Escócia, 57° na Austrália e Suíça, 60° no Reino Unido e 89° na Bélgica. Números até razoáveis, tendo em vista que era a época dos downloads ilegais e a venda de discos caía vertiginosamente.

Para cair na estrada, Mustaine recrutou os irmãos Shawn e Glen Drover, além do baixista James MacDonough. Destes, Shawn foi quem mais tempo permaneceu na banda, saindo só em 2014. Glen ainda gravou o álbum seguinte e MacDonough ficou por dois anos apenas. Ainda assim, o Megadeth organizou o seu próprio festival, o Gigantour, que percorreu a América do Norte, juntamente com nomes como Nevermore, Anthrax, Fear Factory, Dream Theater e Overkill. O Megadeth estava oficialmente de volta, para felicidade geral dos fãs.

E a banda tem se mantido na ativa até os dias atuais. Infelizmente, sem o brasileiro Kiko Loureiro, que optou em sair para poder dedicar mais do seu tempo à sua família. Hoje é dia de celebrar os vinte anos deste play, enquanto aguardamos o sucessor do excelente “The Sick, The Dying… And The Dead!”. Já está na hora de o Megadeth nos brindar com um novo petardo.