Memory Remains

Memory Remains: Megadeth – 23 anos de “The World Needs a Hero” e a tentativa de resgate do Thrash Metal

15 de maio de 2024


O 15 de maio é uma data especial para o Megadeth, que tem dois álbuns lançados nesta presente data, separados por 6 anos. Um deles é “United Abominations”, mas o tema do nosso Memory Remains desta quarta-feira é “The World Needs a Hero“.

Era o nono disco da carreira da banda de Dave Mustaine. E havia muito em jogo aqui, após a repercussão mais que negativa de “Risk“, o disco anterior. A imagem da banda não chegou a ficar arranhada, mas os caras precisavam voltar aos trilhos. Nada melhor do que um disco para voltar às raízes, ou ao menos uma vaga lembrança e assim abrir o século 21 da melhor forma. Ainda assim, Mustaine define o álbum como “um navio perdido tentando encontrar seu rumo”.

Mas a situação parecia calamitosa, pois a clássica formação da banda, que viveu o seu apogeu entre os anos de 1989 e 1999, estava desfeita. O eterno guitarrista Marty Friedman havia deixado a banda e o baterista Nick Menza fora chutado pelo “boss” em uma polêmica que somente Dave Mustaine é capaz de protagonizar. Havia restado somente os membros fundadores, os “Daves“, Mustaine e Ellefson. Porém, o show não poderia parar, e a banda recrutou Al Pitrelli (ex- Savatage) para a guitarra e Jimmy DeGrasso para a bateria.

A bolacha foi lançada pela Sanctuary Records, era a estréia pelo novo selo, uma vez que a saída da Capitol não havia sido nada amistosa, vide o título do último trabalho sob contrato com os antigos parceiros: “Capitol Punishment… The Mgadeth Years” (Punição da Capitol… Os Anos do Megadeth, em tradução livre), que não passou de uma coletânea com os hits da banda e duas músicas inéditas, uma delas acabou entrando aqui, “Dread and Fugitive Mind”. Com Dave Mustaine digamos, cobrando o escanteio e correndo para a área para cabecear a bola, o dono da banda assumiu a produção do disco e todos foram para o “Recording Studios“, em Hollywood, por onde ficaram entre os meses de abril e dezembro de 2000.

Sobre o título do álbum, Mustaine explicou em entrevista que ele se referia aos destaques negativos dos noticiários da televisão, como guerras e catástrofes naturais, e que daí ele disse que o mundo precisava de um herói. A capa traz de volta a mascote Vic Rattlehead, que não dava as caras desde o álbum “Countdown to Extinction“, quando foi estampado na contracapa. Aqui no nosso aniversariante do dia, ele surge saindo de dentro do peito de Dave Mustaine, em um desenho assinado pelo artista Hugh Syme.

Para o álbum, Mustaine incluiu a faixa “Dread and Fugitive Mind“, que já havia sido lançada na coletânea “Capitol Punishment… The Megadeth Years“, e adicionou partes de músicas do Metallica, de sua época, claro, como no solo de “Return to Hangar“, que além de ser uma espécie de continuação da famosa faixa “Hangar 18“, ele colocou o solo da versão ao vivo de “Phantom Lord“, que está em um bootleg chamado “Metal up in Your Ass“. Já para a música “When”, Mustaine utilizou descaradamente os riffs da música “Am I Evil?“, que é do Diamond Head, mas ficou famosa na versão do Metallica. A parte acústica da mesma faixa foi tirada da música “The Call of Ktulu“, lançada no álbum “Ride the Lightning” e escrita por Mustaine.

Bolacha rolando, temos 12 faixas em 57 minutos, com alguns destaques: “Moto Psycho“, a bela “Promises” (única faixa que Mustaine dividiu a autoria da composição, com Al Pitrelli), “Losing my Senses” e as já citadas “Dread and Fugitive Mind” e “Return to Hangar“. A faixa “Silent Scorn“, que é uma vinheta, é utilizada nos shows da banda, sempre ao final da apresentação, depois que a banda toca a clássica “Holy Wars… The Punishment is Due“. “The World Needs a Hero” é um bom álbum, nada além disso, mas qualquer coisa que eles lançassem depois de “Risk” iria parecer a oitava maravilha do mundo moderno.

O álbum recebeu críticas mistas de diferentes veículos especializados, onde alguns diziam que a banda tentava resgatar o Thrash Metal, e outros criticavam, achando o álbum repetitivo. De Thrash Metal o álbum não tem quase nada, podemos afirmar que “The World Needs a Hero” é um álbum de Heavy Metal puro e simples. O público reagiu bem, à exceção foi a faixa “Promises“, para a qual os fãs desceram a lenha, da mesma forma que os fãs do Metallica criticaram a faixa “Fade to Black“…

O álbum teve algumas aparições nas paradas de sucesso pelo mundo: 16° na “Billboard 200“, 17° no Japão, 20° no Canadá, 23° na Finlândia, 24° na Itália, 28° na França, 32° na Polônia, 34° na Escócia, 36° na Alemanha, 39° na Suécia, 45° no Reino Unido, 59° na Áustria, 72° na Austrália, 80° nos Países Baixos e 94° na Suíça. Infelizmente não vendeu o suficiente para receber certificações.

Em 8 de junho de 2001, o Megadeth deu o pontapé inicial em sua turnê para divulgação do novo álbum, quando tocou na Inglaterra junto com o AC/DC, The Offspring e Queens of the Stone Age. Eles planejavam gravar uma apresentação na Argentina, mas os ataques terroristas de 11 de setembro inviabilizam os planos. Ainda assim, o Megadeth gravou dois shows nos Estados Unidos e em 2002, quando a banda havia interrompido suas atividades por conta da lesão no braço sofrida por Dave Mustaine, foi lançado o álbum ao vivo “Rude Awakening“.

Depois de dois anos de inatividade, o Megadeth voltou à atividade e segue até hoje fazendo a alegria dos fãs. A banda esteve no Brasil, depois de dar bolo nos fãs por duas vezes consecutivas, a primeira nem foi intencional, pois Mustaine estava com câncer e teve de cancelar sua participação na edição de 2019 do Rock in Rio, mas a segunda, em 2022, que também seria no Rock in Rio, foi pura trairagem do tio Musta. Mas a gente perdoa. Hoje é dia de celebrar esse play e de comemorar a existência do Megadeth entre nós.

The World Needs a Hero Megadeth

Data de lançamento – 15/05/2001

Gravadora – Sanctuary

 

Faixas:

01 – Disconnect

02 – The World Needs a Hero

03 – Moto Psycho

04 – 1000 Times Goodbye

05 – Burning Bridges

06 – Promises

07- Recipe for Hates… Warhouses

08 – Losing My Senses

09 – Mind Dread And Fugitive

10 – Silent Scorn

11 – Return to Hangar

12 – When

 

Formação:

Dave Mustaine guitarra vocal/

Dave Ellefson – baixo

Al Pitrelli – guitarra

Jimmy DeGrasso – bateria

 

Participações especiais:

Heater Keckler – vocal falado em “The World Needs a Hero” e “1000 Times Goodbye

Bob Findley – trompete

Chris Vrenna – percussão