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Memory Remains: Megadeth – 27 anos de “Youthanasia” e a inclusão de riffs pesados como jamais vistos

Memory Remains: Megadeth – 27 anos de “Youthanasia” e a inclusão de riffs pesados como jamais vistos

1 de novembro de 2021


Neste primeiro dia de novembro, quando se completa 4 anos da última apresentação do Megadeth na cidade do Rio de Janeiro, que este redator que vos escreve testemunhou, é comemorado também o aniversário de “Youthanasia“, o 6° álbum da banda de Dave Mustaine. O Memory Remains desta segunda-feira vai contar a história desse disco.

Falar sobre este álbum me traz emoções pessoais e como faço com alguns deles, fica impossível não compartilhar isso com o caro leitor. “Youthanasia” foi o primeiro disco do Megadeth que eu escutei. Isso se deu no ano de 1997, eu era estudante do último ano do ensino fundamental e ganhei este disco de um amigo que resolveu presentear “o amigo roqueiro”. Eu tinha um preconceito enorme com a banda de Dave Mustaine e falava que odiava a banda, sem ao menos escutar. Coisas de adolescente.

O Megadeth hoje certamente está no meu “The Big Four“, caso eu resolva criar uma lista com as quatro bandas que eu mais gosto, então quem me conhece, até estranha o fato de em meados dos anos 90 eu não ter tido muito apreço pela banda. Mas felizmente, o “Youthanasia” mudou esse panorama.

O curioso é que este não é um disco necessariamente Thrash Metal, que consagrou a banda nos quatro cantos do globo, mas ele certamente conta com alguns dos riffs mais pesados já compostos por Dave Mustaine. E sim, “Youthanasia” é um excelente disco. Não tão comercial quanto o antecessor “Countdown to Extinction” e nem tão rápido quanto “Rust in Peace“, porém, muito pesado, como nunca o Megadeth havia soado antes. Alguns dos riffs contidos no aniversariante do dia certamente estão entre os melhores já escritos pelo tio “Musta”. Eu coloco os riffs de “Reckonning Day” e “Train of Consequences“, entre elas.

Com produção de Max Norman e Dave Mustaine, era o segundo dos três álbuns que a dupla produziria. Gravado no “Phase Four Studios“, em Phoenix. A capa é em minha opinião a mais genial já criada por um artista. Mostra um varal que parece não ter fim e nele bebês dependurados de cabeça para baixo. E o título é uma sacada sensacional, onde há uma junção dos nomes “Youth” com “Euthanasia“. E Dave Mustaine explicou que pensou neste nome após ouvir falar de um médico chamado Jack Kervokian (conhecido médico por lutar pelo direito ao suicídio coletivo) e também o declínio do bem-estar dos jovens, a relação com drogas, violência e a falta da figura paterna.

Era o terceiro álbum da banda com a formação clássica, que ainda gravaria mais dois álbuns futuramente e aqui o quarteto tinha um desafio enorme pela frente: fazer um álbum tão bom e que superasse comercialmente “Countdown to Extinction“, lançado dois anos antes. Ele não é tão lembrado quanto o seu antecessor, mas tem o seu valor. Vamos colocar a pequena bolacha para rolar e bater um papo sobre as doze canções que estão presentes aqui.

As quatro primeiras músicas são estrondosas: “Reckoning Day” é pesada demais, um riff de guitarra que não é dos mais complexos, mas simplesmente maravilhoso. E a letra, Mustaine deveria estar com muita sede de vingança quando a escreveu. Seria ainda o sentimento de vingança contra o Metallica? “Train of Consequences” é outra bem pesada, com riffs bem mais intrincados e mais voltada para o Hard, onde Dave Mustaine flerta com melodias vocais, coisa que ele já havia tentado fazer e com sucesso, no álbum anterior. O solo desta música é maravilhoso.

Richard Avedon /Capitol Records

Addicted to Chaos” é uma música mais densa, igualmente pesada, sombria, mas bem melódica no seu refrão. Outra música que me impressionou. “A Tout Le Monde” foi a última das quatro músicas que me chamaram atenção na primeira audição. Também pudera, é a música de maior sucesso da banda, obrigatória nas apresentações. A letra, bem depressiva foi composta após uma tentativa de suicídio de Dave Mustaine. Anos mais tarde, em 2007, Mustaine regravaria essa mesma canção, com sutis mudanças nos arranjos e contando com a participação da bela e talentosa vocalista italiana Cristina Scabbia, do Lacuna Coil e que ficou igualmente maravilhosa.

Depois, começa a sequência que me conquistou com o tempo: “Elysian Fields” tem uma levada bem Hard Rock, sem abandonar o peso das guitarras, muito boa! “The Killing Road” é uma música com um andamento um pouco mais rápido, a mais Metal das faixas deste disco, mas atenção: aqui, rapidez nunca poderá ser comparado ao que foi mostrado ao mundo nos álbuns de “Rust in Peace” para trás. A música é muito boa e com um refrão que gruda na sua mente.

Blood of Heroes” é uma música mais densa, mas o timbre das guitarras segue o mesmo, agradando o ouvinte que preza pelo peso. Detalhe: uma das coisas que pessoalmente me chamam atenção em uma banda é o timbre da guitarra, um som limpo e isso o Megadeth dá de sobra. “Family Tree” é uma faixa onde a banda explora mais a melodia. Aqui tudo é certinho.

Chega a faixa título e essa é outra que se destaca pela complexidade da composição e os riffs bem intrincados. Para mim, certamente essa música figura entre as melhores de toda a carreira da banda. “I Thought I Knew it All” é mais uma na linha Hard Rock, onde as guitarras não abandonam o peso e melodia. E a cozinha também faz um excelente trabalho.

Black Curtains” começa com um riff bem pesado e a bateria do saudoso Nick Menza anunciando que o fim do disco está próximo. Uma música bem densa e pesada, como se mostra o álbum. Muito boa! E o final não poderia ser melhor: “Victory” é uma música incrível, em que Mustaine faz meio que uma retrospectiva da banda, e encaixando na história, os títulos das músicas de álbuns passados.

É um álbum um tanto quanto subestimado por alguns fãs, mas ele tem o seu valor. Não foi comercialmente tão bem sucedido quanto o seu antecessor, mas é querido por este redator e tenho certeza, por muitos que estão lendo estas linhas. É um álbum que você precisa escutar muitas vezes para compreendê-lo. E depois você vai escutar mais vezes por ter se apaixonado por ele, como eu.

Youthanasia” foi aclamado por crítica e público. No ano de 2014, a revista “Rolling Stone” elegeu o álbum na 29ª posição na lista dos “50 Álbuns Mais Icônicos que Definem 1994”. O disco foi certificado com Prata no Reino Unido, Ouro na Finlândia e na Argentina, e Platina no Canadá e nos Estados Unidos. Nos charts ao redor do mundo, chegou a 4ª posição na badalada “Billboard 200” e na Suécia, 6ª no Reino Unido, 9ª na Austrália, 10ª na Nova Zelândia, 11ª no Canadá e no Japão, 13ª na Alemanha e Escócia, 20ª na Holanda, 26º na Áustria, 30ª na Bélgica e 31ª na Suíça. Os singles “Train of Consequences” e “A Tout le Monde” ficaram bem cotados em diferentes categorias da “Billboard” e ocupando o Top 30.

A turnê de divulgação de “Youthanasia” teve início com 5 shows na América do Sul, ainda no mês de novembro de 1994 e em 1995, a banda caiu na estrada pela Europa e Estados Unidos, sendo acompanhadas de bandas como Korn, Flotsam & Jetsam e Fear Factory. Ainda em 1995, novo regresso à América do Sul, desta vez tocando no saudoso festival “Phillips Monsters of Rock“, no estádio do Pacaembu, na mesma noite que também tocaram Faith no More e Ozzy Osbourne.

A edição japonesa de “Youthanasia” tem quatro faixas bônus: uma versão demo para a faixa “Crown of Worms” e versões ao vivo para as músicas “Holy Wars… The Punishment Due“, “Symphony of Destruction” e “Swealting Bullets” e em 2004 quando se comemorou dez anos do lançamento do play, foi lançada uma nova versão, desta vez com 4 faixas inéditas e uma versão demo para o clássico “A Tout le Monde“.

Em 2014, a banda realizou uma turnê em que este álbum fora executado na íntegra, em comemoração aos 20 anos de seu lançamento. O Brasil foi agraciado com um show na cidade de São Paulo. Os trinta anos estão se aproximando e nós esperamos que desta vez mais cidades brasileiras sejam agraciadas com apresentações para celebrarmos esse maravilhoso play.

Então hoje é dia de escutarmos no volume máximo esse disco lindo, enquanto aguardamos o lançamento do novo play que foi adiado por diversas razões: câncer na garganta de Dave Mustaine, essa pandemia interminável. E também fiquemos na torcida para que possa rolar a apresentação da banda no Rock in Rio de 2022, pois a frustração foi geral pelo cancelamento perfeitamente justificável. Então longa vida ao Megadeth e que venham logo mais plays e mais shows, com o “tesouro” Kiko Loureiro arrebentando e enchendo o nosso Brasil de orgulho.

Youthanasia – Megadeth
Data de lançamento – 01/11/1994
Gravadora – Capitol

Faixas:
01 – Reckoning Day
02 – Train of Consequences
03 – Addicted to Chaos
04 – A Tout Le Monde
05 – Elysian Fields
06 – The Killing Road
07 – Blood of Heroes
08 – Family Tree
09 – Youthanasia
10 – I Thought I Knew it All
11 – Black Curtains
12 – Victory

Formação:
Dave Mustaine – Vocal/Guitarra
Dave Ellefson – Baixo
Marty Friedman – Guitarra
Nick Menza – Bateria