Memory Remains

Memory Remains: Megadeth – 28 anos de “Youthanasia”, o mais pesado dos álbuns da banda

Memory Remains: Megadeth – 28 anos de “Youthanasia”, o mais pesado dos álbuns da banda

1 de novembro de 2022


No primeiro dia de novembro do ano de 1994, o Megadeth lançava o seu sexto disco de estúdio: e hoje temos “Youthanasia” alcançando o seu 28º aniversário e que é tema do nosso Memory Remains desta terça-feira. Hoje também completa-se 5 anos da última apresentação da banda na cidade do Rio de Janeiro e este que vos escreve estava testemunhando a performance.

Falar sobre este álbum me traz emoções pessoais e como faço com alguns deles, fica impossível não compartilhar isso com o caro leitor. “Youthanasia” foi o primeiro disco do Megadeth que eu escutei. Isso se deu no ano de 1997, eu era estudante do último ano do ensino fundamental e ganhei este disco de um amigo que resolveu presentear “o amigo roqueiro”. Eu tinha um preconceito enorme com a banda de Dave Mustaine e falava que odiava a banda, sem ao menos escutar. Coisas de adolescente.

O Megadeth hoje certamente está no meu “The Big Four“, caso eu resolva criar uma lista com as quatro bandas que eu mais gosto, então quem me conhece, até estranha o fato de em meados dos anos 90 eu não ter tido muito apreço pela banda. Mas felizmente, o “Youthanasia” mudou esse panorama e me fez recorrer aos discos anteriores, mudando o status da banda de Dave Mustaine.

O curioso é que este não é um disco necessariamente Thrash Metal, que consagrou a banda nos quatro cantos do globo, mas ele certamente conta com alguns dos riffs mais pesados já compostos por Dave Mustaine. E sim, “Youthanasia” é um excelente disco. Não tão comercial quanto o antecessor “Countdown to Extinction” e nem tão rápido quanto “Rust in Peace“. A gente já sabe do problema criativo das bandas de Heavy Metal nos anos 1990, mas o Megadeth até que se saiu bem.

Com produção de Max Norman e Dave Mustaine, era o segundo dos três álbuns que a dupla produziria. Gravado no “Phase Four Studios“, em Phoenix. A capa é em minha opinião a mais genial já criada por um artista. Mostra um varal que parece não ter fim e nele bebês dependurados de cabeça para baixo. O título é uma sacada sensacional, onde há uma junção dos nomes “Youth” com “Euthanasia“. Mustaine explicou que pensou neste nome após ouvir falar de um médico chamado Jack Kervokian (conhecido médico por lutar pelo direito ao suicídio coletivo) e também o declínio do bem-estar dos jovens, a relação com drogas, violência e a falta da figura paterna.

Era o terceiro álbum da banda com a formação clássica, que ainda gravaria mais dois álbuns futuramente e aqui o quarteto tinha um desafio enorme pela frente: fazer um álbum tão bom e que superasse comercialmente “Countdown to Extinction“, lançado dois anos antes.

Eu estranhei “Youthanasia” quando eu o escutei pela primeira vez. Na época em que tive acesso a este disco, eu já começava a me familiarizar com o Heavy Metal, então era natural sentir essa estranheza, considerando o que eu costumava escutar à época, Grunge e Poppy Punk, mas algumas músicas já ficaram na minha cabeça logo de cara, as quais eu tenho um carinho todo especial até hoje.

Esse carinho segue vivo com as quatro primeiras músicas do play: “Reckoning Day” é pesada demais, um riff de guitarra que não é dos mais complexos, mas simplesmente maravilhoso. Quanto a letra, Mustaine deveria estar com muita sede de vingança quando a escreveu. Seria ainda o sentimento de vingança contra o Metallica?

Train of Consequences” é outra bem pesada, com riffs bem mais intrincados e mais voltada para o Hard, onde Dave Mustaine flerta com melodias vocais, coisa que ele já havia tentado fazer e com sucesso, no álbum anterior. O solo desta música é maravilhoso.

Addicted to Chaos” é uma música mais densa, igualmente pesada, sombria, mas bem melódica no seu refrão. Outra música que me impressionou. “A Tout Le Monde” foi a última das quatro músicas que me chamaram atenção na primeira audição. Também pudera, é a música de maior sucesso da banda, obrigatória nas apresentações. A letra, bem depressiva foi composta após uma tentativa de suicídio de Dave Mustaine.

Depois, começa a sequência que me conquistou com o tempo: “Elysian Fields” tem uma levada bem Hard Rock, sem abandonar o peso das guitarras, muito boa! “The Killing Road”é uma música com um andamento um pouco mais rápido, a mais Metal das faixas deste disco, mas atenção: aqui, rapidez nunca poderá ser comparado ao que foi mostrado ao mundo nos álbuns de “Rust in Peace” para trás. A música é muito boa e com um refrão que gruda na sua mente.

Blood of Heroes” é uma música mais densa, mas o timbre das guitarras segue o mesmo, agradando o ouvinte que preza pelo peso. Detalhe: uma das coisas que pessoalmente me chamam atenção em uma banda é o timbre da guitarra, um som limpo e isso o Megadeth tem de sobra. “Family Tree” é uma faixa onde a banda explora mais a melodia. Aqui tudo é certinho.

Chega a faixa título e essa é outra que se destaca pela complexidade da composição e os riffs bem intrincados. Para mim, certamente essa música figura entre as melhores de toda a carreira da banda “I Thought I Knew it All” é mais uma na linha Hard Rock, onde as guitarras não abandonam o peso e melodia. E a cozinha também faz um excelente trabalho.

Black Curtains” começa com um riff bem pesado e a bateria de Nick Menza anunciando que o fim do disco está próximo. Uma música bem densa e pesada, como se mostra o álbum. Muito boa! O final não poderia ser melhor: “Victory” é uma música incrível, em que Mustaine faz meio que uma retrospectiva da banda, e encaixando na história, os títulos das músicas de álbuns passados.

É um álbum um tanto quanto subestimado por alguns fãs, mas ele tem o seu valor. Não foi comercialmente tão bem sucedido quanto o seu antecessor, mas é querido por este redator e tenho certeza, por muitos que estão lendo estas linhas. É um álbum que você precisa escutar muitas vezes para compreendê-lo. E depois você vai escutar mais vezes por ter se apaixonado por ele, como eu.

Youthanasia” recebeu críticas favoráveis da imprensa especializada e foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido, Ouro na Finlândia e Platina no Canadá e Estados Unidos. Nos charts mundo afora, o disco alcançou a 4ª posição na “Billboard 200” e na Suécia, 6ª no Reino Unido, 9ª na Austrália, 10ª na Nova Zelândia; 11ª no Canadá e Japão, 13ª na Alemanha, 20ª na Holanda, 26ª na Áustria, 30ª na Bélgica e 32ª na Suíça. Os singles “Train of Consequences” e “A Tout le Monde” figuraram também nos charts. A primeira alcançou a 22ª posição no Reino Unido e a 29ª na “Billboard“, enquanto que a segunda alcançou a 31ª posição na mesma “Billboard“.

Além disso, o aniversariante do dia conseguiu três honrarias nos veículos da imprensa especializada: a “Guitar World” colocou o álbum entre os 50 icônicos discos que definiram 1994; a “Metal Hammer” classificou “Youthanasia” como o 8° melhor disco daquele ano de 1994 e a “Raw” também compilou uma lista dos melhores discos do ano, colocando “Youthanasia” em 17°. Não é pouco!

Em 2014, a banda realizou uma turnê em que este álbum fora executado na íntegra, em comemoração aos 20 anos de seu lançamento. O Brasil foi agraciado com um show na cidade de São Paulo. Curiosamente, nesta data completam três anos que a banda se apresentou pela última vez no Rio de Janeiro. Este redator que vos escreve estava presente e uma pena que a banda só tenha tocado o hit “A Tout le Monde”, mas valeu e muito a pena a apresentação.

Vamos celebrar mais um ano de vida deste álbum, que embora seja subestimado por muitos, ele é simplesmente maravilhoso e envelhece bem, obrigado. Felizmente o Megadeth segue na ativa, superado não só a pandemia, mas o câncer de Dave Mustaine, o que fez com que ele cancelasse a participação no Rock in Rio em 2019 e o mais novo álbum da banda, o excelente “The Sick, The Dying… And the Dead!” sofresse um atraso imenso, sendo lançado somente esse ano. A gente espera o vacilão do Mustaine se retratar de ter trocado o Rock in Rio desse ano, trazendo a banda para o Brasil e arrebentar com seus shows.

Youthanasia – Megadeth

Data de lançamento – 01/11/1994

Gravadora – Capitol 

 

Faixas:

01 – Reckonning Day

02 – Train of Consequences

03 – Addicted to Chaos

04 – A Tout le Monde

05 – Elysian Fields

06 – The Killing Road

07 – Blood of Heroes

08 – Family Tree

09 – Youthanasia

10 – I Thought I Knew it All

11 – Black Curtains

12 – Victory

 

Formação:

Dave Mistaine – Vocal/ Guitarra

Dave Ellefson – Baixo

Marty Friedman – Guitarra

Nick Menza – Bateria