Na presente data, o MEGADETH comemora os 30 anos do lançamento de seu mais aclamado álbum: “Rust in Peace“. O favorito de 12 em cada 10 fãs da banda. Um álbum bem curto, porém, direto e simplesmente perfeito.
Este redator que vos escreve considera o trintão como o melhor da década de 1990 e fora os discos do BLACK SABBATH, o melhor álbum já lançado por uma banda de Heavy Metal. E não foi fácil para a banda de Dave Mustaine, que entrava no estúdio pela primeira vez ao lado de Marty Friedman, David Ellefson (sim, este acompanha Mustaine desde os primórdios) e Nick Menza, naquela que ficaria conhecida como a “formação clássica” da banda.
O MEGADETH vinha de um excelente disco, “So Far, So Good…So What!” e precisava manter a pegada para seguir conquistando fãs mundo afora e, “vingar-se do METALLICA“, que era a promessa feita por Mustaine quando foi chutado da banda. Nem precisou se vingar, Musta!
Só que, por muito pouco, o guitarrista seria outra figura conhecida: Dimebag Darrel foi convidado por Dave Mustaine, que relembrou o fato, em entrevista à “Loudwire”:
“Eu chamei Darrell e perguntei se ele queria tocar conosco. Ele me respondeu que adoraria, porém, ele não queria se separar do irmão (Vinnie Paul). Perguntei então o que o irmão dele fazia, se ele era roadie, no que ele me respondeu que (ele) era seu baterista. Ai eu disse: que merda, eu acabei de contratar Nick Menza.”
A banda se reuniu no Rumbo Records, em Los Angeles, na companhia do produtor Mike Clink, que co-produziu a obra junto com Dave Mustaine. Max Norman, que produziria o disco sucessor, foi responsável pela mixagem. O dado curioso é que o guitarrista Chris Poland gravou as fitas demo com as músicas que fariam parte do aniversariante de hoje.
Disco gravado, banda na estrada, o que resultou no primeiro show do MEGADETH em terras tupiniquins, na segunda edição do Rock in Rio, no ano de 1991, no estádio do Maracanã. E colocando o disco para rodar, a gente percebe que se trata de uma obra prima.
“Holy Wars…The Punishment Due” já nasceu clássica: São quase 7 minutos em que Dave Mustaine de fato extraiu toda a sua capacidade de criação de riffs, que só seria superado pelo pai de todos eles, um tal de Tony Iommi. Mas bem, como estamos falando dos mortais, aqui a música é contagiante, com várias mudanças em seu andamento; A letra, que fala sobre o mal que a religião pode provocar, continua atual ainda nos dias de hoje. E a música, é OBRIGATÓRIA em todos os shows da banda, normalmente sendo a última a ser executada em seu set. Linda música. Considero a melhor música de Metal da história.
“Hangar 18” dá sequência à obra de arte com uma melodia simplesmente maravilhosa, ganhando mais punch em seu final e com solos simplesmente arrebatadores. A letra, escrita por Menza, trata de Conspirações extraterrestres e sobre a “Área 51”, uma base estadunidense que supostamente trabalha com OVNIS. Canção igualmente obrigatória nos shows e que ultimamente tem sido a que abre os concertos da banda.
Gene Kirkland/Capitol Records
Formação clássica em 1990.
“Take no Prisoners” Mantém a banda nas alturas e aqui quem manda são os riffs da dupla Mustaine e Friedman. Entrosamento perfeito, parecia que já eram parceiros há anos. A letra trata de prisioneiros de guerra. “Five Magics” já mostra a banda tirando um pouco o pé do acelerador, apostando em solos com melodias e riffs bem pesados, excelente música.
“Poison Was The Cure” começa com riffs bem intrincados, porém logo traz de volta a banda ao caminho da velocidade, uma música forte, aqui a banda toda se destaca, porém, eu ainda coloco o trampo de Nick Menza um pouco acima dos demais. “Lucretia” chega com sua melodia e dá um clima de calma ao disco. Não se trata de uma balada, mas uma música muito boa, mesmo contrastando com o restante das faixas, não daria para imaginá-la fora deste disco. Embora ela se pareça e muito com as músicas do sucessor “Countdown to Extinction“.
“Tornado of Souls“… O que dizer dessa música? Qualquer palavra que eu busque, não conseguirá explicar a magnitude dela, a força que ela tem ao vivo. Bom, vou lhes contar uma experiência que vivi no dia 1 de novembro de 2017, quando estive em um show do MEGADETH, no “Vivo Rio”, na capital fluminense: estava eu e mais dois amigos, um deles não é muito de curtir moshpit, mas o outro é meu parceiro neste tipo de coisa. E estávamos nós, apertados no meio da multidão que acompanhava o show, parecia que a banda tocava em um ônibus lotado na hora do rush, porém, quando Mustaine e Kiko Loureiro puxaram os riffs iniciais desta música, eu olhei para esse brother e o olhar nem precisou de palavras: antes que Mustaine abrisse a boca para cantar “This morning i made the call“, estávamos lá no mosh, nos esbaldando. Menza aqui ainda conseguiu ter uma melhor performance, seu ponto alto.
“Dawn Patrol” chega para anunciar o final do disco. Eu não sou muito chegado nesta música, que não é tão curta para ser chamada de vinheta, mas que serve como ponte para a música que de fato vem para fechar de forma apoteótica o disco: “Rust in Peace…Polaris“, que começa com a bateria maravilhosa de Menza, que depois passa a bola para que Mustaine e Friedman continuem o trampo magnífico, em conjunto. Os bumbos duplos em harmonia com os riffs poderosos desta música a transformam em uma verdadeira obra de arte do metal. Uma pena que a banda não costuma tocá-la ao vivo.
Com apenas 40 minutos de música pesada, o MEGADETH estourou de vez na cena, tornando-se uma das bandas do “The Big 4“, ao lado de METALLICA, SLAYER e ANTHRAX. Em 1994, a banda recebeu disco de platina e em 1991 e 1992, “Rust in Peace” foi indicado ao Grammy como a melhor performance de metal, além de ter sido incluído no livro dos 1001 álbuns que você precisa ouvir antes de morrer.
Em 2010, o MEGADETH comemorou os 20 anos desta obra tocando ao vivo o disco na íntegra, o que rendeu até um CD/DVD ao vivo chamado “Rust In Peace Live“. O disco é tão bom que ele merece ser tocado na íntegra todos os seus aniversários. Um disco atual, ainda que tenha acabado de completar 30 anos, indispensável na discografia dos fãs de metal e que merece toda nossa celebração, mesmo que o redator esteja fazendo-a com pouco mais de 24 horas de atraso. Desejamos uma longa vida ao MEGADETH e que a banda ressurja ainda melhor depois da cura do câncer de Mustaine e principalmente, depois que todo esse terror chamado Covid-19 acabe.
Rust in Peace – Megadeth
Data de lançamento – 24/09/1990
Gravadora: Capitol
Formação:
Dave Mustaine: Vocal/Guitarra
David Ellefson: baixo
Marty Friedman: Guitarra
Nick Menza: Bateria
Faixas:
01 – Holy Wars…The Punishment Due
02 – Hangar 18
03 – Take no Prisoners
04 – Five Magics
05 – Poison Was no Cure
06 – Lucretia
07 – Tornado of Souls
08 – Dawn Patrol
09 – Rust in Peace… Polari