Memory Remains

Memory Remains: Megadeth – 7 anos de “Dystopia” e a estreia de ouro de Kiko Loureiro

Memory Remains: Megadeth – 7 anos de “Dystopia” e a estreia de ouro de Kiko Loureiro

22 de janeiro de 2023


Há três dias atrás, celebramos o aniversário de um dos discos clássicos do Megadeth, “So Far, So Good… So What!”. Hoje comemoramos o sétimo aniversário de “Dystopia“, o álbum de número 15 do Megadeth, lançado em 22 de janeiro de 2016 e que é assunto do nosso Memory Remains deste domingo.

Dystopia” é um marco na carreira da banda de Dave Mustaine. O Megadeth havia sofrido duas baixas: o excelente guitarrista Chris Broderick e o baterista Shawn Drover abandonaram o barco. Eles estavam devendo um material de qualidade desde “Endgame” (2009) e era a hora de o frontman agir. Todos aguardavam com ansiedade pelos novos nomes que seriam anunciados para os postos de baterista e também da segunda guitarra.

O primeiro passo foi recrutar Kiko Loureiro, um dos fundadores do Angra e que deixou a banda depois de tantos anos. E depois um outro reforço de peso, mesmo que por empréstimo: Chris Adler, que na época estava no Lamb of God, fora convocado para gravar a bateria. E havia também sido convidado para assumir de vez o posto, que ele acabou rejeitando, mas concordou em fazer algumas apresentações com a banda de Dave Mustaine.

Além da expectativa acerca dos dois novos nomes de peso, havia também muito suspense sobre o que se esperar em termos de sonoridade do Megadeth, uma vez que os dois últimos álbuns, “Th1rt3en” e “Super Collder” não foram tão bem recebidos, muito em virtude de serem de fato, dois discos de pouca inspiração, sobretudo porque a banda vinha de dois petardos, que são “United Abominations” e “Endgame“. O otimismo era unânime, pois um álbum que seria gravado por Dave Mustaine, Kiko Loureiro, Dave Ellefson e Chris Adler não tinha como dar errado. E de fato, não deu.

Mas antes das mudanças no lineup, um acontecimento abateu seriamente Dave Mustaine: a morte de Jeff Hanneman, guitarrista do Slayer. Isso o fez refletir sobre a mortalidade e isso gerou uma discussão entre ele e o restante da banda pela continuação. Felizmente, o tio Musta optou em continuar com sua banda. Ainda que ele tenha passado por maus bocados pouco antes dessa maldita pandemia.

Então a banda se reuniu em dois estúdios, entre os meses de abril e maio de 2015: “Latitude South Studios“, no estado do Tennessee e no “Southern Ground“, em Nashville. A mixagem foi feita no “NRG“, a Califórnia e a masterização foi feita em Nova Iorque, no estúdio “Sterling Sound“. A produção foi assinada por Dave Mustaine, juntamente com Chris Rakestraw e Jeff Balding. Vamos agora sem delongas colocar a bolacha para rolar e destrinchar as onze faixas do aniversariante de hoje:

The Threat is Real” já traz riffs marcantes em sua abertura apoteótica, que faz o ouvinte sentir prazer em escutar a música do Megadeth. Isso não acontecia há algum tempo e aí estamos falando de dois discos lançados entre eles e que mostrava uma banda cansada e sem nenhum tipo de tesão pela música. E a faixa de abertura é sensacional, a entrada de Kiko Loureiro fazia muito bem, embora Chris Broderick seja outro monstro das seis cordas.

A faixa título embora não seja tão pesada quanto a anterior, é mais melódica, além de sensacional e divertida. É a parceria de Dave Mustaine com Kiko Loureiro dando liga e tentando repetir o que foi quando a vaga era ocupada por Marty Friedman. E os solos desta música são carregados de energia e feeling.

Fatal Illusion” é a minha favorita deste disco, a começar pelo show que Dave Ellefson dá na introdução. Na parte final que ganha peso, velocidade e a palhetada come solta. Antes, a música é carregada de groove e bons riffs. “Death From Within” é carregada dos riffs típicos do Megadeth e embora não seja uma música rápida é pesada na medida certa. Ainda que ela tenha um pouco do clima do álbum anterior, é excelente.

Bullet to the Brain” tem riffs excelentes, uma das minhas favoritas deste play, enquanto “Post American World” é uma música que nos remete ao disco “Youthanasia“, com seus riffs precisos e muito peso. O refrão torna a música radiofônica. E os solos de Kiko sempre precisos.

Poisenous Shadows” é carregada de uma atmosfera sombria, uma música densa e pesada na mesma intensidade. E sua introdução tem um solo que beira a perfeição. Aqui temos a melhor performance de Chris Adler em sua breve passagem pela banda. Em “Conquer or Die” temos um show de Kiko Loureiro na viola, explorando suas influencias da música clássica e incorporando-as no Megadeth, em experiência jamais vivida pela banda anteriormente. É uma música carregada de feeling, em que o peso se faz presente.

Lying in State” traz o Megadeth tocando um Thrash Metal moderno e a pegada de Kiko Loureiro em seus solos dando a perfeição que a música precisa. Esta música ganhou um videoclipe, gravado em um cemitério em São Paulo. “The Emperor” é uma música que flerta com o Hard Rock, divertidíssima, interessante.

Last Dying Wish” nos lembra a fase do “United Abominations” com muito peso e punch, e a versão de “Foreign Police“, do Fear fecha um disco simplesmente estupendo, onde temos de volta a força do Megadeth.

Assim temos um belíssimo disco em pouco mais de 46 minutos, em que a banda rompe com a monotonia dos dois discos anteriores. A entrada de Kiko Loureiro caiu muito bem e Chris Adler ainda permaneceu algum tempo na banda, mas acabou optando pelo Lamb of God, mas pouco tempo depois foi dispensado. Se não tivesse sido fiel aos ex-companheiros de Richmond, Virginia, estaria no Megadeth até hoje. Ele indicou o também excelente Dirk Verbeuren, que tocou no Soilwork e também gravou a bateria no primeiro álbum solo de Warrel Dane,Praises to the War Machine” (2008). Lembrando que foi o próprio Adler quem indicou o nome de Verbeuren para ficar em seu lugar.

Dystopia” estreou em 3º lugar na “Billboard 200“, quando  superou “Youthanasia” que ficou em 4º na ocasião; Vendeu 49 mil cópias na semana de seu lançamento. A faixa título foi a vencedora do “Grammy Awards” de 2017, na categoria “Best Metal Performance“. O álbum alcançou o topo na categoria Top Rock Albuns, da “Billboard“; O 3º lugar também se repetiu na Argentina, Canadá e Finlândia; O nosso Brasil que só vende música ruim, mostrou que tem potencial, muito pela estréia do “tesouro” Kiko Loureiro e colocou o álbum em 4º lugar, a mesma colocação obtida no México; Na República Tcheca, o álbum chegou ao 5º lugar; 6º lugar na Austrália, Nova Zelândia e na Escócia; 7º na Suíça, 8º na Polônia, 10º na Alemanha. 11º no Reino Unido.

E sem falar no orgulho que nós brasileiros (N. do R: sem querer ser ufanista, deixemos isso para aquele grupo que recentemente atentou contra a democracia e alguns se deram mal, estão presos assim como em breve o ex-presidente também será bem recebido no presídio da Papuda) em ter um dos maiores guitarristas de nosso país fazendo parte de uma das maiores bandas de Thrash Metal de todos os tempos. De pensar que Pepeu Gomes teve a mesma oportunidade,foi convocado por Dave Mustaine anos atrás, mas recusou. Kiko Loureiro não deixou passar. Ele sabia que uma oportunidade dessas não bateria a sua porta duas vezes.

Pois bem, a banda saiu em turnê naquele mesmo ano e as impressões foram as melhores. O Megadeth passou pelo Brasil naquele ano de 2016 e somente a cidade do Rio de Janeiro não pôde testemunhar aquela tour, pois a cidade estava sediando os Jogos Olímpicos e optou por deixar a cidade maravilhosa de fora. A mesma cidade que abrigou a banda de Dave Musraine pela primeira vez em terras brasileiras, durante o Rock in Rio de 1991.

Esse acabou sendo o último registro de estúdio com o baixista Dave Ellefson. Ele ficou na banda até o ano passado, quando vazou um vídeo seu com indícios da prática de pedofilia virtual. Pegou mal a atitude dele, sua situação na banda ficou insustentável e ele foi dispensado. Quem está de volta é James LoMenzo. Ele havia feito parte da banda entre 2006 e 2010, quando saiu para o que Dave Ellefson retornasse e agora está novamente no lugar que foi do baixista original.

Bem, hoje é dia de celebrar esse discaço, de preferência no volume máximo. Felizmente, o Megadeth passou sem sustos pela pandemia e Dave Mustaine se recuperou do câncer na garganta que o impediu de tocar no Rock in Rio de 2019. Ano passado eles tocariam no Rock in Rio, mas Mustaine preferiu fazer uma turnê com o Five Finger Death Punch. Nossa expectativa é que eles possam voltar ao Brasil em breve para que possamos testemunhar a turnê do mais novo álbum da banda, o excelente “The Sick, The Dying… And The Dead!“, que mantém a banda entre as melhores do Thrash Metal atual.

Dystopia – Megadeth

Data de lançamento: 22/01/2016

Gravadora: Tradecraft

 

Faixas:

01 – The Threat is Real

02 – Dystopia

03 – Fatal Illusion

04 – Death From Within

05 – Bullet to the Brain

06 – Post American World

07 – Poisenous Shadows

08 – Conquer or Die

09 – Lying in State

10 – The Emperor

11 – Foreign Policy

 

Formação:

Dave Mustaine – Vocal/Guitarra

Dave Ellefson – Baixo

Kiko Loureiro – Guitarra

Chris Adler – Bateria