Há 8 anos, em 22 de janeiro de 2016, o Megadeth lançava Dystopia, o álbum de número 15 do Megadeth, e que é assunto do nosso Memory Remains desta segunda-feira.
“Dystopia” é um marco na carreira da banda de Dave Mustaine. A banda havia sofrido duas baixas: o excelente guitarrista Chris Broderick e o baterista Shawn Drover abandonaram o barco. Eles estavam devendo um material de qualidade desde “Endgame” (2009) e era a hora de o frontman agir. Todos aguardavam com ansiedade pelos novos nomes que seriam anunciados para os postos de baterista e também da segunda guitarra;
O primeiro passo foi recrutar Kiko Loureiro, um dos fundadores do Angra e que deixou a banda depois de tantos anos. E depois um outro reforço de peso, mesmo que por empréstimo: Chris Adler, que na época estava no Lamb of God, fora convocado para gravar a bateria. E havia também sido convidado para assumir de vez o posto, que ele acabou rejeitando, mas concordou em fazer algumas apresentações com a banda de Dave Mustaine.
Além da expectativa acerca dos dois novos nomes de peso, havia também muito suspense sobre o que se esperar em termos de sonoridade do Megadeth, uma vez que os dois últimos álbuns, “Th1rt3en” e “Super Collder” não foram tão bem recebidos, muito em virtude de serem de fato, dois discos de pouca inspiração, sobretudo porque a banda vinha de dois petardos, que são “United Abominations” e “Endgame“. O otimismo era unânime, pois um álbum que seria gravado por Dave Mustaine, Kiko Loureiro, Dave Ellefson e Chris Adler não tinha como dar errado. E de fato, não deu.
Mas antes das mudanças no lineup, um acontecimento abateu seriamente Dave Mustaine: a morte de Jeff Hanneman, guitarrista do Slayer. Isso o fez refletir sobre a mortalidade e isso gerou uma discussão entre ele e o restante da banda pela continuação. Felizmente, o tio Musta optou em continuar com sua banda. Ainda que ele tenha passado por maus bocados pouco antes dessa maldita pandemia, que ainda não terminou.
Então a banda se reuniu em dois estúdios, entre os meses de abril e maio de 2015: “Latitude South Studios“, no estado do Tennessee e no “Southern Ground“, em Nashville. A mixagem foi feita no “NRG”, a Califórnia e a masterização foi feita em Nova Iorque, no estúdio “Sterling Sound “. A produção foi assinada por Dave Mustaine, juntamente com Chris Rakestraw e Jeff Balding.
Bolacha rolando, temos onze faixas espalhadas nos 46 minutos de extensão, e finalmente, temos um disco à altura do Megadeth depois de algum tempo, já que os dois álbuns anteriores são muito fracos e não representam o poderio sonoro que Dave Mustaine sempre teve ao longo de sua carreira. “The Threat is Real“, “Fatal Illusion“, “Bullet to the Brain“, “Post American World” e “Poisenous Shadows” são os grandes destaques deste play. O Megadeth estava devendo um bom disco desde o excelente “Endgame”
A entrada de Kiko Loureiro caiu muito bem e Chris Adler ainda permaneceu algum tempo na banda, mas acabou optando pelo Lamb of God, acabando por ser dispensado desta anos depois. Se não tivesse sido fiel aos ex-companheiros de Richmond, Virginia, estaria no Megadeth até hoje. Ele indicou o também excelente Dirk Verbeuren, que tocou no Soilwork e também gravou a bateria no primeiro álbum solo de Warrel Dane, “Praises to the War Machine” (2008). Lembrando que foi o próprio Adler quem indicou o nome de Verbeuren para ficar em seu lugar.
“Dystopia” estreou em 3º lugar na “Billboard 200“, superou “Youthanasia” que ficou em 4º na ocasião; Vendeu 49 mil cópias na semana de seu lançamento. A faixa título foi a vencedora do “Grammy Awards” de 2017, na categoria “Best Metal Performance“. O álbum alcançou o topo na categoria Top Rock Albuns, da “Billboard”; O 3º lugar também se repetiu na Argentina, Canadá e Finlândia; O nosso Brasil que só vende música ruim, mostrou que tem potencial, muito pela estréia do “tesouro” Kiko Loureiro e colocou o álbum em 4º lugar, a mesma colocação obtida no México; Na República Tcheca, o álbum chegou ao 5º lugar; 6º lugar na Austrália, Nova Zelândia e na Escócia; 7º na Suíça, 8º na Polônia, 10º na Alemanha. 11º no Reino Unido.
E sem falar no orgulho que nós brasileiros (N. do R: sem querer ser ufanista, deixemos isso para aquele grupo que apoia aquele que está inelegível até 2030, que em breve será esquecido para sempre, por todo o desserviço prestado à nação) em ter um dos maiores guitarristas de nosso país fazendo parte de uma das maiores bandas de Thrash Metal de todos os tempos. De pensar que Pepeu Gomes teve a mesma oportunidade,foi convocado por Dave Mustaine anos atrás, mas recusou. Kiko Loureiro não deixou passar. Infelizmente ele deixou a banda no ano passado, alegando razões familiares, mas já escreveu seu nome entre os gigantes do Heavy Metal.
Pois bem, a banda saiu em turnê naquele mesmo ano e as impressões foram as melhores. O Megadeth passou pelo Brasil naquele ano de 2016 e somente a cidade do Rio de Janeiro não pôde testemunhar aquela tour, pois a cidade estava sediando os Jogos Olímpicos e optou por deixar a cidade maravilhosa de fora. A mesma cidade que abrigou a banda de Dave Mustaine pela primeira vez em terras brasileiras, durante o Rock in Rio de 1991.
Esse acabou sendo o último registro de estúdio com o baixista Dave Ellefson. Ele ficou na banda até o início das gravações do último álbum “The Sick, The Dying… And the Dead“, quando vazou um vídeo seu com indícios da prática de pedofilia virtual. Pegou mal a atitude dele e sua situação na banda ficou insustentável e ele foi dispensado. As partes de baixo gravadas por ele foram desprezadas, Steve DiGiorgio foi contratado para regravar tudo e hoje quem ocupa a vaga é James LoMenzo, que já havia feito parte do grupo entre os anos de 2006 e 2010.
Bem, hoje é dia de celebrar esse discaço, de preferência no volume máximo. Felizmente, o Megadeth passou sem sustos pela pandemia e Dave Mustaine se recuperou do câncer na garganta que o impediu de tocar no Rock in Rio de 2019. Em 2022 eles tocariam no Rock in Rio, mas Mustaine preferiu fazer uma turnê com o Five Finger Death Punch. Nossa expectativa é que eles possam confirmar a passagem pelo Brasil no mês de abril e não cancelem novamente, eles já cancelaram o show do Uruguai, marcado para o mesmo período. Os fãs brasileiros não merecem tomar mais esse bolo, abra o olho, Mustaine. Aqui residem alguns dos fãs mais insanos do Megadeth.
Dystopia – Megadeth
Data de lançamento: 22/01/2016
Gravadora: Tradecraft
Faixas:
01 – The Threat is Real
02 – Dystopia
03 – Fatal Illusion
04 – Death From Within
05 – Bullet to the Brain
06 – Post American World
07 – Poisenous Shadows
08 – Conquer or Die
09 – Lying in State
10 – The Emperor
11 – Foreign Policy
Formação:
Dave Mustaine – vocal/ guitarra
Dave Ellefson – baixo
KikoLoureiro – guitarra
Chris Adler – bateria