Memory Remains

Memory Remains: Metal Church – 25 anos de “Masterpeace” e a frustrada reunião da formação original

22 de julho de 2024

Há 25 anos, em 22 de julho de 1999, o Metal Church retornava às atividades após 3 anos de separação e lançava “Masterpeace“, o sexto álbum da banda de Seattle e tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.

Em 1998, os membros originais se reuniram no começaram a escrever o que viria a se tornar o aniversariante do dia. No entanto, o guitarrista Craig Wells teve contratempos familiares e se viu obrigado a abandonar a banda, sendo prontamente substituído por John Marshall. E apesar de marcar o retorno de praticamente toda a formação original, “Masterpeace” representou o último álbum de David Wayne, John Marshall e Duke Erickson pelo Metal Church.

David Wayne retornou à banda dez após sua saída, em 1988. Ele havia gravado os dois primeiros álbuns do Metal Church e este foi seu penúltimo registro em vida. Em 2001, ele saiu definitivamente da banda, montou seu projeto paralelo com o seu ex-comoanheiro Craig Wells, e no mesmo ano gravou um álbum, chamado “Metal Church“. David Wayne nos deixou em 2005 após ser vítima de um acidente de carro, aos 47 anos. E Kurdt Vanderhoorf falou que a experiência de se juntar mais uma vez ao icônico vocalista não foi boa.

“Bem, David Wayne não conseguia mais cantar — ele estava ferrado com drogas; medicamentos prescritos, porque isso é ‘diferente.”

Apesar de creditar o também saudoso baterista Kirk Arrington, ele não tocou de fato seu instrumento nas gravações deste álbum nem tampouco participou da turnê. Quem executou a função nestes dois períodos foi o baterista Jeff Wade. Kirk ficou na banda até o ano de 2006 e nos deixou no mês de maio do ano passado. As causas de seu falecimento não foram divulgadas, mas era de conhecimento de todos que ele sofria de diabetes. Kurdt Vanderhoorf certa vez falou sobre como foi a relação com o baterista neste período. Aspas para ele:

“Foi divertido tocar com John Marshall, mas Kirk não pôde por causa de sua saúde, e foi quando tive que cortar relações com Kirk. Ele não tocou, e ele mal tocou no disco, e levou uma eternidade para terminar isso. Simplesmente não funcionou. Foi uma sensação horrível. Fizemos uma turnê e foi horrível. Ainda estamos nos recuperando disso agora.” Ele então acrescenta, “Literalmente, ‘Masterpeace’, essa era foi quando eu decidi que nunca, nunca mais faria isso.”

Para gravar o álbum do retorno da formação original, todos foram para o English Channel Studio, localizado na cidade de Olympia, no estado de Washington, por onde ficaram entre o final do ano de 1998 e o início de 1999. Mark Greer e Kurdt Vanderhoorf assinam a produção do álbum que, nos Estados Unidos foi lançado pela Nuclear Blast e na Europa saiu pela SPV/ Steamhammer.

A capa trazia novamente a imagem da guitarra Gibson Explorer em um formato de crucifixo, o que não acontecia desde o álbum de estreia. A arte é de autoria do artista Eric Peacock, que um ano antes já havia trabalhado na arte do álbum “Live“, que apresentava a reunião da formação original da banda. E anos mais tarde, Peacock trabalhou também em capas do Iron Maiden e de Rob Halford.

Bolacha rolando, temos onze canções em 54 minutos, sendo uma delas instrumental, justamente a faixa-título e um cover, onde o Metal Church resolveu homenagear o Aerosmith, com a clássica “Toys in the Attic“. “Masterpeace” não chega a ser um álbum ruim, mas destoa de praticamente tudo que a banda fez ao longo de sua carreira. A produção é boa, mas sentimos que falta aquela liga, faltam aqueles riffs Thrash Metal com os quais a banda flertou quase sempre. E a decisão de reunir a banda não foi boa, como o próprio Kurdt Vanderhoorf afirmaria, anos mais tarde:

” ‘Masterpeace’, que eu gosto de chamar de ‘Disasterpeace’. A coisa toda foi uma ótima ideia, mas quando tentamos juntar tudo, simplesmente não funcionou. Fomos forçados a fazer algumas coisas, e, eu juro, quando tocamos no Wacken com David Wayne, a coisa toda desmoronou com todos os membros originais. Eles literalmente nos forçaram a fazer isso, e eu estava dizendo ao empresário e à gravadora, ‘Olha, essa é uma péssima, péssima ideia.’ Nós tocamos, e fomos péssimos — quero dizer, foi horrível. Eu estava, tipo, ‘Foda-se. Eu te disse, e eu te avisei que isso é ruim.'”

O álbum não é um desastre por completo e dá para salvar algumas passagens, como “Sleeps With Thunder“, que abre o play, “Lb. of Cure“, “All Your Sorrows” e a versão para a música do Aerosmith também ficou muito boa. Mas nenhuma música conseguiu resistir ao tempo, e a banda nem lembra delas nas apresentações mais recentes, que ficam restritas aos três primeiros álbuns, o auto-intitulado, “The Dark” e “Blessed in Disguise“, além do trabalho mais recente, “Congregation of Annihilation“, lançado ano passado.

Apesar de tudo, a banda seguiu em atividade até o ano de 2009 e depois retornou em 2012, se mantendo até os dias de hoje, tendo somente Kurdt Vanderhoorf como membro fundador e superando algumas tragédias que envolveram os membros e ex-membros, como os já citados David Wayne e Kirk Arrington e também o vocalista Mike Howe, que substituiu Wayne quando este saiu pela primeira vez da banda e era o vocalista até lamentavelmente cometer suicídio no ano de 2021, obrigando Vanderhoorf a colocar um novo vocalista.

Por mais que seja um álbum um tanto quanto apagado, é parte da história importante que o Metal Church ainda está escrevendo no Heavy Metal e que merece ser lembrado. São 25 anos do álbum que mostrou que erros podem ser cometidos, pois somos humanos, mas mostrou também que há a possibilidade de consertar o erro. Um álbum que pode ser utilizado como lição de vida. Hoje é dia de celebrar esse álbum enquanto comemoramos a continuidade da banda e da persistência de seu líder, Kurdt Vanderhoorf. Longa vida ao Metal Church.