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Memory Remains: Metal Church – 32 anos de “Blessing in Disguise” e a inclusão de elementos progressivos na sonoridade

Memory Remains: Metal Church – 32 anos de “Blessing in Disguise” e a inclusão de elementos progressivos na sonoridade

7 de fevereiro de 2022


Em 7 de fevereiro do já longínquo ano de 1989, o Metal Church lançava “Blessing in Disguise“, o álbum de número três de uma das maiores bandas de Heavy Metal de Seattle, muitas vezes lembrada somente pela cena Grunge, mas que também é celeiro de ótimos grupos de Metal. O Memory Remains desta segunda-feira vai tratar desse play.

O álbum tem alguns fatos marcantes: é o primeiro álbum sem o saudoso vocalista David Wayne e o guitarrista Kurdt Vanderhoof, que foram substituídos por Mike Howe e John Marshall, respectivamente; também é o último álbum da banda com a Elektra, selo que lançou os outros dois primeiros álbuns. Ainda sobre Kuirdt Vandeerhoof, há a participação deste nas gravações.

Para a produção, o quinteto recrutou novamente o renomado Terry Date, que havia trabalhado no disco de estreia, lançado cinco anos antes. No aniversariante do dia, a banda resolveu incluir outros elementos, como partes mais progressivas, apesar de que ainda é possível encontrar partes Thrash e Power Metal, como nos dois discos anteriores.

Assim sendo, banda e produtor adentraram no “Kajem Victory Recording“, no estado da Philadelphia, onde ficaram entre os dias 29 de agosto e 4 de outubro de 1988. Foi também o último trabalho da banda a ser produzido por Terry Date. A curiosidade acerca do título do play é que esse seria o nome do álbum do Flotsam & Jetsam, à época, ambas as bandas pertenciam ao mesmo selo. Mas a banda de Phoenix optou por utilizar o título “No Place for Disgrace” para o seu segundo álbum. Vamos lá destrinchar as nove faixas presentes aqui.

Fake Healer” abre o play e nos apresenta uma faixa Hard/Heavy, com muito peso, destacando se os agudos potentes do saudoso vocalista Mike Howe. A faixa número dois, “Rest in Peaces ()” , com seus mais de seis minutos de extensão, tem uma pegada mais Prog em grande parte do tempo, mas ali pelo meio a coisa descamba para o Power Metal, fazendo com que a música cresça, ganhando em empolgação.

Of Unsond Mind” é a faixa número três e nos traz um Heavy Metal cheio de energia, característico dos anos 1980. A música é relativamente rápida e é um desafio aos nossos pescoços. “Anthem to the Stranged” abre a sequência de músicas extensas e essa é a maior delas, com seus 9 minutos, sendo que quase dois deles são apenas compostos pela voz de Mike Howe, acompanhados por belas melodias de violão. A música se desenvolve e tende ao Prog Metal e trazendo consigo um clima bem atmosférico. Volta e meia o violão retorna o protagonismo e com essas mudanças a música se encaminha ao final e deixa uma impressão muito boa.

Hora de virar a grande bolacha, caso você esteja no vinil e temos a segunda parte da trilogia das canções enormes deste play, “Badlands” e seus mais de sete minutos e é um mix de elementos, ora algo que flerta com o Pop, ora algo mais Glam e tem até espaço para riffs pesados. A faixa ganhou um videoclipe, que o leitor pode conferir no topo desta matéria. “The Spell Can’t be” chega logo a seguir e o ouvinte desavisado pode achar que o Judas Priest se mudou para Seattle, pois essa música mostra onde o quinteto foi se inspirar; na NWOBHM, mais especificamente na banda de Rob Halford. A música é empolgante e os riffs são mortais. Ela encerra a sequência de três canções bem extensas.

It’s a Secret” flerta de maneira intensa com o Thrash Metal, sobretudo pelos riffs intrincados. É a faixa que mais me chama a atenção no play, e curiosamente, a única instrumental. Destaque também para a bateria nervosa de Kirk Arrington. “Cannot Tell a Lie” é um baita Power Metal que vai intercalando passagens mais rápidas com outras mais cadenciadas, sempre prezando pela técnica apurada de todos os integrantes.

Nuclear Blast Records

The Powers That be” fecha o disco com chave de ouro nos apresentando um pouco mais da influência que a NWOBHM exerceu sobre eles. Na realidade, ainda exerce em diversas bandas na atualidade. Una música empolgante e que contagia o ouvinte. Belo final.

Após 54 minutos temos um belo álbum, ainda que a produção não seja das melhores, as músicas tem um baita potencial. Algumas músicas extensas, mas o Metal vigoroso acaba prevalecendo durante a audição. “Blessing in Disguise” recebeu críticas positivas de maneira geral à época de seu lançamento e alcançou a posição de número 75 na “Billboard 200“. Durante 27 anos essa foi a melhor posição de um disco do Metal Church na principal plataforma das paradas musicais, até que, em 2016, o álbum “XI” (o qual será lembrado em breve aqui no Memory Remains), que alcançou a posição de número 57. “Blessing in Disguise” figurou na “Billboard” por quinze semanas consecutivas.

Após o lançamento, a banda saiu em turnê, durante a primavera do hemisfério norte, abrindo os shows do WASP. A tour se estendeu pela Europa, onde a banda se apresentou junto com o Fates Warning, em outubro de 1989, na Alemanha. Em 1990, a turnê incluiu uma apresentação de abertura para o Saxon, em abril de 1990 e uma outra apresentação, em 11 de maio de 1990, abrindo para o Metallica, na qual eles foram anunciados como “convidados surpresa”, na icônica casa Marquee, em Londres.

Era só o terceiro disco dessa banda sensacional e mostrava aquela cidadezinha encrustada no noroeste dos Estados Unidos tinha sim, uma cena metálica bem consolidado. E o Metal Church com o tempo foi só mostrando que a melhor igreja que um headbanger pode frequentar é a igreja do Metal. Hoje é dia de celebrarmos esse play e de lembrar ao leitor da importância da vacinação, para que possamos ver os artistas que admiramos novamente em ação por aqui. Só a vacina salva e o negacionismo não combina com nada, muito menos com o Heavy Metal. Cuidem se. Stay Heavy.

Blessing in Disguise – Metal Church
Data de lançamento – 07/02/1989
Gravadora – Elektra

Faixas:
01 – Fake Healer
02 – Rest in Peaces (April, 15, 1912)
03 – Of Unsond Mind
04 – Anthem to the Stranged
05 – Badlands
06 – The Spell Can’t be
07 – It’s a Secret
08 – Cannot Tell a Lie
09 – The Powers That be

Formação:
Mike Howe – vocal
Craig Wells – guitarra solo
John Marshall – guitarra base
Kirk Arrington – bateria
Duke Erickson – baixo

Participação especial:
Kurdt Vanderhoof – guitarra adicional