Há 31 anos, em 22 de junho de 1993, o Morbid Angel lançava “Covenant“, o quarto álbum desta banda, que é um pilar do Death Metal e assunto do nosso Memory Remains deste sábado, o primeiro de inverno sem cara de inverno neste Brasil tão afetado pelo aquecimento global, fato que muitos fãs do Metal, lamentavelmente, negam a existência.
O Morbid Angel estava enfrentando problemas com o guitarrista Richard Brunelle, por supostamente estar abusando do uso de drogas. Só que ao invés de a banda arrumar outro guitarrista para substituí-lo, eles optaram por seguir como um power-trio e Trey Azagthoth ficou responsável não só por todas as guitarras, base e solo, mas também pelos teclados que encontramos aqui no play.
O trio se juntou ao renomado produtor Flemming Rasmussen e todos foram para o histórico Morrisound Studio, em Tampa, Flórida. Depois, eles atravessaram o Atlântico rumo à Dinamarca, no Sweet Silence Studios, na cidade de Copenhagen. Certa vez, David Vincent deu uma entrevista e explicou a escolha por Flemming Rasmussen para a produção e mixagem. Aspas para ele:
“Queríamos uma abordagem diferente e Flemming provou ser um prazer trabalhar com ele. Além disso, ele esteve lá desde o início. Ele até chegou mais cedo do que o programado para poder assistir a alguns de nossos ensaios antes de entrarmos no estúdio. No final das contas, ele acabou sendo muito meticuloso, especialmente em como a bateria deveria soar. Então fizemos os vocais e as guitarras por conta própria e Trey e eu voamos para Copenhague para mixar tudo com ele.”
Para a capa, a banda escolheu duas gravuras, de dois livros diferentes. São eles “The Book of Ceremonial Magic“, de Arthur Edward Waite, que está à direita e uma imagem do livro “The Pact“, de Urbain Grandier, à esquerda. Pela primeira vez a banda apresentava em uma capa de disco uma fotografia ao invés de um desenho. E David Vincent explicou sobre a ideia da capa, em entrevista concedida à Metal Hammer.
“Queríamos algo que fosse solene e tipo… (ele faz uma pausa) Não é um livro de regras em si, mas tinha que sugerir a ideia de um pacto, uma aliança, por assim dizer. No geral, queríamos algo atemporal e sobre compromisso. Sentimos que esse álbum sendo o que era, quem éramos e seu tema, era como se fosse nosso pacto com nós mesmos e com nós mesmos. E como um bônus, se você olhar bem de perto, encontrará muitos pequenos detalhes que são referências a um disco. letra específica da música daquele álbum incluída lá.”
Na parte lírica, a banda seguiu adotando temas ocultistas, mitológicos e satânicos, que abrangem o satanismo teísta, a religião suméria e a filosofia de Friedrich Nietzsche. A faixa “Angel of Disease” foi escrita em 1985 e foi lançada no álbum “Abominations of Desolation“, gravado originalmente em 1986 e que só viu a luz do dia em 1991 e eles optaram em regravar a canção. “Rapture” foi a primeira música a ser concluída, e, segundo David Vincent, foi ela quem deu um tom para o restante do álbum. Sobre a faixa derradeira, “God of Emptiness“, Vincent contou como ela nasceu.
“(Foi) quase como uma visão. Tive um sonho que me acordou no meio da noite e eu literalmente escrevi aquela música na hora, cantarolando minhas ideias em um pequeno gravador.”
“Covenant” foi o primeiro álbum de Death Metal a ser lançado por uma major, nos Estados Unidos. No caso, foi a Giant Records, uma subsidiária da Warner. Uma outra curiosidade é que o álbum, coincidentemente foi lançado exatamente na mesma data que outro clássico do Death Metal, “Individual Thought Patterns“, do Death.
Som na caixa, temos 10 canções, distribuídas em 41 minutos de duração. É amplamente apontado como um dos maiores álbuns da história do Death Metal e fez com que a banda tivesse ampla exposição na MTV estadunidense, principalmente no programa Headbangers Ball, com os videoclipes produzidos para as faixas “Rapture” e “God of Emptiness“. A banda emprestou duas das canções deste aniversariante do dia para a trilha sonora do filme “The Night of the Demons 2“, lançado em 1994: são elas “Rapture” e “Vengeance is Mine“. O álbum é carregado de peso, brutalidade e canções com uma complexidade técnica impressionante.
A banda saiu em turnê no ano de 1994, para divulgar o álbum, quando tocou abrindo shows para o Black Sabbath e também o Motörhead. Foram mais de vinte datas, tendo começado em 8 de fevereiro, perdurando até 13 de março. Com a exposição do álbum na MTV e essa turnê, foi possível ampliar a base de fãs conquistada pela banda, o que fez de “Covenant” um álbum que mudou o Morbid Angel de patamar. Entre 2013 e 2014, para comemorar os vinte anos do álbum, o Morbid Angel realizou uma turnê, onde o álbum foi tocado na íntegra.
A importância de “Covenant” não foi somente para o Morbid Angel. Com o relativo sucesso de vendas, o álbum fez com que outras gravadoras grandes abrissem as suas portas para um estilo tão extremo como o Death Metal. Foi o caso da Columbia que assinou com outras bandas pertencentes à Earache, como o Carcass, o Entombed e o Napalm Death, ainda que nenhuma destas tenha repetido o feito do Morbid Angel. No ano de 2017, a Rolling Stone enumerou o álbum na 75ª posição dentre os Melhores Álbuns de Metal de todos os tempos.
Hoje o Morbid Angel segue apenas com Trey Azagthoth como membro da formação clássica, enquanto que Dave Vincent e Pete Sandoval tocam o projeto I Am Morbid, já que eles não têm direito de utilizarem o nome Morbid Angel. A banda fez história e hoje é dia de celebrar esse baita petardo, escutando-o no volume máximo.
Covenant – Morbid Angel
Data de lançamento – 22/06/1993
Gravadora – Earache Records
Faixas:
01 – Rapture
02 – Pain Divine
03 – World of Shit (The Promised Land)
04 – Vengeance Is Mine
05 – Lions Den
06 – Blood on My Hands
07 – Angel of Disease
08 – Sworn to the Black
09 – Nar Mattaru
10 – God of Emptiness
Formação:
Dave Vincent – vocal/ baixo
Trey Azagthoth – guitarra/ teclado
Pete Sandoval – bateria