Memory Remains

Memory Remains: Mötley Crüe – 30 anos do álbum auto intitulado e a saída de Vince Neil

15 de março de 2024


Há exatos 30 anos, em 15 de março de 1994, o Mötley Crüe lançava o sexto álbum, dando-lhe o mesmo nome da banda e que é assunto do nosso Memory Remains desta sexta-feira. Venha conosco que iremos lhes contar um pouco da história deste álbum.

O aniversariante do dia encerrou um jejum de cinco anos sem lançar um álbum de músicas inéditas. O Mötley Crüe estava em um ritmo alucinante de gravar álbuns e sair em turnê, desde 1987, com o álbum “Girls, Girls, Girls” e posteriormente, com “Dr. Feelgood“. O correto seria talvez que eles tirassem férias e voltassem com o gás renovado para gravar o que se tornaria este anoversariante do dia. Não foi o que eles fizeram, até porque, a banda havia acabado de renovar seu contrato com a Elektra pela bagatela de US$25 milhões.

Então eles se reuniram para começar a gravar, ainda em 1992, e no primeiro momento, o álbum de chamaria “Til Death Do Us Part“, nome de uma das canções do álbum. Eles definiram um cronograma que estabelecia um regime de duas semanas de trabalho, intercaladas por duas semanas de folga. Entretanto, durante uma destas sessões, houve uma discussão entre o então vocalista Vince Neil e os demais membros da banda e isso lhe custou o emprego de vocalista do Mötley Crüe.

E aí aconteceu uma daquelas obras do acaso que culminaram com o encontro para o substituto de Vince Neil: John Corabi, o cara que “herdou” a vaga, leu uma entrevista que Nikki Sixx deu para a revista Spin, na qual ele dizia ser um grande fã do primeiro álbum do The Scream, banda na qual Corabi cantava. Ao saber disso, o vocalista tentou entrar em contato com Sixx para agradecer pelo elogio. Corabi deixou seu número de telefone ao empresário do Mötley Crüe para que Sixx entrasse em contato. Sixx e Tommy Lee entraram em contato, oferecendo- lhe um teste, dizendo ainda que ele era a escolha da banda para assumir o posto. Porém, foi pedido sigilo, pois a banda precisava resolver questões legais acerca da saída de Neil. Havia o temor de que a Elektra pudesse de alguma forma, anular o contrato milionário recém-assinado.

Com Corabi efetivado, a banda se adaptou com um novo membro que além de cantar, também tocava guitarra. Mick Mars gostou da ideia, pois segundo ele mesmo disse, ter um segundo guitarrista lhe possibilitaria poder se divertir mais enquanto tocava, além de tirar um pouco da tensão por ele ter que manter o ritmo. Corabi já chegou colaborando, escrevendo a música “Hammered” e também fez a parte acústica que acabou se tornando a música “Misunderstood“. Para a produção, Bob Rock foi chamado mais uma vez, ele que havia produzido os últimos dois álbuns da banda e agora desfrutava da fama (e do ódio dos troos) após ter sido o responsável por transformar o Metallica na maior fábrica de ganhar dinheiro, com o famoso (e polêmico) álbum preto.

A banda se utilizou de dois estúdios durante estes dois anos de produção do álbum: o “A&M”, em Hollywood e também o Little Mountain Studios, em Vancouver, Canadá. O álbum contou com alguns convidados, o mais ilustre deles é Glenn Hughes, que emprestou seu talento como backing vocal na faixa “Misunderstood“. Eles produziram duas capas ligeiramente diferentes, uma com o nome da banda escrito em vermelho e outra em amarelo. Mas o mais absurdo foi a capa original, trazendo uma foto se Nikki Sixx vestindo um uniforme nazista. 500 mil cópias chegaram a ser produzidas com essa imagem deplorável, que felizmente, alguém em sã consciência, teve a brilhante ideia de mandar destruir. Talvez algum grande executivo da Elektra. Passadores de pano irão dizer que era algum tipo de brincadeira por parte da banda, mas não se brinca com nazismo nem com fascismo.

Bolacha rolando, temos 12 canções que se dividem em uma hora de duração e temos um Mötley Crüe se aventurando por outras vertentes do Rock e até mesmo do Heavy Metal, com as guitarras mais pesadas. Vince Neil, deu uma declaração sobre ele no ano de 2000. Aspas para ele:

Nunca ouvi esse álbum. Simplesmente não tive interesse. Foi uma direção com a qual não concordei.”

A verdade é que nos cinco anos que separaram o álbum de maior sucesso comercial do Mötley Crüe, “Dr. Feelgood” e o nosso aniversariante do dia, muita coisa havia mudado na cena musical. O Hair Metal, tão popular na segunda metade dos anos 1980, havia decaído de uma forma vertiginosa e o Grunge era o queridinho da MTV. O álbum, embora tenha chegado ao Top 10 da “Billboard“, as vendas não alavancaram. Mas apesar de diferentão, o álbum está longe de ser ruim e recebeu críticas mistas.

E o inferno astral da banda estava em alta. Durante uma entrevista para a MTV, Nikki Sixx ameaçou arrancar os dentes do pobre do entrevistador, por considerar as perguntas como “estúpidas’. Ele e os demais membros da banda deixaram o local, sem terminar a entrevista. E sem o apoio da MTV e da própria gravadora, os shows, que antes lotavam grandes arenas, acabaram reduzidos a pequenos teatros até que fosse completamente cancelada.

Nos charts, o álbum chegou em 3° na Austrália, 5° no Japão, 6° na Suécia, 7° na “Billboard 200“, 9° no Canadá, 15° na Finlândia, 17° no Reino Unido, 21° na Suíça, 25° na Áustria, 28° na França e Nova Zelândia, 37° na Escócia e 55° na Alemanha. Foi certificado com Disco de Ouro nos Estados Unidos e no Japão. Bons números, mas são tímidos se considerados ao anterior, que estremeceu todas as estruturas da cena.

Este foi o único álbum a contar com o vocalista John Corabi, que saiu da banda em 1997, para o retorno de Vince Neil. Este por sua vez, saiu em 2002, retornou em 2004, quando ficou até que a banda se separasse em 2015. E com o retorno da banda, em 2018, Neil segue sendo a voz do Mötley Crüe. Então hoje é dia de celebrar este álbum e também a banda que segue fazendo a alegria dos fãs de Glam Metal. Então vamos escutar esse play no volume máximo.

Mötley Crüe – Mötley Crüe

Data de lançamento – 15/03/1994

Gravadora – Elektra

 

Faixas:

01 – Power to the Music 

02 – Uncle Jack 

03 – Hooligan’s Holiday

04 – Misunderstood

05 – Loveshine

06 – Poison Apples 

07 – Hammered

08 – ‘Til Death Do Us Part 

09 – Welcome to the Numb

10 – Smoke the Sky

11 – Droppin like Flies

12 – Driftaway

 

Formação:

John Corabi – vocal/ violão/ guitarra/ baixo

Mick Mars – guitarra/ baixo/ cítara/ bandolim

Nikki Sixx – baixo/ piano/ backing vocal

Tommy Lee – bateria/ percussão/ piano/ backing vocal

 

Participações especiais:

Glenn Hughes – backing vocal

Scott Humphrey – sintetizadores

Mark Lafrance – backing vocal

Dave Steele – backing vocal

Bob Rock – violão/ bandolim

Hook Herrera – gaita

Sammy Sanchez – bandolim