https://www.youtube.com/watch?v=MRPlPq7zG1g
Em 9 de abril de 2002, o Motörhead lançava o seu décimo-sexto full-lenght de sua carreira, dois anos depois de “We Are Motörhead” e com algumas coletâneas lançadas entre estes dois álbuns de estúdio. E é sobre ele que iremos dissertar nesta sexta-feira em nosso Memory Remains.
O aniversariante de hoje tem uma característica bem diferente de seu anterior, que era rápido, enquanto que esse mais sombrio. E o então baterista, Mikkey Dee, admitiu que a série de atentados de 11 de setembro de 2001 influenciou na composição. Aspas para o baterista:
“We Are Motörhead era extremamente pesado e rápido, era um álbum extremamente agressivo e esse não é tão agressivo. Eu e Phil voamos para Los Angeles no dia 10 de setembro (de 2001) e escrevemos essas músicas em um mês por lá. Foi uma vibe ruim. Então talvez tenha algo a ver com o clima deste álbum. Eu estava pensando sobre isso depois, este álbum é realmente muito sombrio. O mesmo vale para o Lemmy, a maneira com a qual ele escreveu as melodias…”
O trio adentrou ao “Henson Studio“, em Hollywood. e também na casa de Chuck Reed, com a produção de Thom Pannuzio. Chuck produziu a faixa “Serial Killer“, juntamente com Lemmy. E toda essa energia sombria do 11 de setembro acabou se abatendo sobre este álbum, o que não foi ruim. Vamos lá extrair faixa por faixa deste play:
A bolacha abre com agradabilíssima “Walk a Crooked Mile“, um verdadeiro Rock And Roll com a cara do Motörhead e que só eles conseguem fazer. É pesada na medida certa e o baixo de Lemmy duela frente a frente com a guitarra de Phil Campbell. Linda.
A setentista “Down the Line” dá sequência ao play, com riffs muito interessantes e com um refrão bem chiclete. Muito boa também. Já “Brave New World”, a faixa que escutei pela primeira vez em videoclipe na MTV é uma música enérgica, a começar com a entrada e condução da bateria do ótimo Mikkey Dee, além do ótimo efeito utilizado por Phil Campbell em sua guitarra. Perfeita.
Divulgação
“Voices From the War” pode ser considerada como uma das faixas mais metal do disco. Não que as outras não sejam, mas aqui a banda acertou bem a mão e os riffs ficaram mais pesados do que normalmente o Motörhead assim o é. E eles (os riffs) são repetidos à exaustão nas estrofes, trazendo ótimas sensações ao ouvinte.
“Mine All Mine” é uma música que carrega consigo muitas influências do Rock And Roll dos anos 1950. É como se eles fossem daquele tempo e resolvesse fazer uma música agora, com a roupagem atual, e com direito a adição de teclado, que ficou muito bom.
“Shout Your Mouth” é um bluesão pra lá de pesado, em que Lemmy até arrisca um gutural em uma ou outra frase da letra. E o solo de guitarra, muito bem feito por sinal. Outra faixa que pode ser considerada bem Metal é “Kill the World“, onde temos um verdadeiro ataque de riffs pesados e sombrios, além de brutos, como sempre o Motörhead se caracterizou. É a minha favorita do play.
“Dr. Love” se assemelha às duas primeiras faixas, nos brindando com um Rock visceral, direto e reto que o Motörhead sempre fez. “No Remorse” e seu andamento bem arrastado e pesado é uma tentativa de a banda soar Doom Metal, novamente sombrio e era isso que Mikkey Dee falava sobre a vibe do álbum em si. Ficou bom o resultado, uma música bem densa. “Red Raw” é o Motörhead aflorando seu lado punk, que sempre esteve presente ao longo se sua carreira em uma música rápida e que aqui, a estrela é Mikkey Dee e seu bumbo duplo. Linda.
“Serial Killer” encerra o álbum bem ao modo oposto do que ele foi em toda sua extensão: nem podemos chamar de música uma faixa onde Lemmy recita a letra, Phill Campbell faz uns barulhos desconexos e depois Mikkey Dee entra com as batidas. Tudo isso em menos de dois minutos.
Temos duas faixas bônus nesta versão que tem em mãos o redator que vos escreve: “The Game“, uma música arrastadona, até boa, mas mal produzida, o que compromete um pouco seu resultado final e uma versão ao vivo para a clássica “Overnight Sensation“, encerrando assim os pouco mais de 53 minutos um álbum pra lá de divertido e de fácil audição.
Temos um álbum diferente, sim, mas com o selo de qualidade da banda que é um dos pilares eternos do Rock And Roll, que foi o Motörhead. Pesado, sombrio, denso e que merece todos os confetes. Por isso eu digo e repito: eu escuto gente morta. E pelo jeito, seguirei ouvindo por muito tempo ainda. Pois vamos então celebrar a maioridade deste álbum e não se esqueça: fique em casa se puder, proteja a sí e aos seus e curta nossas matérias. Estamos empenhados em trazer o melhor do Rock e Heavy Metal para você.
Hammered – Motörhead
Data de lançamento: 09/04/2002
Gravadora: SPV
Faixas:
01 – Walk a Crooked Mile
02 – Down the Line
03 – Brave New World
04 – Voices From the War
05 – Mine All Mine
06 – Shut Your Mouth
07 – Kill the World
08 – Dr. Love
09 – No Remorse
10 – Red Raw
11 – Serial Killer
Bônus Tracks da edição estadunidense:
12 – The Game
13 – Overnight Sensation (ao vivo)
Formação:
Lemmy Killmster – Baixo/Vocal
Phil Campbell – Guitarra
Mikkey Dee – Bateria
Participações especiais:
Dizzy Reed – Teclado (“Mine All Mine”)
Triple H – Backing vocal (”Serial Killer”)