Há 32 anos, em 14 de agosto do ano de 1992, o Motörhead lançava “March or Die”, seu décimo álbum de estúdio. O aniversariante de hoje marca o último registro da banda sob contrato com a Epic e é tema do nosso Memory Remains desta quarta-feira.
Apenas um ano após o lançamento do antecessor, “1916”, que foi sucesso de crítica e inclusive, indicado ao Grammy, o Motörhead tinha uma tarefa árdua, que seria a de lançar um álbum a altura. Se não é um brilhante álbum, ele tem a sua importância na carreira da banda.
Aqui contamos com grandes convidados, como Slash e Ozzy Osbourne. Sobre o “Madman”, uma curiosidade: Sharon Osbourne, esposa e empresária do vocalista, ligou para Lemmy e pediu para que ele escrevesse algumas letras, para o sucesso que foi o álbum “No More Tears” e quatro faixas acabaram ganhando o nome do grande Lemmy nos créditos: “I Don’t Want to Change the World”, “Desire”, “Hellraiser”, que entrou neste play e o sucesso “Mama I’m Coming Home” Sobre isso, ele contou em sua autobiografia:
“Sharon me ligou e disse: eu vou te dar a quantia x de dinheiro para você escrever algumas músicas para Ozzy e eu disse que estava tudo bem. Escrevi seis ou sete conjuntos de palavras e ele acabou usando quatro delas. Ganhei mais dinheiro escrevendo essas canções do que ganhei em quinze anos de Motörhead. Ridículo, não é?”
A parceria foi ainda mais adiante, já que Ozzy gravou com Lemmy os vocais na faixa “I Ain’t no Nice Guy”, que conta ainda com uma participação de Slash fazendo um solo.
Assim sendo, a banda, ainda um quarteto, adentrou ao “Music Grinder Studios”, com Peter Solley assinando a produção mais uma vez. Mas as coisas não fluíram perfeitamente, uma vez que Phil Taylor fora demitido, pela segunda vez e aqui, ainda no começo do processo de gravação, sendo creditado somente na faixa “I Ain’t no Nice Guy”. Tommy Aldridge (este acabou gravando a maior parte das músicas) e Mikkey Dee completariam as lacunas deixadas pelo baterista outrora titular. A razão para a demissão de Phil foi pelo fato de ele não ge conseguido aprender a tocar as novas músicas.
Bolacha rolando, temos onze canções em 46 minutos de duração. A sonoridade é aquela com a qual o fã do Motörhead já está acostumado: muita sujeira, sonoridade reta, porém, mais radiofônica, mais acessível, tanto que é o álbum mais bem sucedido comercialmente de toda história da banda de Lemmy. Os destaques são para a enérgica “Stand“, “Jack the Ripper”, que tem riffs hipnotizantes e mudanças de andamento que a deixa ainda mais interessante.
Eles incluíram também uma versão para a música “Catch Scratch Feever“, gravada originalmente por Ted Nugent e que o Pantera também já havia feito uma versão. Lemmy inovou também ao incluir uma balada, “I ain’t no Nice Guy”, como já dito anteriormente, conta com as participações de Ozzy e um solo de Slash.
Sobre a faixa “Hellraiser“, que foi gravada por Ozzy em “No More Tears”, ela além de ter sido veiculada à exaustão nas rádios e na MTV estadunidense, anos mais tarde acabou entrando no jogo “Grand Theif Auto San Andreas”, o popular GTA.
Com relação à participação de Mikkey Dee, Lemmy já conhecia o baterista desde que o Motörhead fez uma turnê com King Diamond e já nessa época, Lemmy fez um convite para Mikkey, que recusou pois estava comprometido com King. Mas à época da gravação do nosso aniversariante do dia, o baterista estava disponível e aceitou entrar para o Motörhead, onde ficou até o final da banda.
A nova formação saiu em turnê para divulgar o álbum e o primeiro compromisso foi em 30 de agosto de 1992, no Saratoga Performing Arts Center, em Nova Iorque. Depois o Motörhead fez shows com Ozzy Osbourne e o Exodus. Em 27 de setembro, eles se apresentaram em Los Angeles, com o Metallica e o Guns N’ Roses. A turnê veio ao Brasil e Argentina em outubro daquele ano e em dezembro eles voltaram à Europa, desta vez na companhia do Saxon.
O ano de 1993 foi de mais datas a serem cumpridas pela banda, que voltou à Argentina no mês de abril, e depois fez shows pela Europa entre os meses de junho e julho. E antes de a banda começar os trabalhos de composição para o álbum subsequente, “Bastards“, eles fizeram uma última apresentação, no New York Ritz, em 14 de agosto.
O álbum teve relativo sucesso em alguns charts pelo mundo como o 16º lugar na Áustria, 21º na Alemanha, 42º na Suécia, 18º na Suíça e 60º no Reino Unido. Provavelmente a recém indicação ao Grammy pelo álbum anterior e a participação da lenda Lemmy em “No More Tears”, o maior sucesso comercial de Ozzy, tenham sido influentes.
“March or Die” é um tanto quanto subestimado, pois Lemmy foi até mesmo acusado de buscar o sucesso comercial e de tentativa de destruir o próprio legado, Sim, ele tem seus bons momentos. É claro que não pode ser comparado aos clássicos “Overkill”, “Iron Fist”, “Bomber” ou “Ace of Spades“, mas merece ser celebrado na presente data. O Motörhead jamais nos apresentou um disco ruim e esse é o grande legado de Lemmy.
March or Die – Motörhead
Data de lançamento – 14/08/1992
Gravadora – Epic
Faixas:
01 – Stand
02 – Catch Scratch Feever
03 – Bad Religion
04 – Jack the Ripper
05 – I Ain’t no Nice Guy
06 – Hellraiser
07 – Asylum Choir
08 – Too Good to be True
09 – You Better Run
10 – Name in Vain
11 – March or Die
Formação:
Lemmy Kilmster – baixo/ vocal
Zööm (pseudônimo adotado por Phil Campbell) – guitarra
Würzel – guitarra
Participações especiais:
Tommy Aldridge – bateria
Mikkey Dee – bateria em “Hellraiser”
Phil “Animal” Taylor – bateria em “I Ain’t no Nice Guy”
Peter Solley – teclado
Slash – guitarra solo em “I Ain’t no Nice Guy” e guitarra adicional em “You Better Run”
Ozzy Osbourne – vocal em “I Ain’t no Nice Guy”