Memory Remains

Memory Remains: Motörhead – 46 anos de “Overkill” e a evolução em relação ao álbum de estreia

24 de março de 2025


Há 46 anos, em 24 de março de 1979, o Motörhead lançava seu segundo álbum, um dos mais aclamados da carreira da banda de Lemmy Killmister. Sim, estamos falando de “Overkill“, que é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.

O álbum marca a estreia da banda pelo selo Bronze, com o qual a banda ainda lançaria mais 4 álbuns nos próximos 4 anos, entre eles, os clássicos “Bomber” (1979), “Ace of Spades” (1981) e “Iron Fist” (1982).

Em 1978, após a boa repercussão que a a banda teve com seu auto-intitulado álbum de estreia, a Bronze assinou um contrato com o Motörhead e logo o trio se juntou no Wessex Studios, em Londres para gravar uma versão para “Louie Louie“, de Richard Berry e “Tear Ya Down“, até então, uma canção inédita da banda e que acabou entrando no aniversariante do dia. Depois de sair em turnê para divulgar esse single, o Motörhead viu a música “Louie Louie” fazer um sucesso discreto. O produtor Garry Brown, certa vez relembrou sobre a primeira vez que escutou o som do Motörhead. Aspas para o cara:

“A primeira vez que ouvi Motörhead foi quando ouvi um single que lancei sem ouvir, que é “Louie Louie”, e quando ouvi fiquei absolutamente horrorizado. Achei que era o pior disco que já ouvi. , então foi um choque. O maior choque foi que, tendo lançado um disco que achei terrível, ele foi direto para as paradas em # 72. Mas, na verdade, lancei o disco como um favor.”

Mesmo com a péssima impressão do som da banda, as vendas do single foram boas e isso deu ao Motörhead a possibilidade de uma aparição na BBC, mais precisamente no Top of the Pops. Isso deu a Bronze a confiança para levar Lemmy e seus “blue caps” de volta ao estúdio, para gravar o vindouro álbum, desta vez, um full-lenght. No ano de 2011, o biógrafo Joel Mclver, escreveu o seguinte, no livro “Overkill: the untold story of Motörhead“.

“Tivemos tantos falsos começos e decepções quando o Overkill apareceu em 1978 que tínhamos armazenado muita energia e ideias – e estávamos apenas esperando a oportunidade de mostrar o que podíamos fazer. Também tínhamos muitos seguidores, e sempre sentimos que devíamos aos fãs que estiveram conosco desde o início..”
Então todos se reuniram, em dois estúdios londrinos: Roundhouse e o Sound Development, tendo as companhias dos produtores Jimmi Miller e Neil Richmond, tendo o primeiro já trabalhado no com nomes como Traffic e The Rolling Stones. Ficaram por lá entre dezembro de 1978 e janeiro de 1979.

Damage Case” foi composta pelo Motörhead em parceria com a banda The Deviants. “Metropolis“, segundo o próprio Lemmy, foi escrita em cinco minutos, depois de assistir o filme homônimo e “I’ll be Your Sister“, Lemmy gostaria que fosse gravado por Tina Turner. Aspas para a lenda do Rock and Roll:

“Gosto de escrever canções para mulheres. Na verdade, já escrevi canções com mulheres. Já fui chamado de sexista por algumas facções de feministas radicais e frígidas, mas eles não sabem do que estão falando.”

A faixa título que se tornou icônica e até mesmo obrigatória nos shows da banda, teve uma história curiosa quando da sua criação. E quem conta é o saudoso baterista Phil “Animal” Taylor. Vamos dar aspas para o criador dessa belezura:

“Eu sempre quis tocar dois bumbos, mas sempre disse a mim mesmo: ‘Não, não vou ser um desses idiotas que sobem no palco e têm dois bumbos e nunca nem tocam’. Não, eu posso tocá-los. Então eu peguei esse outro bumbo e costumava ir aos ensaios algumas horas antes dos outros caras e apenas praticar, você sabe, apenas sentar lá (imita chutar com os dois pés) como correr , ou algo assim… Eu estava realmente tocando aquele riff, apenas tentando acertar minha coordenação, quando Eddie e Lemmy entraram, e eu estava prestes a parar e eles disseram, ‘Não, não pare! Continue! ‘… E foi assim que Overkill foi escrito.”

Em “Overkill“, o Motörhead nos brinda com dez petardos, que tem duração de 34 minutos. A faixa-título merece um destaque todo especial pela sua pegada, mas também podemos citar “Stay Clean“, “Damage Cage” e “Limb From Limb“. O Metallica fez uma homenagem para o Motörhead, em seu álbum de covers, “Garage Inc.” (1998), onde tocou as músicas “Overkill” e “Damage Cage“.

O álbum teve um sucesso inesperado, que ajudou a catapultar o álbum “Ace of Spades“, o grande “às de espada” do Motörhead, fazendo mais um trocadilho. Voltando a “Overkill“, o álbum alcançou, no ano de seu lançamento, a 17ª posição nas paradas da França e a 24ª em seu país natal, a Inglaterra. Em 2019, o play retornou a frequentar os charts, ficando em 96° na Alemanha e 168° na Bélgica. Foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido.

A revista estadunidense Kerrang! classificou o álbum em 46° lugar em sua lista dos 100 maiores álbuns de Heavy Metal de todos os tempos. Em 2005, a revista Rock Hard compilou a sua lista com os 500 melhores álbuns de Rock e Metal de todos os tempos e colocou “Overkill” na posição de número 340. O álbum inspirou a banda de Thrash Metal Overkill, que assim deu à banda o mesmo nome que o álbum. A importância desta bolacha já pode ser mensurada por causar essas reações descritas neste parágrafo.

Infelizmente, todos os três envolvidos não estão mais entre nós e se você acredita em vida após a morte, Lemmy, Phil “Animal” Taylor e “Fast” Eddie Clarke estão em algum lugar do pós-vida, fazendo um bom som regado a muita cerveja, no caso de Lemmy, Jack Daniels com Coca-Cola, ou simplesmente “Lemmyonade”, como ele se referia a bebida. O legado do Motörhead é lindo e esse foi só o primeiro dos grandes clássicos que o Motörhead lançou durante seus 40 anos de existência. A morte de Lemmy impede a possibilidade de uma continuação da banda, isso nem deve ser cogitado. Sorte de quem os viu, azar o deste redator, que não teve a honra de vê-los in loco. Hoje é dia de celebrar esse tesouro, amado por punks e por headbangers. O disco que uniu gregos e troianos. Coisa que só o Motörhead conseguia fazer.

Overkill – Motörhead
Data de lançamento – 24/03/1979
Gravadora – Bronze

Faixas:
01 – Overkill
02 – Stay Clean
03 – (I Won’t) Pay Your Price
04 – I’ll be Your Sister
05 – Capricorn
06 – No Class
07 – Damage Case
08 – Tear Ya Down
09 – Metropolis
10 – Limb from Limb

Formação:
Lemmy Killmister – baixo/ vocal/ guitarra solo em “Stay Clean” e “Limb from Limb”
“Fast” Eddie Clarke – guitarra
Phil “Animal” Taylor – bateria