Nesta sexta-feira é dia de celebrarmos as Bodas de Prata de “Overnight Sensation”, o 13° disco da banda que melhor pode representar o espírito Rock ‘n’ Roll: claro que estamos falando do Motörhead, tema do nosso Memory Remains deste dia 15, também dia do professor, uma profissão desprezada por esse comédia que senta na cadeira da Presidência do nosso Brasil e pelo seu exército de Zumbis que o tem como político de estimação.
É o segundo álbum da banda pela “Steamhammer“. A estreia, com “Sacrifice“, não poderia ter sido melhor, um discão que entrou no rol dos melhores da discografia desta nosso amado Motörhead, que voltava a ser um Power-Trio, depois que o guitarrista Würzel deixou o grupo, em 1995 e assim a formação com Lemmy Kilmister, Phil Campbell e Mikkey Dee ficaria estável até o último dia de existência.
Durante a turnê de “Sacrifice“, Lemmy lembrou sobre o processo de composição e gravação do álbum. Foram quatro semanas que a banda precisou para escrever e mais quatro semanas para gravar as novas canções. E o líder da banda falou sobre a banda voltar a ser um trio. Aspas para ele.
“Era o mesmo que um quarteto, exceto que um cara não estava lá! Ou o mesmo que os Everly Brothers mais um. Foi um pouco mais tenso, mas isso foi apenas porque Phil, sendo o único guitarrista, sentiu que havia muita coisa em seus ombros (o que havia). Ele estava sob pressão adicional, mas provou que estava bem. Overnight Sensation é um ótimo álbum para ele. Mikkey estava em seu estado normal perfeito – ele sempre termina suas faixas de bateria bem antes do planejado. Desta vez, ele os fez em um dia.”
Mikkey Dee, por sua vez, disse no livro “Overkill: the Untold Story of Motörhead“, lançado em 2011 pelo autor Joel Mclver, que o processo de composição da banda foi muito afetado depois da saída de Würzel. Aspas para o baterista:
“Würzel, eu costumava dizer, era mais Motörhead do que eu, Phil e Lemmy juntos. Ele era um verdadeiro Motörheader, você sabe. Ele escreveu canções e riffs superpesados, e às vezes sinto falta disso. Porque eu e Phil, às vezes podemos escrever um pouco também … não suaves, mas talvez músicas musicalmente corretas demais, onde Würzel era muito simples, direto, riffs muito pesados. Nada complicado com ele de forma alguma.”
O trio se reuniu em dois estúdios para a gravação do aniversariante do dia: “Ocean Studio” e o “Rack House Recording“, a mixagem aconteceu no “The Gallery“, enquanto que a masterização aconteceu no “Digiprep“. A produção foi assinada por Howard Benson, que pela terceira vez assinava um disco do Motörhead. A banda atuou na co-produção. Uma curiosidade com relação a capa, que mostra uma foto da banda, fato que não acontecia desde o clássico “Ace of Spades“, lá em 1980. Outro fator curioso acerca do play é que ele conta com uma participação de um músico que não pertencia ao Motörhead: o guitarrista da extinta banda sueca Swedish Erotica, Magnus Axx é creditado como co-autor da música “Civil War“, que abre o play. Já já falaremos sobre ela.
Vamos dar play na bolacha, que começa exatamente com a faixa que falávamos no parágrafo acima, “Civil War“. E começa em grande estilo, com uma música enérgica, pesada, rápida e com um Mikkey Dee dando um verdadeiro espetáculo com viradas precisas além de riffs insanos de Phil Campbell. E claro, o baixo distorcido de Lemmy fazendo toda a diferença. A melhor faixa do álbum, sem sombra de dúvidas.
“Crazy Like a Fox” é aquele Rock ‘n’ Roll típico do Motörhead, que você encontra em pelo menos uma música a cada álbum, o que alguns chamam de ser repetitivo, é o estilo da banda. Aqui Lemmy faz uso da harmônica. “I Don’t Believe a Word” é a faixa número três e traz a banda em um andamento bem cadenciado e denso, com o baixo de Lemmy trazendo um timbre pesado e sombrio na introdução. É uma música diferente. E legal. Essa foi a única música para qual a banda produziu um videoclipe, que o leitor pode assistir no topo dessa matéria.
“Eat the Gun” é a faixa número cinco e é rápida e vigorosa, com uma pequena mudança no andamento em algumas partes. As guitarras têm um timbre bem sujo, mas os riffs são bem legais. E Mikkey Dee é novamente o destaque, com viradas certeiras. A primeira metade do play se encerra com a faixa título e seu clima Rock ‘n’ Roll. Você escuta essa música e se imagina em um bar bebendo suma cerveja bem gelada. Lemmy toca violão aqui.
“Love Can’t Buy Money” apresenta novamente a guitarra com um timbre sujo e uma pegada Hard Rock bem interessante. “Broken” é o bom e velho Motörhead sendo Motörhead. Uma música simples, reta e boa. Um dos grandes destaques do play é a música que vem a seguir, “Them not me“, uma música com uma pegada mais Punk, riffs rápidos e uma bateria sensacional. Mikkey Dee realmente deu um show neste disco.
“Murder Show” é aquele Rock honesto que só o Motörhead sabe fazer, com bons riffs e a energia lá na estratosfera, assim como o nível do play até o momento. Phil Campbell fez um ótimo trabalho no solo. “Shake the World” é uma espécie de Blues pesado, com riffs que vão se repetindo durante quase toda a música. E “Listen to the Heart” fecha o play com uma música tranquila e em 41 minutos temos um disco que figura entre os grandes momentos de Lemmy no Rock.
“Overnight Sensation” foi bem recebido de maneira geral e chegou a frequentar alguns charts, principalmente na Europa: 30° na Finlândia, 60° na Suécia e 71° na Alemanha, sendo que neste ano o álbum conseguiu subir uma posição neste mesmo chart germânico. Em 2004, no documentário “The Guts and the Glory“, Lemmy deu a seguinte declaração:
“Foi um ótimo álbum, gostei muito de Overnight. Fiquei muito satisfeito com isso.”
Enfim, hoje é dia de celebrar esse álbum e manter vivo o legado dessa banda que, infelizmente morreu junto com Lemmy, mas que deixou um belo acervo e um serviço sem igual para o Rock. Uma banda que trafegou pelo Heavy Metal e também por outras vertentes sem ser importunada e sem ter nenhum tipo de objeção. Nós temos de ser gratos por ter tido a oportunidade de viver exatamente na mesma geração do Motörhead.
Overnight Sensation – Motörhead
Data de lançamento – 15/10/1996
Gravadora – Steamhammer
Faixas:
01 – Civil War
02 – Crazy Like a Fox
03 – I Don’t Believe a Word
04 – Eat the Gun
05 – Overnight Sensation
06 – Love Can’t Buy Money
07 – Broken
08 – Them not me
09 – Murder Show
10 – Shake the World
11 – Listen to the Heart
Formação:
Lemmy Kilmister – vocal/ baixo/ violão (em Overnight Sensation)/ harmônica (em Crazy Like a Fox)
Phil Campbell – guitarra
Mikkey Dee – bateria