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Memory Remains:  Nevermore – as bodas de prata de “The politics of Ecstasy”, a tour com o Death e a afirmação na cena

Memory Remains: Nevermore – as bodas de prata de “The politics of Ecstasy”, a tour com o Death e a afirmação na cena

5 de novembro de 2021


O ano de 1996 não era lá muito favorável ao Heavy Metal: crise de criatividade de imensas bandas, campanha maciça da MTV dizendo que o estilo estava morto. Pantera e Sepultura levantavam a bandeira do Metal. E de Seattle, onde o movimento Grunge havia explodido anos antes, emergia uma superbanda: o Nevermore lançava “The Politics of Ecstasy“, o segundo álbum do quarteto e que comemora suas vidas de prata e é tema do nosso Memory Remains dessa sexta-feira.

A banda vinha de um primeiro disco bem recebido pela crítica, o auto-intitulado e um EP, “In Memory”, com sobras de gravação, além de covers do Bauhaus. E se no debut, a banda ainda apresentava um pouco da ex-banda de Warrel Dane e Jim Sheppard, o Sanctuary, aqui, os caras já começavam a mostrar a identidade bem peculiar, que jamais seria copiada por nenhuma outra banda.

Gravado no “Village Productions“, na cidade de Tornillo, Texas, com produção de Neil Kermon, o disco é homônimo ao livro de Timothy Leary. um professor de Harvard, neurocientista e escritor. Ele era defensor dos benefícios do uso do LSD. O livro em questão foi lançado em 1968 e o autor já havia sido homenageado com uma música em seu nome no primeiro álbum da banda. Dane era seu admirador. A faixa “The Seven Tounges of God” é o título do primeiro capítulo do livro que inspirou o álbum. Em “Next in Line“, há uma fala que é retirada do filme Jacob’s Ladder. Vamos destrinchar então, cada uma das dez faixas que compõem este discaço.

O álbum começa arrebatador com a intrincada “The Seven Tongues of God“, que tem uma intro bem longa, flertando com o Thrash Metal, depois mergulhando de cabeça no Metal Progressivo, com riffs bem pesados; A sequência arrasadora continua com “This Sacrament” e outro flerte com o que podemos chamar de Thrash Metal moderno e aqui o show é por conta de Jeff Loomis com seus riffs animais tanto na intro quanto no desenrolar da música e de Van Williams que não para um segundo o seu bumbo duplo e traz também muito groove.

Next in Line” é uma das minhas favoritas da banda, uma música densa, desesperadora, profunda. A banda gravou um videoclipe para esta música, que era obrigatória nos shows, enquanto que “Passanger” é uma música mais “viajante”, com um clima bem atmosférico. Jeff Loomis entrega um dos melhores solos de sua carreira, com muito feeling e precisão. Lembro que certa vez, eu conversando com um amigo, ele definiu essa música como Doom Metal, o que eu discordo veementemente. O caro leitor pode discordar de mim, talvez eu esteja errado, mas me soa estranho ter o NM associado ao estilo.

Vem a faixa título e com ela muito peso, mais densidade e um andamento mais devagar, no meio da música a bateria tendo liberdade para chegar com seu groove, e Jim Sheppard fazendo também um ótimo trabalho, excelente música;  “Lost” traz de volta o andamento mais rápido das primeiras músicas, onde Dane explora bem sua potência vocal.

The Tiananmen Man” chega e a banda novamente explora o Progressivo e aqui as guitarras duelam com os vocais pela melhor performance; “Precognition” é uma intro com um solo bem interessante e que é uma boa ponte para a virada de Van Williams que chega com “42147“, que podemos dizer que é a música mais violenta do álbum. Insana, com influências de Judas Priest, se tornando densa na parte do solo.

E fechando o álbum com chave de ouro, a excelente e épica “The Learning” em que a banda novamente viaja no Prog. Anos mais tarde, em “This Godless Endeavor“, a banda compôs outro clássico, chamado “Sentient 6“, em que Dane assumiu em entrevista que se trata da continuação da última faixa de “The Politics of Ecstasy“.

E se você deixar a bolachinha rodando em seu player após o término da música, depois de algum silêncio, você é tomado por um susto violento, pois Dane com uma voz medonha entra recitando parte da letra de “The Politics” e uma guitarra bem psicodélica de Loomis ajuda a dar esse clima de terror, vamos assim dizer.

Durante a turnê deste álbum, fora recrutado o excelente guitarrista Pat O’ Brien, que não esquentou muito o lugar, indo depois para o Cannibal Corpse por onde ficou até surtar e sair tacando fogo na própria casa e na dos vizinhos, sendo depois desligado.  E a banda acabou fazendo uma turnê conjunta com o Death, no que resultou em uma amizade entre os vocalistas de ambas as bandas. E a coincidência é que ambos morreram na mesma data (13 de dezembro).

Em 2006 o álbum fora relançado, incluindo o cover para “Love Bites“, do Judas Priest, originalmente gravado para um álbum tributo, em 1997. E este cover, ficou sensacional, como todos os outros que a banda fez durante sua carreira.

Enfim, era só o segundo álbum, mas a banda estava disposta a fazer o que é praticamente impossível nos dias atuais: ser autêntica. E eles conseguiram. E hoje viemos aclamar e celebrar as bodas de prata deste play simplesmente impecável. Longa vida a este álbum, que é um conforto para o fã que sabe que não verá mais a banda em ação. E como fã incondicional da banda e, principalmente de Warrel Dane, vos digo: eu ouço gente morta!

The Politics of Ecstasy – Nevermore

Data de lançamento – 05/11/1996

Gravadora – Century Media

Faixas:

01 – The Seven Tounges of God
02 – This Savrament
03 – Next in Line
04 – Passenger
05 – The Politics of Ecstasy
06 – Lost
07 – The Tiananmen
08 – Precognition (instrumental)
09 – 42147
10 – The Learning

The Politics of Ecstasy – Nevermore

Data de lançamento – 05/11/1996

Gravadora – Century Media

Faixas:
01 – The Seven Tounges of God
02 – This Sacrament
03 – Next in Line
04 – Passenger
05 – The Politics of Ecstasy
06 – Lost
07 – The Tiananmen
08 – Precognition (instrumental)
09 – 42147
10 – The Learning

Formação:
Warrel Dane – Vocal
Jeff Loomis – Guitarra
Pat O’Brien – Guitarra
Jim Sheppard – Baixo
Van Williams – Bateria