Há 34 anos, em 14 de junho de 1989, o Obituary surgia na cena com seu álbum de estreia, “Slowly We Rot”, que é tema do nosso Memory Remains desta quarta-feira. Venha conosco saber um pouco mais da história deste play que lançou a banda ao mundo, na época em que a prolifera cena Death Metal da Florida emergia.
Embora gravado com afinação padrão e guitarras Stratocaster, o disco é considerado um dos mais pesados da banda até hoje. Os caras já estavam na ativa desde o ano de 1984, quando se apresentavam com o nome de Executioner e no ano de 1987, com uma ligeira mudança no nome da banda, agora chamada Xecutioner, a faixa “Find the Arise” foi lançada em uma compilação, chamada “Ranging Death”.
No ano de 1988, assumiram o nome que os tornaram famosos e assim partiram para a gravação do disco de estreia. Assinaram com a R/C Records, recrutaram o produtor Scott Burns e assim todos foram para o “Morrisound Recording”, em Tampa, Florida. A masterização ocorreu no estúdio “Fullersound”, em Miami. Os irmãos Donald e John Tardy fizeram a mixagem. Vamos viajar sobre as doze faixas que compõem esse tesouro.
A faixa que abre o trabalho é “Internal Bleeding”, que se tornou um clássico da banda e é praticamente obrigatória até os dias atuais. A sua intro com uns barulhos chatos e desconexos ameaçam a qualidade da música, mas assim que o que realmente interessa, que é o instrumental, entra em ação, aí o couro come e a música é um convite a um moshpit: veloz e brutal, com destaque para os riffs da dupla Trevor Peres e Allen West, além de boas linhas de baixo, executadas por Daniel Tucker. Uma lindeza só.
“Godly Beings” é curta e grossa, com menos de dois minutos. Ela começa veloz, tem uma breve pausa com um andamento mais arrastado e termina da forma que começou. Um petardo . “’Til Death” é outra pertencente ao grupo das músicas clássicas do Bitu e que vira e mexe entra no set list da banda… Ou ao menos entrava, em um mundo pré-pandemia. Ela começa bem rápida, mas logo passa por uma interseção mais arrastada e assim ela vai até o final. Eles melhoraram muito no aspecto técnico e atualmente ela é bem melhor ao vivo.
A faixa título dispensa apresentações, é a música que fecha com toda a justiça as apresentações da banda. Ela começa arrastada, doentia, suja e logo a pancadaria toma conta. Uma curiosidade pessoal sobre essa música é que quando eu estava em um show deles em 2017, eu estava vendo a apresentação dos caras e tomando cuidado pois estava com um DVD debaixo do braço, que tinha ganho de um amigo, porém, quando os caras tocaram essa música, a casa literalmente virou um moshpit e eu que estava no fundo, fui jogado para bem perto do palco, onde pude fazer uma fotografia do guitarrista Trevor Peres.
As quatro primeiras faixas foram de tirar o fôlego, mas foi apenas o primeiro terço. “Immortal Visions” é outro petardo, em que os caras dão o seu recado em pouco mais de dois minutos em uma canção relativamente técnica, cheia de passagens diferentes. “Gates of Hell”, também curta, é outra pedrada, com seus riffs fantásticos em sua intro e depois com o bumbo duplo de Donald Tardy, que depois coloca umas batidas mais core nas partes rápidas.
Se você está no vinil, é hora de virar o lado e o início da segunda metade se dá com “Words of Evil” é rápida e tosca, no bom sentido da palavra. Um Death Metal que nos deixa em um moshpit sem que haja amanhã. “Suffocation” já mostra os riffs arrastados que seriam característicos do Bitu, mas os caras não se esquecem das partes rápidas, o que deixa a música ainda mais linda.
A clássica “Intoxicated” chega e honestamente eu prefiro a forma com a qual eles a executam atualmente, com mais técnica, o que não quer dizer que devemos desprezar a versão original, que é muito boa, ainda que crua demais. A banda regravou essa faixa e a incluiu no álbum “Inked in Blood” (2014). “Deadly Intentions” é a faixa número dez e começa arrastadona para logo depois eles imprimirem uma velocidade contagiante ainda que breve e retomam aquele quase Doom que segue pesado e sombrio pelo restante da música.
A parte final do play é formada pela música favorita deste redator que vos escreve: “Bloodsoaked” é linda com esse início arrastado e os riffs simples, mas que só o Obituary (leia-se Trevor Peres) sabe fazer. Eles também regravaram essa música que entrou no álbum “Inked in Blood” e eles a deixaram ainda melhor, mais pesada e mais sombria. Perfeita. “Stinkpuss” é a faixa derradeira e praticamente instrumental, tem bons riffs e a parte rápida é simplesmente destruidora e em 35 minutos o Bitu passa pela prova de fogo que é a estreia, mostrou que não seria somente mais uma banda dentre tantas outras. A prova é que eles estão na ativa até hoje, à exceção de um hiato entre os anos de 1998 e 2003.
Uma curiosidade acerca deste álbum é que ele foi anunciado na época com uma tracklist completamente diferente da versão que acabou sendo lançada. A faixa “Intoxicated” havia sido deixada de fora e em seu lugar, estava a faixa “Cause of Death”, que acabou sendo lançada no segundo álbum, que ganhou o mesmo título. O aniversariante do dia é o único a contar com o baixista Daniel Tucker. O guitarrista Allen West iria sair da banda pouco tempo depois, mas voltaria para gravar o terceiro álbum, “The End Complete” e ficaria com a banda até o ano de 2006.
Em 1997, quando a banda já estava sob contrato com a Roadrunner, à época uma gigante, o álbum foi relançado, contendo duas faixas bônus, versões demo para “Find the Arise” e “Like the Dead”, esta última esteve presente na coletânea “Ranging Death”. E em 2003, novo relançamento, desta vez, em formato duplo, tendo também o álbum “Cause of Death”.
Começava assim a história dessa que é uma das mais importantes bandas de Death Metal. O Obituary foi se consolidando a cada play lançado, mas não fosse por essa pedra fundamental, não teríamos esses caras em ação até os dias de hoje. Felizmente eles lançaram um belo álbum no início deste 2023, o poderoso “Dying of Everything“. Então celebremos essa obra de arte, tocando-a no volume máximo.
Slowly We Rot – Obituary
Data de lançamento – 14/06/1989
Gravadora – R/C Records
Faixas:
01 – Internal Bleeding
02 – Godly Beings
03 – ‘Til Death
04 – Slowly We Rot
05 – Immortal Visions
06 – Gates to Hell
07 – Words of Evil
08 – Suffocation
09 – Intoxicated
10 – Deadly Intentions
11 – Bloodsoaked
12 – Stinkpuss
Formação:
John Tardy – vocal
Allen West – guitarra
Trevor Peres – guitarra
Donald Tardy – bateria
Daniel Tucker – baixo