Memory Remains

Memory Remains: Obituary – 35 anos de “Slowly We Rot” e o nascimento de um grande clássico do Death Metal

14 de junho de 2024

Em 1989 o mundo era completamente diferente deste que vivemos hoje. Não tínhamos redes sociais, muito menos internet. As notícias não tinham essa dinâmica que têm hoje em dia e vivíamos o final da guerra fria, tendo o ato final a queda do muro de Berlim que separava a capital alemã nos mundos capitalista e socialista. Na música, tínhamos o Obituary lançando “Slowly We Rot”, o disco de estreia, em 14 de junho daquele ano e hoje, 35 anos depois, ele é assunto do nosso Memory Remains desta sexta-feira. Sextou!

Embora gravado com afinação padrão e guitarras Stratocaster, o disco é considerado um dos mais pesados da banda até hoje. Os caras já estavam na ativa desde o ano de 1984, quando se apresentavam com o nome de Executioner e no ano de 1987, com uma ligeira mudança no nome da banda, agora chamada Xecutioner, a faixa “Find the Arise” foi lançada em uma compilação, chamada “Ranging Death”.

No ano de 1988, assumiram o nome que os tornaram famosos e assim partiram para a gravação do disco de estreia. Assinaram com a R/C Records, recrutaram o produtor Scott Burns e assim todos foram para o icônico estúdio “Morrisound Recording”, em Tampa, Florida. A masterização ocorreu no estúdio “Fullersound”, em Miami. Os irmãos Donald e John Tardy fizeram a mixagem.

Bolacha rolando, temos duração de álbum de Punk Rock, só que no caso aqui, é Death Metal de altíssima qualidade. São doze canções, que na versão do vinil, lançada originalmente, estão divididas, igualmente, seis de cada lado e algumas clássicas, que são lembradas até hoje nas apresentações da banda, tais como: “Internal Bleeding“, “‘Til Death“, a faixa-título, que obrigatoriamente fecha às apresentações, e “Intoxicated” e “Bloodsoaked“. Estas duas, aliás, ganharam uma releitura e entraram como bônus tracks do álbum “Inked in Blood“, lançado em 2014.

As guitarras são os grandes protagonistas. A dupla Trevor Peres com seus riffs simples, porém, eficazes, aliados à pegada do seu parceiro Allen West, fazem deste álbum mais que especial. Donald Tardy também já dava amostras de que seria um dos grandes destaques dentre os bateristas de Death Metal e seu irmão, John Tardy, já começava também a se destacar com seu vocal característico e único. Ninguém na cena tem o timbre vocal que John e é fácil identificá-lo em ação.

Uma curiosidade acerca deste álbum é que ele foi anunciado na época com uma tracklist completamente diferente da versão que acabou sendo lançada. A faixa “Intoxicated” havia sido deixada de fora e em seu lugar, estava a faixa “Cause of Death”, que acabou sendo lançada no segundo álbum, que ganhou o mesmo título. O aniversariante do dia é o único a contar com o baixista Daniel Tucker. O guitarrista Allen West iria sair da banda pouco tempo depois, mas voltaria para gravar o terceiro álbum, “The End Complete” e ficaria com a banda até o ano de 2006.

Em 1997, quando a banda já estava sob contrato com a Roadrunner, à época uma gigante, o álbum foi relançado, contendo duas faixas bônus, versões demo para “Find the Arise” e “Like the Dead”, esta última esteve presente na coletânea “Ranging Death”. Em 2003, novo relançamento, desta vez, em formato duplo, tendo também o álbum “Cause of Death”, o sucessor deste. Já em 2020, durante a pandemia de COVID-19, a banda tocou na íntegra os dois primeiros álbuns ao vivo, sem plateia, obviamente, pois estávamos em isolamento social, e ambos foram lançados separadamente. Nosso aniversariante do dia ganhou o título de “Slowly we Rot – Live & Rotting“.

Em 2014, a banda fez uma turnê, que, inclusive, passou pelo Brasil, onde tocou no Rio de Janeiro, São Paulo e no Abril Pró-Rock daquele ano. O setlist foi baseado nos três primeiros álbuns, além de três músicas de “Inked in Blood“, que na ocasião, estava para sair do forno. Das dezoito faixas que compunham o setlist, nada menos que seis eram de “Slowly we Rot“. Os brasileiros tiveram a oportunidade de acompanhar in loco, metade do play, e, automaticamente, um terço do show foi dedicado ao nosso homenageado do dia.

Começava assim a história dessa que é uma das mais importantes bandas de Death Metal. O Obituary foi se consolidando a cada play lançado, mas não fosse por essa pedra fundamental, não teríamos esses caras em ação. Hoje é dia de celebrar esse discaço no volume máximo enquanto aguardamos a banda gravar o sucessor do ótimo álbum “Dying of Everything“. Longa vida ao “Bitu”.