Memory Remains

Memory Remains: Pantera – 31 anos de “Vulgar Display of Power” e a afirmação como uma das gigantes dos anos 1990

Memory Remains: Pantera – 31 anos de “Vulgar Display of Power” e a afirmação como uma das gigantes dos anos 1990

25 de fevereiro de 2023


O Memory Remains deste sábado vai tratar do 31° aniversário de “Vulgar Display of Power“, do Pantera. Para alguns, o 6° disco da banda. Para a maioria, e eu me incluo neste grupo, é o segundo disco da banda que junto com o Sepultura, revolucionou a década de 1990.

A banda já vinha em evolução musical desde a entrada de Phil Anselmo, no álbum “Power Metal” (1988), mas foi em “Cowboys From Hell“, de 1990, que a banda começou a ganhar certa notoriedade. O aniversariante do dia seria a afirmação da banda, que se tornaria gigante a partir dali.

O baterista Vinnie Paul certa vez falou sobre “Vulgar Display of Power“, o qual ele considerava ser praticamente o som definitivo do Pantera. Isso porque segundo ele, o Metallica decepcionou os fãs com o álbum preto em 1991 e isso os motivou a tentar fazer o álbum mais pesado de todos os tempos.

Eles que já haviam trabalhado com o produtor Terry Brown em “Cowboys From Hell” e parecia ser automática a escolha por continuar com esse produtor. Assim sendo, todos se reuniram novamente no “Pantego Sound Studio” durante o ano de 1991. Antes de entrar em estúdio, a banda produziu uma demo com três faixas: “A New Level“, “No Good (Attack the Radical)” e “Regular People (Conceit)”. As demais músicas foram escritas durante as sessões de gravações do aniversariante do dia. Eles foram convidados para tocar com o Metallica e o AC/DC no Monsters of Rock de Moscou naquele ano de 1991 e deram uma pausa nas gravações para marcarem presença no festival. Depois voltaram para concluir as gravações e seguiram para Nova Iorque, onde o álbum foi masterizado. Vamos colocar a bolacha para rolar, porque a ansiedade é enorme.

Abrindo o play temos a clássica e nervosa “Mouth for War“, perfeita do início ao fim, tendo o Groove como principal atrativo durante quase toda a sua extensão, mas descambando para o Thrash no final, que se torna épico. “A New Level” tem uma intro cabulosa, as estrofes rápidas e o refrão pesado e grooveado. Perfeita. Tão perfeita que até Madonna prestou uma breve homenagem à banda, em uma apresentação ao vivo. Se até a diva Pop gosta, por quê nós headbangers também não iríamos gostar desse hino, não é mesmo?

A seguir temos um dos maiores clássicos do Pantera: “Walk” e seus riffs assombrosos que se repetem à exaustão. Quem nunca se pegou cantarolando o refrão “Res-pect/ Walk/ what did you said?/ Res-pect/ Walk/ Are you talking to me?” Simplesmente fantástica. A faixa número 4 é a não menos maravilhosa “Fucking Hostile”, que é curta e grossa, direta e reta com seus toques de Thrash Metal moderno. Essa foi a faixa que mais me chamou atenção quando ouvi pela primeira vez e o clipe você pode assistir logo acima deste parágrafo.

This Love” é a faixa da vez e essa mostra toda a versatilidade da banda em alternar partes harmônicas com partes mais pesadas e a grande estrela dessa música aqui é Phil Anselmo, que mistura vocais limpos com seus urros mais insanos. Essa foi bastante veiculada na MTV, sim, aquela que tentava matar o Heavy Metal. “Rise” anuncia a segunda parte de um disco implacável e seu Thrash Metal vigoroso que temos na intro, repetindo se no refrão, já vale a pena. O Groove das estrofes também não fica atrás. E no solo, uma grande demonstração de que o Pantera foi uma das poucas bandas com apenas um guitarrista que não decepcionava, pois Rex Brown segurava muitíssimo bem a onda e não deixava espaços, era uma característica marcante do Pantera. Sensacional.

No Good (Attack the Radical)” é a faixa número 7 e aqui o Groove volta a reinar com tudo em uma canção pesada e de impacto. E se esse álbum tem o dom de dificultar a minha escolha quanto a melhor canção, a faixa que vem a seguir consegue me fazer optar por ela. Falo de “Living in a Hole“, essa música com um dos riffs mais mortais do Pantera, onde temos um Dimebag Darrell inspirado e insano nas seis cordas. Absurdamente linda.

Regular People (Conceit)” tem também ótimos riffs, que aparecem tanto na intro quanto no refrão e no final as coisas ficam mais velozes, beirando novamente o Thrash Metal. Fenomenal. “By Demons be Driven” nos deixa um pouco tristes e não é porque ela é uma música ruim, até porque ela é o oposto disso, é fantástica. A razão da tristeza é pela simples razão de ser a penúltima música do petardo e aqui temos um lindo duelo entre Dimebag Darrell simplesmente endemoniado com seus riffs pesados e um Phil Anselmo que berra feito um louco lutando para não entrar no hospício.

Hollow” é a faixa derradeira e o final é simplesmente épico, com uma música que mais se parece uma balada, lentinha e com boas harmonias, mostrando a versatilidade dos músicos do Pantera. Mas o final é arrebatador com riffs pesados e intensos. E com esse clima de quero mais que “Vulgar Display of Power” se despede. Um disco que não tem uma música ruim.

São 52 minutos de um intenso ataque sonoro, um álbum que marcou uma geração e que segue envelhecendo muito bem, obrigado. Esse álbum ajudou o Pantera a se consolidar como um dos pilares do Heavy Metal nos anos 1990. Após o lançamento, a banda decolou após sair em turnê com o Skid Row e o Soundgarden pelos Estados Unidos e depois com o Megadeth pela Europa, garantindo assim mais visibilidade, e consequentemente, mais fãs mundo afora .

Vulgar Display of Power” chegou ao 44° lugar na “Billboard 200”, onde permaneceu por 70 semanas, sendo assim o disco do Pantera que por mais tempo permaneceu na maior parada musical do mundo. No Reino Unido, o álbum chegou ao 64° lugar; na Alemanha, alcançou ao 69° lugar e no Japão ficou no 54° lugar. Em 2012, na edição de comemorativa dos 20 anos, o álbum retornou à “Billboard“, chegando à 48ª posição. A música “Mouth for War” foi a primeira faixa da banda a figurar nas paradas musicais, chegando ao 73° lugar no Reino Unido, enquanto que “Walk” chegou ao 35° lugar, em 1993.

Não somente isso, o álbum é o mais vendido da discografia da banda, sendo certificado com Disco de Ouro no Canadá e no Reino Unido, Platina na Austrália e duplo Platina nos Estados Unidos. A revista “Rolling Stone” classificou o disco em 10° lugar na sua lista dos “100 álbuns de Heavy Metal de Todos os Tempos“. Além de toda a influência que suas músicas deixaram, é um rico legado.

A minha relação com esse disco é de muito carinho. Foi o segundo disco de Metal que eu ouvi na vida, quando era um adolescente na sétima série do ensino fundamental. Lembro que matava aula para ir na casa de um colega de classe para ouvir esse play. Depois de um tempo, ele me emprestou o disco e quando eu fui devolver, ele havia se mudado, então acabei ficando com o CD, o que acabou sendo um presentão, que guardo comigo até hoje. Não dou, não empresto, não vendo por dinheiro nenhum.

Um baita play, que passou dos 30 anos e mantém um corpinho de 20. Hoje é dia de celebrarmos esse disco. Hoje temos Phil Anselmo e Rex Brown fazendo shows em tributo ao Pantera, com direito a apresentações no Brasil e cancelamentos em festivais na Alemanha por conta da postura neonazista de seu frontman. O tributo é válido, só não vale chamar essa banda de Pantera, porque de fato, não é. Ainda que tenhamos na formação, monstros como Charlie Benante e Zakk Wylde. Sabemos que o real Pantera só existiu com os irmãos Abott e eles morreram sem querer esta reunião. Mas a história da banda está aí e é nosso papel mantê-la viva. Então vamos ouvir esse álbum no talo porque ele merece. E muito

Vulgar Display of Power – Pantera

Data de lançamento – 25/02/1992

Gravadora – Atco

 

Faixas:

01 – Mouth for War

02 – A New Level

03 – Walk

04 – Fucking Hostile

05 – This Love

06 – Rise

07 – No Good (Attack the Radical)

08 – Living in a Hole

09 – Regular People (Conceit)

10 – By Demons be Driven

11 – Hollow

 

Formação:

Phil Anselmo – vocal

Dimebag Darrell – guitarra

Rex Brown – baixo

Vinnie Paul – bateria