Há 40 anos, em 27 de fevereiro de 1984, o Queen lançava “The Works“, o álbum de número onze na discografia desta, que é uma das maiores bandas de Rock de todos os tempos. E claro que o nosso Memory Remains desta terça-feira não vai deixar passar em branco.
O Queen não vivia um bom momento: o álbum anterior, “Hot Space“, que foi um grande fracasso de vendas e crítica. A banda fez uma pausa, mas antes pensou em uma turnê pela América do Sul, uma vez que em 1981, os shows por aqui foram um verdadeiro sucesso. Eles se juntaram para o início do processo de criação do álbum em agosto de 1983 e as gravações terminaram em janeiro de 1984. O clima entre eles era o pior possível e o guitarrista Brian May falou sobre esse período, em uma entrevista, no ano de 1985. Aspas para ele:
“Durante as gravações de The Works, chegamos ao ponto de odiarmos uns aos outros. A tensão gerada pela guerra de egos foi tanta que eu mesmo saí e voltei para a banda diversas vezes”.
O álbum foi gravado em dois estúdios: o Record Plant Studio, em Los Angeles abrigou as primeiras etapas (foi a primeira vez que a banda gravou em território estadunidense) e foi finalizado no Musicland Studios, em Munique, Alemanha. Mais uma vez a produção era dividida entre os membros da banda e Reinhold Mack. O título do álbum veio depois que o baterista Roger Taylor teria dito a frase “vamos dar-lhes o trabalho”, quando começaram a gravar as músicas do vindouro álbum.
A banda rompeu o contrato que tinha com a gravadora Elektra, que lançava e distribuía seus álbuns nos Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália, enquanto que a EMI cuidava do lançamento no restante do mundo. Desta vez, a banda assinou com a Capitol, que era a filial estadunidense da EMI, sendo assim, “The Works” foi o primeiro disco do Queen a sair por essas duas gravadoras. Na mesma época, eles receberam uma proposta para compor a trilha sonora do filme “The Hotel New Hampshire“, ao mesmo tempo que fariam o aniversariante do dia. Entretanto, eles se viram concentrando mais seu tempo na trilha do filme do que propriamente no álbum novo. O projeto da trilha sonora não deu muito certo e apenas uma música composta deste período foi aproveitada no álbum: “Keep Passing the Open Windows”.
Bolacha rolando e temos um álbum bem curto: são nove faixas espalhadas em 37 minutos de duração e pelo menos três grandes clássicos: “I Want to Break Free“, “Radio Ga Ga” e “Hammer to Fall“. “Radio Ga Ga” foi o primeiro single e “I Want to Break Free” causou polêmica nos Estados Unidos por conta de seu videoclipe, onde os integrantes apareciam vestidos de mulheres e a banda optou por não fazer sua turnê passar por lá. Ainda sobre essa belíssima música, quando o Queen passou pelo Brasil para tocar na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, a já falecida repórter Glória Maria passou por uma situação vexatória, ao perguntar para Freddie Mercury se a música era dedicada à comunidade gay (N.do R: estamos utilizando a nomenclatura da época, hoje sabemos que a comunidade é conhecida por LGBTQIAPN+) e ele disse que a música foi composta por John Deacon e o real sentido da composição. Ele ficou bem irritado, como o caro leitor poderá ver no vídeo abaixo:
Mesmo com a banda boicotando os Estados Unidos, o álbum foi muito bem por lá: ficou em 23° na “Billboard 200“. No resto do mundo, o álbum também foi muito bem, obrigado: 1° lugar nos Países Baixos, 2° na Áustria, Europa e Reino Unido, 3° na Alemanha, Suécia e Suíça, 4° na Itália, 7° no Japão e na Finlândia, 9° na Nova Zelândia, 14° na França, 16° na Austrália e 22° no Canadá. No Reino Unido, apesar de não ter alcançado o topo, passou 94 semanas figurando na categoria de álbuns de Rock, uma marca que nenhum álbum do Queen conseguiu. O álbum foi certificado com Disco de Ouro na Dinamarca, França, Itália, Países Baixos, Espanha e Estados Unidos; Triplo Ouro na África do Sul, Platina na Áustria, Austrália, Alemanha, Polônia, Suíça e Reino Unido.
A turnê deste álbum foi marcada pela já citada apresentação, melhor dizendo, apresentações, no Rock in Rio, pois foram duas, no mês de janeiro de 1985, apresentações históricas e que ficou marcada pelo público cantando “Love of my Life” a plenos pulmões. E em julho, a mais conhecida e entendida como a melhor performance dentre todas as do Queen em todos os tempos, que foi a breve apresentação de 20 minutos, no Live Aid, naquele 13 de julho de 1985, data que os brasileiros escolheram como o “dia mundial do Rock”, um mundial que só é reconhecido em nosso país. Esta apresentação foi retratada no multipremiado filme “Bohemian Rhapsody“.
Se não é tão brilhante quanto “A Night at the Opera” ou “A Day at the Races“, “The Works” trouxe o Queen de volta aos trilhos, principalmente depois de ter feito um álbum ruim, que se distanciava do Rock. Aqui, eles trouxeram o Rock de volta, com diversas outras influências. E é por isso que devemos celebrar o mais novo quarentão do Rock, escutando-o no volume máximo.
The Rocks – Queen
Data de lançamento – 27/02/1984
Gravadoras – EMI/ Capitol
Faixas:
01 – Radio Ga Ga
02 – Tear It Up
03 – It’s a Hard Life
04 – Man On The Prowl
05 – Machines (or ‘Back to Humans)
06 – I Want To Break Free
07 – Keep Passing The Open Windows
08 – Hammer To Fall
9 – Is This the World We Created…?
Formação:
Freddie Mercury – vocal/ piano/ teclado/ sampler
Brian May – guitarra/ vocal/ guitarra/ teclado
John Deacon – baixo/ vocal/ guitarra/ programação
Roger Taylor – bateria/ vocal/ teclado/ sampler/ programação