Memory Remains

Memory Remains: Queensryche – 36 anos de “Operation: Mindcrime” e a grande ópera do Prog Metal

Memory Remains: Queensryche – 36 anos de “Operation: Mindcrime” e a grande ópera do Prog Metal

3 de maio de 2024


Há 36 anos, em 3 de maio de 1988, o Queensryche lançava “Operation: Mindcrime“, o terceiro da discografia da banda e o mais influente desta vertente que é o Progressive Metal e, claro, é tema do nosso Memory Remains desta sexta-feira. Venha conosco.

Se no álbum antecessor, “Rage of Order”, o Queensryche apostou em uma sonoridade mais Progressiva, eles mantiveram a pegada, que desta vez deu ainda mais certo do que no play lançado dois anos antes. A grande diferença está no conteúdo lírico: no anterior, os temas eram sociais, políticos e tecnológicos, com duras críticas à robótica e aos perigos da inteligência artificial, que hoje é tão explorada. No aniversariante do dia, a banda resolveu escrever um álbum conceitual, cuja história gira em torno de um homem com dependência química de heróina.

O Queensryche havia feito turnês, onde tocou, fazendo a abertura dos shows de bandas do gabarito de Ratt, AC/DC, Bon Jovi e Ozzy Osbourne, onde a sonoridade do quinteto não se enquadra muito. Entretanto, os empresários da banda queriam navegar na onda do Glam Metal e tentaram fazer com que o Queensryche tirasse uma casquinha de todo o hype que estava acontecendo em torno deste subgênero. Tão logo a agenda foi cumprida, os integrantes se reuniram para começar a escrever o vindouro álbum.

A história gira em torno de Nikki, como dissemos acima, um sujeito viciado em heróina e que, desiludido com os rumos da sociedade de sua época, se junta a um grupo revolucionário e acaba assassinando alguns líderes políticos. O vocalista Geoff Tate foi quem idealizou a história e teve a ideia depois que se mudou para Montreal, no Canadá. Lá chegando, fez amizade com membros de um movimento separatista do Quebec, que cometiam atos como bombardeio e terrorismo. Ele também utilizou de exemplos de amigos seus que tiveram problemas com drogas. Ele precisou convencer individualmente cada um dos seus companheiros de banda. Chris DeGarmo logo se empolgou com a ideia, e assim, os demais membros acabaram se convencendo e o vocalista desenvolveu sua história. História essa que foi continuada e aparentemente concluída 18 nos mais tarde, no álbum “Operation: Mindcrime II“, quando Chris DeGarmo não estava mais na banda.

Não foi uma obra fácil de ser concebida, o álbum levou dois anos para ficar completo. Eles se reuniram no estúdio Kajern/ Victory Studios, na Pensylvania e também no Le Studio, em Quebec, no Canadá. Eles trocaram mais uma vez de produtor: Peter Collins era o terceiro a produzir um play. Ele substituiu Neil Kermon, que havia trabalhado com a banda em “Rage for Order“. Eles passaram o segundo semestre do ano de 1987 e o início de 1988 trancafiados para produzir essa super obra.

Bolacha rolando, temos 15 canções em 59 minutos e o ápice da criatividade da banda. O sucesso comercial foi no álbum sucessor, o não menos excelente “Empire“, mas o reconhecimento veio em “Operation: Mindcrime“. A recepção calorosa da crítica, que comparou o álbum à grandes clássicos como “Quadrophenia“, do The Who e até mesmo “The Dark Side of the Moon“, do Pink Floyd. Os fãs consideram o álbum o melhor dentre todos já lançados pelo Queensryche e é uma referência para gente como nosso saudoso e imortal Andre Matos e o pessoal do Avenged Sevenfold, que recentemente foi anunciado como atração principal do dia do Rock na próxima edição do Rock in Rio.

Nos charts mundo afora, o álbum obteve bons resultados: 13° na Finlândia, 21° na Suíça, 25° na Suécia, 29° nos Países Baixos, 40° na Alemanha, 50° na “Billboard 200“, 64° no Japão e 75° no Canadá. Em 2021, o álbum apareceu nas paradas belgas, figurando na 111ª posição. No ano de 1991, muito provavelmente influenciado pelo sucesso avassalador do álbum “Empire“, “Operation: Mindcrime” foi certificado com Disco de Platina nos Estados Unidos. Em 1990, a música “I Don’t Believe in Love” foi indicada ao Grammy Awards, na categoria “Melhor Performance Metal”.

No ano de 2016, a Classic Rock nomeou-o entre os “10 álbuns essenciais de metal progressivo”. Em janeiro de 2017, a Loudwire classificou “Operation: Mindcrime” como o melhor álbum de heavy metal de 1988. Em junho de 2017, a Rolling Stone colocou-o em 67º lugar em sua lista dos “100 Maiores Álbuns de Metal de Todos os Tempos”. Enfim, são muitos os reconhecimentos para um álbum que marcou época e segue sendo uma referência, quase quarenta anos depois.

Em 6 de maio de 2003, o álbum foi remasterizado e relançado com duas faixas bônus: “The Mission” e “My Empty Room”, ambas versões ao vivo. Em 2006, o álbum foi relançado mais uma vez, desta feita com um box set, trazendo CD duplo mais DVD. Ambas as versões foram lançadas pela Capitol. Antes disso, em 1990, o Queensryche fez algumas apresentações ao vivo, onde tocou “Operation Mindcrime“, na íntegra, tendo a cantora Pamela Moore como convidada. Tudo foi registrado e lançado com o título de “Operation: Livecrime“.

Atualmente o Queensryche ainda permanece na ativa, mesmo sem lançar álbuns tão marcantes quanto o nosso homenageado. Hoje é dia de celebrar esse grande clássico do Progressive Metal, escutando-o no volume máximo enquanto nos sentimos honrados por ter nascido na mesma geração destes cinco gênios.

Operation: Mindcrime – Queensryche 

Data de lançamento – 03/05/1986

Gravadora – EMI

 

Faixas:

01 – I Remember Now

02. – Anarchy-X 

03 – Revolution Calling

04 – Operation: Mindcrime

05 – Speak

06 – Spreading the Disease

07 – The Mission 

08 – Suite Sister Mary

09 – The Needle Lies 

10 – Electric Requiem 

11 – Breaking the Silence 

12 – I Don’t Believe in Love

13 – Waiting for 2201

14 – My Empty Room

15 – Eyes of a Stranger

 

Formação:

Geoff Tate – vocal

Chris DeGarmo – guitarra/ violão/ sintetizadores

Michael Wilton – guitarra/ violão

Eddie Jackson – baixo

Scott Rockenfield – bateria/ percussão/ teclados em “Electric Requiem”

 

Participações especiais:

Pamela Moore – vocal adicional

Anthony Valentine – vocal adicional

Debbie Wheeler – vocal adicional

Mike Snyder – vocal adicional

Scott Mateer – vocal adicional

Michael Kamen – coro/ cello