Memory Remains

Memory Remains: Rush – 42 anos de “Signals” e os problemas de relacionamento entre banda e produtor

9 de setembro de 2024


Há 42 anos, em 9 de setembro de 1982, o Rush lançava “Signals“, o nono álbum do maior Power-trio da história da música e que é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira. Vamos contar um pouco da história deste álbum.

O trio vinha do seu mais bem sucedido álbum de sempre, o poderoso “Moving Pictures” e tendo um álbum ao vivo entre esse citado e o aniversariante do dia, o igualmente ótimo “Exit… Stage Left“, o segundo registro da banda nos palcos. O processo de composição do álbum começou durante a turnê e foi se intensificando durante a mixagem do referido álbum ao vivo. “Signals” mostra a banda se aprofundando na sonoridade mais comercial, que foi timidamente adotada no álbum anterior, além de ser o marco do uso dos sintetizadores, que parecia ser algo definitivo, mas, felizmente, abandonada por completo durante a década de 1980, mas, felizmente, abandonada na década seguinte.

A turnê se encerrou em julho de 1981 e como eles conseguiram escrever algum material durante esta, eles conseguiram gravar em fitas um pouco do que viria a ser as músicas de “Signals“. Entre setembro e dezembro do mesmo ano, o trio saiu em turnê pela América do Norte e Europa, já incluindo a música “Subdivisions“. Geddy Lee havia afirmado que seria fácil e cômodo a banda apostar na bola de segurança e escrever um novo “Moving Pictures“, mas eles optaram em ousar. Lee continua, dizendo que esse álbum foi o início de uma nova era para a banda, pois eles estavam deixando de dar maior destaque às guitarras, para privilegiar os teclados e sintetizadores, como muitas das bandas contemporâneas passaram também a fazer.

Este foi também o último álbum a contar com a produção de Terry Brown, parceiro de longa data e com quem o Rush trabalhou desde o álbum de estreia, em 1974. O produtor juntou se a banda no Le Studio, em Quebec, entre abril e meados de julho de 1982 gravando o vindouro play. É importante frisar que parte do material que virou “Signals” foi inicialmente escrito para se tornar material solo tanto de Geddy Lee quanto de Alex Lifeson, mas acabaram por se tornar material do Rush.

O produtor estava insatisfeito com a decisão do trio em apostar nos sintetizadores e a banda estava insatisfeita com a forma com que Terry Brown lidou com todos durante as gravações do disco e em 1983, eles romperam. O impacto da saída de Brown foi tanto que o título do álbum subsequente foi “Grace Under Pressure“, que Neil Peart pegou emprestada de uma frase de Ernest Hemingway, que dizia “coragem é graça sob pressão”, para descrever a situação vivida com a dispensa de seu ex-produtor.

A capa, bem simples, tem uma fotografia de um cão da raça dálmata, cheirando um hidrante. O crédito da foto é para Deborah Samuel, enquanto que todo o conceito é ideia do artista Hugh Syme. A curiosidade para que a fotógrafa conseguisse encontrar o momento perfeito para clicar o cãozinho cheirando o hidrante foi colocar biscoitos caninos embaixo do referido hidrante, aguçando assim o olfato do animal e possibilitando a imagem. Deborah fez o registro a partir do telhado do seu estúdio.

O play tem oito faixas e 43 minutos, dentre as quais, podemos destacar “Subdivisions“, “The Analog Kid“, “Digital Man” e “New World Man“, canções que por muito tempo estiveram presentes nas apresentações da banda, mesmo quando eles deixaram essa época dos sintetizadores para trás. O Rush nunca lançou um álbum ruim, é bom deixar isso bem claro, se “Signals” não é um dos álbuns mais notáveis do trio, também não é desprezível.

Signals” se distancia bastante do antecessor, mas que tem seus bons momentos. A partir deste, a banda mergulhou na sonoridade mais moderna durante o restante da década. A recepção foi bem mista, tendo a Rolling Stone criticado a banda, chamando o play de “um esforço desperdiçado”. Já a All Music teceu elogios, sobretudo pela coragem da banda em arriscar tudo nos sintetizadores. O álbum alcançou o topo das paradas canadenses, ficou em 3° no Reino Unido, 10° na “Billboard 200”, 19° na Suécia, 31° na Holanda e 33° na Noruega. Foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido e Platina no Canadá e nos Estados Unidos.

Nosso aniversariante do dia foi relançado em três oportunidades: em 1994 saiu em CD, em 2011 em CD e DVD; em 2015, saiu em versão vinil e nas plataformas digitais, e por fim, novo relançamento, no ano de 2023, quando ganhou versões em CD, Blu-ray e digital. É um álbum de extrema importância na carreira do Rush.

Hoje é dia de celebrar mais um aniversário deste álbum que envelhece bem, obrigado. Não sabemos se o Rush algum dia vai voltar, temos alguns indícios de que Alex Lifeson e Geddy Lee pretendem voltar a tocar juntos, só não sabemos se será sob o nome de Rush. De qualquer forma, a história do trio está escrita e cabe a nós somente manter vivo esse legado.

Signals – Rush

Data de lançamento – 09/09/1982

Gravadora – Anthem

Faixas:

01 – Subdivisions

02 – The Analog Kid

03 – Chemistry

04 – Digital Man

05 – The Weapon (Part II of Fear)

06 – New World Man

07 – Losing it

08 – Countdown

 

Formação:

Geddy Lee – baixo/ vocal/ sintetizadores/ teclado

Alex Lifeson – guitarra/ violão

Neil Peart – bateria/ percussão/ vocal em “Subdivisions

 

Participação especial:

Ben Mink – violino elétrico em “Losing it”