Há 45 anos, em 29 de outubro de 1978, o Rush lançava “Hemispheres“, o 6° disco da carreira do maior Power-Trio da história da música. E o Memory Remains deste domingo vai dar atenção especial a essa clássico do Rock Progressivo dos anos 1970. Vamos te contar um pouco da história deste play, venha conosco.
Em maio de 1978, o trio encerrou sua turnê de 9 meses que passou por Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, para a divulgação do álbum anterior, que tinha em “Closer to the Heart” o seu grande hit, que alcançou a 36ª posição na categoria de singles do chart britânico. Após um breve período de pausa, eles se reuniram para o processo de composição e gravação do novo play. Eles se reuniram no “Rockfield Studios”, no País de Gales, com o companheiro de longa data, Terry Brown assinando a produção. A escolha por um estúdio no Reino Unido, segundo Geddy Lee, foi uma opção natural, uma vez que ele afirmou também que a banda foi influenciada por bandas britânicas. Banda e produtor ficaram trancafiados no estúdio entre junho e julho de 1978, até então, o maior período que a banda ficou gravando.O estúdio é o mesmo onde uma banda brasileira iria gravar o disco que mudaria seu destino. Claro que estamos falando do Sepultura e mais óbvio ainda que o álbum em questão é o “Chaos A.D.”, que completou 30 anos recentemente. Após o término do gravação, os músicos tiraram seis semanas de férias. Neil Peart certa vez lembrou que todos estavam exaustos ao final do processo. Geddy Lee, por sua vez, afirmou que toda a banda subestimou o nível de superação que almejavam. Bom, vamos dissertar sobre o aniversariante do dia.
Botando a bolacha para rolar… São apenas 4 canções, que fazem com que o disco mais se pareça com um EP do que propriamente um full- lenght. A faixa número 1, “Cygnus X-1 (Book II: Hemispheres)” tem 18 minutos e é subdividida em seis partes. A sonoridade é bastante crua, porém, com a técnica que conhecemos do Rush. No vinil, ela ocupa toda a extensão do lado A, portanto se você está ouvindo a velha bolacha grande, é hora de virar o lado para prosseguir com a audição.
“Circumstances“, a faixa número dois é bem menor que a anterior e também a mais curta do play, com menos de 4 minutos e traz a mesma vibe que a banda usou no álbum “Fly by Night“. Ou seja, é uma música que por si só já nos dá a garantia de que ela é boa o suficiente, pois estamos falando de Rush. “The Trees” é uma das músicas mais versáteis de toda a carreira dos canadenses e também pertence ao rol das clássicas do grupo, vez por outra estava presente nas apresentações ao vivo. Ela começa com o dedilhado de violão de Lifeson e a voz de Lee, até que Peart entre em cena e as guitarras elétricas tomam o protagonismo e o nosso baterista insere viradas espetaculares, dando à música o seu clima único. Perfeita.
O play já está chegando ao final, mas não sem antes mais um clássico para nos dar ainda mais prazer em escutar o disco: “La Villa Strangiato (An Exercise in Self-Indulgence)“. Com seus nove minutos de extensão e dividida em doze partes, ela é inteiramente instrumental e nos leva a uma viagem fantástica, seja nas partes mais pesadas ou nas mais psicodélicas. São 36 minutos, duração de disco de Punk Rock, mas é a nata do Rock Progressivo nos brindando com o melhor do que uma banda extremamente técnica pode nos apresentar. “Hemispheres” foi super aclamado pela crítica e é reconhecido como um dos melhores discos de Rock Progressivo dos anos 1970.
Para divulgar o play, a banda saiu em turnê que contemplou Canadá, Estados Unidos e Europa, que tiveram início em outubro de 1978 e se findaram em junho de 1979. Uma das apresentações, no festival Pinkpop, foi gravada e lançada na edição de 40 anos de “Hemispheres“, em 2018, como CD bônus, sendo essa um dos vários relançamentos do álbum ao longo da história. “Hemispheres” foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido e Platina nos Estados Unidos e Canadá. Nos charts, 14° no Canadá e no Reino Unido, 47° na “Billboard 200” e 178° na Holanda. São bons números tendo em conta que se trata de um álbum de Rock Progressivo e com músicas mais longas do que o normal. Mais do que isso, o álbum é um março dessa banda que não lançou nenhum disco ruim durante seus quase cinquenta anos de duração.
A capa é assinada pelo artista Hugh Syme e a figura, que consiste em um homem do lado esquerdo de um cérebro humano, olhando para um outro homem nu em posição de balé, é inspirada na pintura “The Son of Man“, de René Magritte. A ideia foi de Neil Peart, que refletia sobre os lados direito e esquerdo, além das partes apolínea e dionisíaca do cérebro. Syme pegou o cérebro emprestado da faculdade de Medicina de Toronto para fotografar e depois construir a imagem final da capa.
Enfim, um ótimo álbum lançado por esta que certamente foi a maior banda de Progressivo que já passou pelo mundo e hoje é dia de celebrar não só o disco, mas tudo que estes três gênios, Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart fizeram. O Rush deveria ser ensinado mas escolas. E a gente faz o que pode para manter vivo esse rico legado.
Hemispheres – Rush
Data de lançamento – 29/10/1978
Gravadora – Anthem
Faixas:
01 – Cygnus X-1 (Book II: Hemispheres)
02 – Circumstances
03 – The Trees
04 – La Vila Strangiato (An Exercise in Self- Indulgence)
Formação:
Geddy Lee – vocal/ baixo/ sintetizadores
Alex Lifeson – guitarra
Neil Peart – bateria/ percussão