Em 3 de março de 2001, o Savatage lançava “Poets and Madmen“, o 11° e derradeiro álbum de sua discografia. Vamos contar um pouco da história desse play no nosso Memory Remains desta segunda-feira.
Com “Poets and Madmen“, o Savatage encerrava um jejum de 4 anos sem lançar álbuns de inéditas. O último álbum havia sido “The Wake of Magellan“. Neste intervalo, a banda excursionou, passando inclusive pelo Brasil em 1998, tocando na última edição do Monsters of Rock, ao lado de Megadeth, Slayer, Saxon, Manowar, Dream Theater, Glenn Hughes, Korzus e Dorsal Atlântica. Duas coletâneas também foram lançadas neste período, “The Best and the Rest” (1997) e “Believe“, esta lançada apenas no Japão em 1998.
O processo de gravação foi bastante demorado e ocorreu entre 1999 e 2001. A banda ficou esse tempo todo reunida em dois estúdios: o Soundtrack Studios e o Studio 900, ambos em Nova Iorque. A produção foi assinada por Jon Oliva e pelo saudoso Paul O’Neill. Vários convidados participaram das gravações, sendo o guitarrista Al Pitrelli o nome mais notável dentre os participantes. Ele que havia gravado os dois álbuns anteriores do Savatage, havia saído da banda para assumir o lugar deixado por Marty Friedman no Megadeth e ainda assim, aceitou gravar alguns solos e foi devidamente creditado.
Apesar de não ser um álbum 100% conceitual, traz algumas letras inspiradas na vida e morte do fotojornalista Kevin Carter, vencedor do prêmio Pulitzer de fotografia no ano de 1993. Nas letras que remetem a Kevin Carter, a história fala de três amigos que invadem uma instituição mental abandonada e lá encontram um fotojornalista. Ele havia parado nesta casa pois havia sofrido uma crise de consciência pela foto que ele registrou de uma criança faminta na África. Parte da história é verdadeira, exceto pela internação. O rapaz cometeu suicídio no ano de 1994.
O aniversariante do dia marca o retorno de Jon Oliva ao posto de vocalista principal da banda. Ele não cantava desde o álbum “Streets: a Rock Opera” (1991), cedeu o posto para Zachary Stevens, que ficou com o grupo até o ano de 2000, quando saiu amigavelmente, alegando que queria passar mais tempo com a sua família. Oliva estava concentrado apenas no teclado, mas ele atuou como baterista e baixista da banda que ele fundou.
O álbum é bastante longo, tendo mais de 62 minutos em sua edição tradicional. A versão estadunidense conta com uma faixa bônus: “Shotgun Innocence“, que havia sido lançada como faixa bônus da edição japonesa do clássico “Edge of Thorns” (1993). Antigamente o Japão tinha o privilégio de sempre contar com uma faixa bônus em suas edições, o que tornava diferenciado. Essa faixa teve o vocal gravado por Zachary Stevens e Chriss Oliva tocou guitarra, e por isso ambos são creditados na versão que saiu nos Estados Unidos. No Brasil, a bolacha foi lançada pela Rock Brigade Records e ganhou duas faixas bônus: a própria “Shotgun Innocence” e “Jesus Saves“.
Se “Poets and Madmen” não é tão aclamado quanto os álbuns “Sirens” (1983), “Hall of the Mountain King” (1987) e o próprio “Edge of Thorns“, ele tem seus bons momentos, como as faixas “Commissar“, “Drive” e “The Rumor“. A banda sabe explorar o melhor de seus integrantes e eles praticaram seu Metal Progressivo de maneira bastante satisfatória por aqui. A produção é impecável e a capa, belíssima, por sinal, é assinada pelo artista Edgard Jerins, que havia trabalhado também em “Dead Winter Dead” e em “The Wake of Magellan“.
O play figurou em alguns charts pelo mundo: 7° lugar na Alemanha, 49° na categoria de álbuns independentes da “Billboard“, 70° na Áustria, 95° na Holanda e 97° no Top 100 da Suíça. O single “Comissar” figurou na 88ª posição na Alemanha. Números modestos, mas perfeitamente compreensíveis, por se tratar de uma banda de Metal Progressivo, que é muito nichado. Bandas desta vertente não costumam ser tão populares e é aquela velha máxima: quem não ama, odeia.
A banda caiu na estrada e o guitarrista Jack Frost foi recrutado para tocar ao vivo. Porém, ele não ficou por muito tempo e com o acidente que deixou Dave Mustaine impossibilitado de tocar com o Megadeth, Al Pitrelli acabou retornando ao Savatage, mas a banda entrou em hiato em 2002. Retornou para uma única apresentação no icônico Wacken Open Air de 2015, hibernando logo depois deste festival.
Depois disso, Jon Oliva deu sequência ao projeto Trans Siberian Orchestra, que na prática reúne os membros do Savatage e outros nomes do Rock e Metal, para tocar composições com direcionamento diferente do próprio Savatage. Há quem considere o TSO como continuação do Savatage, o que é uma besteira sem o menor sentido. Em 2020, Al Pitrelli deu uma entrevista dizendo que ele e Jon Oliva estariam trabalhando em uma material a ser lançado sob o nome de Savatage e que seria o sucessor de “Poets and Madmen“. Isso vai ao oposto do que Jon Oliva, que certa vez disse que depois que seu irmão Chriss faleceu, o Savatage perdeu o sentido para ele. Aguardemos o desenrolar dos fatos.
Enquanto não há um anúncio oficial do retorno da banda, a gente celebra o aniversário deste álbum. Já são 22 anos desde seu lançamento, passou tão rápido que parece que foi ontem. O Savatage deixou muitas saudades e nós vamos fazendo a nossa parte, ajudando a manter vivo o legado desta banda que foi tão importante dentro de seu estilo. Fica a nossa torcida para que eles retornem, seja para lançar mais álbuns ou para fazer turnês. Eles fazem muita falta.
Poets and Madmen – Savatage
Data de lançamento – 03/04/2001
Gravadoras – SPV/ Steamhammer/ Nuclear Blast
Faixas:
01 – Stay With me Awhile
02 – There in the Silence
03 – Commissar
04 – I Seek Power
05 – Drive
06 – Morphine Child
07 – The Rumor
08 – Man in the Mirror
09 – Surrender
10 – Awaken
11 – Back to a Reason
Formação:
Jon Oliva – vocal/ teclado/ guitarra base
Chris Caffery – guitarra solo/ backing vocal
Johnny Lee Middleton – baixo/ backing vocal
Jeff Plate – bateria/ backing vocal
Participações especiais:
Bob Kinkel – teclados adicionais/ backing vocal
Al Pitrelli – guitarra em “Stay With me Awhile”, “Comissar”, “Morphine Child” e “The Rumor”
John West – backing vocal