Em 06 de agosto de 2001, o Six Feet Under lançava o seu quarto disco de inéditas e o quinto no geral. E hoje vamos tratar de “True Carnage”, um disco em que a violência e a brutalidade corre pelas veias, que é assunto do nosso Memory Remains desta sexta-feira.
Quando Chris Barnes idealizou a banda, tudo não passava de um simples projeto, afinal de contas, o frontman ainda tinha o Cannibal Corpse como sua banda principal e seu parceiro lá nos primórdios, o guitarrista Allen West, ainda estava no Obituary. Mas Barnes saiu do Cannibal após o lançamento do aclamado “The Bleeding” (1994) e o Six Feet Under era a prioridade, ainda que West tenha deixado a banda após o lançamento de “Warpath” (1997)
Os caras haviam acabado de lançar o álbum de covers, “Graveyard Classics”, no qual bandas como Exodus, Jimi Hendrix, Scorpions, Dead Kennedys, AC/DC, Deep Purple, Venom, entre outras foram homenageadas. E era hora de apresentar um disco de inéditas para suceder o excelente “Maximum Violence”, de 1999.
Com a formação estabilizada já há alguns anos, o quarteto foi ao “Criteria Studios”, em Miami, com produção de Brian Slagel e da própria banda. Ice-T gravou sua parte a partir do estúdio “The Hit Factory”, em Nova Iorque. Vamos discorrer sobre o resultado que os caras obtiveram com o aniversariante do dia, que saiu pela “Metal Blade”, selo com o qual a banda mantém contrato até os dias atuais.
“Impulse to Dismembowel” é música em puro estado bruto. Se alguém me pedir para apontar a música mais brutal do Metal, eu aponto esta, que é uma das minhas favoritas do Six Feet Under em toda a carreira. Ela é arrastadona por quase toda sua extensão, tendo um breve momento mais rápido. Espetacular.
Outro petardo é a música que vem a seguir: “The Day the Dead Walked“, que tem um andamento mais rápido, porém, bem rústico, como o som da banda de Chris Barnes se especializou. “It Never Dies” dá sequência a playlist simplesmente matadora que é o aniversariante de hoje. Este som é um desafio ao ouvinte manter o pescoço inerte a essa desgraceira sonora.
“The Murders” começa com uma levada de bateria carregada de Groove, mas quando o vocal brutal de Mr. Barnes entra, tudo fica mais sombrio e é neste clima que a música se desenvolve. “Waiting for Decay” chega alternando partes rápidas com outras mais cadenciadas e brutalidade aqui não faltam. E bons riffs também.
Divulgação/ Metal Blade Records
“One Bullet Left” chega trazendo alguns dos melhores riffs do play e uma parceria inusitada: o rapper e vocalista do Body Count, Ice-T participa e muito embora o rap seja um estilo abominável para este redator que vos escreve, até que não ficou ruim. Talvez seja pelo esforço do restante da banda tenha ofuscado a participação do rapper. Uma verdadeira pedrada no ouvido.
“Knife, Gun, Axe” nos brinda com mais riffs matadores em uma música densa, pesada… E brutal! Quer mais riffs impressionantes? Então escute a música a seguir, “Snakes“. Outra música mais arrastadona, onde a brutalidade come solta. Chega a ser absurdo, no bom sentido da palavra, a pancadaria que os caras conseguiram tirar de som neste play. E esta música é só um dos pontos altos.
“Sick and Twisted” começa bem arrastada, com muito peso, mas em certo momento tem riffs que muito se parecem com os da faixa anterior. Não chega a ser ruim, mas também não contagia. A curiosidade desta música e a participação da vocalista Karyn Crisis, no que acabou sendo o primeiro dueto entre um homem e uma mulher na história do Death Metal.
“Cadaver Mutilator” começa arrastada e logo logo a velocidade toma conta de tudo e a música vai intercalando nestes dois andamentos. “Necrosociety” é bem arrastada, soando quase Doom, com clima bem sombrio e assim fechamos um play sensacional.
Em 34 minutos mortais temos uma banda inspirada e que destila um Death Metal de altíssima qualidade. E que merece todos os elogios nesta data de celebração. Por isso desejamos uma longa vida ao Six Feet Under e que possamos vê-los em ação tão logo essa pandemia nos deixe viver normalidade, ainda que seja um “novo normal”. Isso está mais próximo do que imaginamos. Enquanto isso não acontece, vamos escutando esse disco que hoje completa duas décadas, aproveitando para celebrar a excelente fase que a banda vive, sobretudo após seu novo lançamento, “Nightmares of the Decomposed“, que marca o reencontro de Barnes com o guitarrista Jack Owen. Um baita play, diga-se de passagem.
True Carnage – Six Feet Under
Data de lançamento – 06/08/2001
Gravadora – Metal Blade
Faixas:
01 – Impulse to Dismembowel
02 – The Day the Dead Walked
03 – It Never Dies
04 – The Murderers
05 – Waiting for Decay
06 – One Bullet Left
07 – Knife, Gun, Axe
08 – Snakes
09 – Sick and Twisted
10 – Cadaver Mutilator
11 – Necrosociety
Formação:
Chris Barnes – Vocal
Steve Swanson – Guitarra
Terry Butler – Baixo
Greg Gall – Bateria
Participações especiais:
Ice-T – Vocal em “One Bullet Left”
Karyn Crisis – Vocal em “Sick and Twisted”