Em 26 de setembro de 1995, era lançado o primeiro disco do Six Feet Under, o novo projeto do vocalista Chris Barnes, então no Cannibal Corpse. O projeto começou sem muitas pretensões e acabou se tornando um dos grandes nomes do estilo. Hoje esse discaço é tema aqui no nosso Memory Remains.
Em 1993 Chris se juntara ao então guitarrista do Obituary, Allan West. No primeiro momento, era apenas um projeto paralelo onde ambos tocariam quando suas respectivas bandas estivessem com as agendas livres. Mas em 1995 a coisa foi ficando séria e os caras se juntaram ao baixista Terry Butler (Death/ Massacre) e o baterista Greg Gall.
A proposta lírica do projeto era no primeiro momento abordar problemas sociais, como assassinatos, por exemplo. O vocalista se dizia cansado das letras gore de sua ex-banda, mas com o tempo a gente viu que essas letras mais brutais não foram completamente deixadas de lado.
O quarteto se reuniu no icônico “Morrisound Studios“, em Tampa, Florida, tendo a produção assinada por Scott Burns e Brian Slagel. A capa foi inspirada na capa de um filme de horror lançado no ano de 1990 chamado “The Hauting of Morella“, que no Brasil recebeu o título de “Morella: o Espírito Satânico“. A bolacha foi lançada pela Metal Blade. Vamos sem mais delongas discorrer sobre as onze faixas presentes aqui.
A bolacha abre com três verdadeiros petardos: “The Enemy Inside” com seus riffs destruidores na corda “mizona”, a grooveada e poderosa “Silent Violent” e a divinamente arrastadona “Lycanthropy“, de longe a melhor faixa disparada do play. É linda a sincronia dos bumbos com os riffs principais. Início melhor não poderia haver. A certeza de que teríamos outra banda de Death Metal que seria letal como as que já existiam na cena.
“Still Alive” traz muito Groove, peso absurdo e um solo bem técnico. Muito boa também. “Beneath a Black Sky” é arrastada, bruta, terrivelmente pesada, enquanto que “Human Target” é outro ponto alto deste play. Ela é ainda mais arrastada e seus riffs são assustadores, além do refrão que gruda. Você ainda está escutando o restante do álbum, mas tá com os gritos de Chris Barnes na cabeça.
Rapidinho e já ultrapassamos a metade da bolacha e a faixa sete atende pelo nome de “Remains of You” e traz de novo aquela sonzeira arrastada, mas pesada e em estado bruto. Fantástico. “Suffering in Ecstasy” é a mais rápida do play, mas não chega a ser rápida como as músicas do Cannibal Corpse dos tempos de Barney. Ela também pertence ao grupo das minhas favoritas pelo conjunto da obra; veloz, bruta, pesada e crua. Grande momento. A banda dedicou essa música em memória de um rapaz chamado Mark Hauser, a quem eu pesquisei, mas não consegui saber quem foi, certamente era alguém muito próximo da banda ou de Chris Barnes e a homenagem é muito justa.
As três faixas finais são todas arrastadas, fazendo a banda quase soar como Doom Metal: a espetacular “Tomorrow’s Victim” e seus riffs sombrios que se repetem à exaustão, “Torn to the Bone“, outra que não pode ficar de fora do Top 5 por sua estrutura, onde bateria e guitarra nos proporciona uma sincronia perfeita, e a faixa título, que fecha o play de maneira brilhante, já deixando claro que esse seria o estilo dessa banda que já estreou com um selo de qualidade.
Pois bem, temos aqui 38 breves minutos onde a banda mostra que chegava para ser uma das grandes do estilo, fato que acabou se confirmando ao longo dos anos. A bolacha muito bem produzida, manteve a sonoridade crua e dessa forma, acabou agradando. Depois disso, a banda saiu em turnê, Chris Barnes abandonou o Cannibal Corpse durante esse período e o SFU acabou virando sua banda principal. Allen West ficaria até 1997 e depois seguiria seu caminho. Hoje temos Jack Owen fazendo parte do lineup atual, reeditando a dupla que trabalhou junta nos primeiros quatro álbuns do Cannibal Corpse.
E assim vamos nos despedindo, celebrando os 25 anos deste clássico. Nossa torcida é para que tudo se resolva o quanto antes, com relação a essa pandemia interminável, muito embora os governantes brasileiros tenham contribuído muito para que isso não aconteça, haja vista os vexames que o dublê de presidente e sua comitiva patética aprontaram pelos Estados Unidos durante a semana que passou, quando até o ministro da saúde foi diagnosticado com Covid-19, um absurdo, não é mesmo? Mas esse pesadelo há de terminar e iremos ver nossas bandas favorita novamente em ação. E o SFU tá na ativa com seu último play, o matador “Nightmares of the Decomposed“. Longa vida aos mestres do Death Metal.
Haunted – Six Feet Under
Data de lançamento – 26/09/1995
Gravadora – Metal Blade
Faixas:
01 – The Enemy Inside
02 – Silent Violent
03 – Lycanthropy
04 – Still Alive
05 – Beneath a Black Sky
06 – Human Target
07 – Remains of You
08 – Suffering in Ecstasy
09 – Tomorrow’s Victim
10 – Torn to the Bone
11 – Haunted
Formação:
Chris Barnes – vocal
Allen West – guitarra
Terry Butler – baixo
Greg Gall – baixo