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Memory Remains: Slayer – 37 anos de “Show no Mercy”, a estreia com o pé na porta

Memory Remains: Slayer – 37 anos de “Show no Mercy”, a estreia com o pé na porta

3 de dezembro de 2020


Há 37 anos o Slayer lançava seu disco de estreia “Show no Mercy”, pedra fundamental da banda que se tornaria a mais agressiva não só do The Big Four, mas dentre todos os grupos de thrash metal e que hoje é tema do nosso Memory Remains.

Ao vê-los tocar uma versão para “Phantom of the Opera”, do Iron Maiden, o fundador da Metal Blade, Brian Slagel convidou a banda para a famosa coletânea Metal Massacre e devido a sua boa performance. Depois disso, ele deu a oportunidade do quarteto gravar seu disco de estreia por este selo. Porém, os músicos tiveram de bancar do próprio bolso os custos da gravação e produção do álbum aniversariante do dia. Tom Araya juntou suas economias, já que trabalhava como terapeuta respiratório e o pai de Kerry King ajudou emprestando uma outra parte e lá foi o quarteto fazer história.

Assim eles entraram no estúdio Track Record, em Los Angeles, na companhia de Brian Slagel, que assinou a produção e por lá ficaram durante o mês de novembro de 1983 produzindo este tesouro que passaremos a destrinchar abaixo faixa a faixa.

O álbum inicia com um clássico chamado “Evil has no Boundaries”, que longe de mostrar a sonoridade final do Slayer já mostra que os garotos tinham potencial. Com fortíssimas influências da NWOBHM e os vocais agudos de Tom Araya, a música tem uma energia incrível. Ganhou aqui no Brasil uma versão de respeito do Korzus. O detalhe curioso foi a participação do baterista, hoje no Testament, Gene Hoglan, no backing vocal.

The Antichrist” é outra faixa maravilhosa onde a banda esbanja sua jovial energia. Ainda que os solos nunca tivessem sido as maiores virtudes do Slayer, aqui o solo é bem legal, apesar do grupo ser demasiadamente cru neste período da carreira. Essa foi uma das primeiras músicas deles que eu conheci, quando escutei o disco ao vivo Decade of Aggression. E é uma das minhas favoritas até hoje.

O trio de ouro que abre o disco se encerra com outro clássico, “Die by the Sword”, que, apesar de ser predominantemente bem heavy metal, já tem alguns riffs que caracterizariam o Slayer futuramente. Excelente som.

Fight “Till Death” introduz a banda ao thrash metal em uma faixa veloz e convidativa a um moshpit sem pensarmos no amanhã. Os riffs já mostravam que a dupla Kerry King e Jeff Hannemann tinha futuro e que em breve iriam nos presentear com alguns dos clássicos eternos do Metal de uma maneira geral.

Temos o medley “Metal Storm/ Face the Slayer”, sendo a primeira parte instrumental e a segunda tendo o vocal incomparável de Tom Araya em uma faixa que viaja entre. NWOBHM e o Thrash Metal, com ótimos riffs.

Chega a vez de outra faixa que se tornaria clássica da banda: “Black Magic”, mais uma amostra de que Kerry King e Jeff Hannemann estavam no caminho certo no que tange a parceria musical. Os riffs aqui são absurdamente bons e a faixa vai se desenvolvendo de maneira densa. Excelente.

Tormentor” é uma faixa que se você apresentar a uma pessoa que não conhece o primeiro álbum do Slayer, ela vai achar que é qualquer banda de heavy metal do Reino Unido e não o Slayer. Até o vocal de Tom Araya está diferente aqui e o fato de a banda não soar original aqui não faz desta música ruim, pelo contrário.

The Final Command” prima pela velocidade. Aquele dueto no solo que também é marca da NWOBHM também não poderia faltar aqui. Crionics é uma música que, ainda que lembre e muito o Iron Maiden, o que é natural, pois lembre-se caro leitor, a banda de Steve Harris era influência do grupo, mas aqui eles encontraram espaço para colocar a sua cara também, inserindo alguns riffs que futuramente seriam lapidados por King e Hannemann.

Dave Lombardo chega com sua bateria inquieta para anunciar a última faixa do play, que é a faixa título. E essa tem a mesma energia de um então desconhecido Metallica, banda contemporânea dos caras. Um Thrashão Old-School para ninguém botar defeito com riffs rápidos e nervosos. Que sonzão.

Em 34 breves minutos, temos um disco que, se por um lado tem uma produção sofrível, por outro mostra que a banda chegava com o pé na porta e que seria apenas questão de tempo para ela se tornar a gigante que se tornaria. Um disco enérgico e divertido.

Em 1987, o disco seria relançado com três faixas bônus: a matadora “Chemical Warfare”, além das poderosas “Captor of Sin” e “Hauting the Chapel”.

A revista Guitar World colocou “Show no Mercy” na lista dos “40 álbuns que definiram 1983”; já a Kerrang! classificou o álbum na terceira posição na sua lista com o título bisonho de “Dez Melhores Álbuns de sempre de Rock Satânico”. Na época, ele se tornou o álbum mais vendido da Metal Blade, vendendo entre 15 e 20 mil cópias somente nos Estados Unidos. A média de vendas da gravadora era de 5 mil. Além disso, mais 15 mil exemplares foram comercializados mundo afora.

Não temos mais o Slayer em atividade hoje em dia, mas temos seu legado aí para quem quiser explorar. E quem os viu ao vivo sabe que o poder de fogo em cima dos palcos era letal. Então celebremos mais um ano deste play que em breve se tornará um quarentão.

Show no Mercy – Slayer

Data de lançamento – 03/12/1983

Gravadora – Metal Blade

Faixas:

01 – Evil has no Boundaries

02 – The Antichrist

03 – Die by the Sword

04 – Fight ‘Till Death

05 – Metal Storm/ Face the Slayer

06 – Black Magic

07 – Tormentor

08 – The Final Command

09 – Crionics

10 – Show no Mercy

Formação:

Tom Araya – baixo/ vocal

Kerry King – guitarra

Jeff Hannemann – guitarra

Dave Lombardo – bateria

Participação especial:

Gene Hoglan – backing vocal em “Evil has no Boundaries