8 de março de 1994: o movimento grunge já não era mais o mesmo. O Nirvana havia realizado a última apresentação da sua história exatamente uma semana antes; o Pearl Jam brigava contra o sucesso, a mídia e com o monopólio da Ticketmaster na venda de ingressos para shows no EUA e o Alice In Chains abortando uma turnê com o Metallica. A vida precisava seguir e o Soundgarden lançaria seu quarto álbum. O Memory Remains de hoje vai celebrar os 27 anos de “Superunknown”.
A banda vinha do sucesso de “Badmotorfinger” e precisava fazer um novo disco que fosse à altura, até então, o play mais bem sucedido. “Superunknown” não somente esteve à altura em temos musicais, como bateu o antecessor nas paradas.
O quarteto se reuniram no “Bad Animals Studio“, em Seattle, entre os meses de julho e setembro de 1993, com a produção de Michael Beinhorn, onde a banda assinou a co-produção, além da mixagem, que ficou a cargo de Brendan O’Brien. O resultado foi um excelente álbum, o qual iremos destrinchar a partir das linhas abaixo.
A grooveada e agradável “Let me Drown” abre bem a bolacha, com destaques para a bateria do excelente Matt Cameron e a voz inconfundível desta lenda chamada Chris Cornell. “My Wave” chega trazendo mais Groove em outra música muito boa com bons riffs de guitarra bem Hard Rock e novamente a bateria de Matt Cameron ditando os rumos.
“Fell on Black Days” é uma das minhas favoritas. Seu clima meio dark e seu andamento mais arrastado, ganhando peso na parte final, além da excelente interpretação de Chris Cornell são dignos de todos os elogios. “Mailman” é a mais pesada destas primeiras faixas e traz aquelas influências do Black Sabbath que sempre acompanharam a banda. Muito boa. Em seguida temos a faixa título, que é divertida e empolgante, a faixa título, com sua pegada setentista, muito boa.
“Head Down” chega com seu clima Southern Rock, calma e sem peso. E chega a melhor faixa da carreira do Soundgarden, para este redator que vos escreve: “Black Hole Sun“, com toda sua angústia, em uma música densa, épica e dramática. Vale ressaltar que meu carinho por esta música se deve por ter sido a primeira da carreira da banda que eu ouvi e gostei de cara. “Spoonman” traz o mesmo clima da faixa que abre o álbum: mais Groove e clima dos anos 1970.
A partir daqui temos uma variação sonora, com a stoner “Limo Wreck“, seguida da densa e pesada “The Day I Tried to Live” e a punk “Kickstand“, com destaque para estas duas últimas. O Groove dá as caras novamente com a ótima “Fresh Tendrils“, outra canção de destaque e aí os caras resolveram baixar a afinação para a pesada e sombria “4th of July“, música em que a banda flerta muito intensamente com o Doom.
“Half” é uma intro bem chatinha que dura intermináveis… Dois minutos. Mas logo ela dá lugar para “Like Suicide“, uma música bem calma, que ganha contornos dramáticos, mas em seus sete minutos chega a entediar o ouvinte.
Para as versões internacionais (N. do R: fora dos Estados Unidos), a bolacha vem com uma faixa bônus e ela atende pelo nome de “She Likes Surprise” e tem uma levada bem setentista, As estrofes tem uns riffs de guitarra bem chatinhos, mas no refrão ela cresce e fica pesada.
E assim, em pouco mais de 74 minutos, temos um disco muito acima da média, embora seja um tanto quanto longo. Foi o disco de maior sucesso comercial da banda. Estreou em 1º lugar na famosa “Billboard 200“, além de ocupar a mesma 1ª posição nas paradas da Austrália e da Nova Zelândia; no Canadá, ficou em 2º, na Suécia ficou em 3º, no Reino Unido ficou em 4º e chegou ao 5º lugar na Noruega.
“Black Hole Sun” foi um dos cinco singles lançados para a divulgação de “Superunknown” e alcançou o primeiro lugar nas paradas, além de ter tido seu videoclipe veiculado à exaustão na época pela MTV.
“Superunknown” foi premiado com disco de ouro na Itália, Reino Unido e na Holanda; 2 vezes disco de platina na Suécia; 3 vezes disco de platina na Austrália e no Canadá e 5 vezes disco de platina nos Estados Unidos.
Algumas publicações listaram o aniversariante de hoje em seus rankings. A “Pause & Play” (EUA) classificou o álbum em 11º entre os 100 álbuns essenciais dos anos 1990; a “Rolling Stone” o classificou em 336º na lista dos “500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos”; A “Spin” o listou na posição número 70 dentre os “100 Melhores Álbuns dos Anos 1990” e por fim, a inglesa “Kerrang” classificou “Superunknown” em 70º na sua lista “100 Álbuns que Você Deve Escutar Antes de Morrer“.
Minha relação pessoal com este álbum é de muito carinho, já que foi o primeiro disco do Soundgarden ao qual eu tive acesso. Escutei a música “Black Hole Sun” em uma rádio lá pelo ano de 1994 e decidi procurar pelo material da banda. É um disco que eu não escutava já há algum tempo, mas essa semana, motivado por esse texto de homenagem, eu o ouvi bastante e passou um belo filme na cabeça deste redator saudosista, em que este disco foi um dos muitos que embalaram a trilha sonora da minha adolescência.
Hoje não temos mais o Soundgarden em ação, não temos mais o talento do icônico Chris Cornell entre nós, ele que cometeu suicídio em 18 de maio de 2017. Mas o legado da banda está ai, este disco tem o seu valor e que merece a atenção do fã que curte um Rock and Roll honesto, bem tocado e por vezes, pesado, com muito Groove e bebendo na mesma fonte que um certo quarteto que criou o Heavy Metal, lá de Birminghan. Esse álbum envelhece cada vez melhor e é digno de toda celebração.
Superunknown – Soundgarden
Data de lançamento: 08/03/1994
Gravadora: A&M
Faixas:
01 – Let me Drown
02 – My Wave
03 – Fell on Black Days
04 – Mailman
05 – Superunknown
06 – Head Down
07 – Black Hole Sun
08 – Spoonman
09 – Limo Wreck
10 – The Day I Tried to Live
11 – Kickstand
12 – Fresh Tendrils
13 – 4th of July
14 – Half
15 – Like Suicide
16 – She Likes Surprise (Bônus Track)
Formação:
Chris Cornell – Vocal/Guitarra
Kim Thayik – Guitarra
Ben Shephred – baixo
Matt Cameron – Bateria
Participações especiais:
April Acevez – Viola em “Half“
Artis the Spoonman – Colheres em “Spoonman“
Michael Beinhorn – Piano em “Let me Drown“
Justine Foy – Violoncelo em “Half“