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Memory Remains: Testament – 24 anos de “Low”, as mudanças na formação e inclusão do Groove no som

Memory Remains: Testament – 24 anos de “Low”, as mudanças na formação e inclusão do Groove no som

30 de setembro de 2021


Em 30 de setembro de 1994, um Testament completamente modificado na questão de seu lineup, lançava “Low“, o sexto álbum da carreira desta que é uma das precursoras do Thrash Metal produzido ali na Bay Area, em San Francisco e que é assunto do nosso Memory Remains desta quinta-feira.

Sabemos que a década de 1990 não foi lá um período exitoso para algumas bandas de Metal. E no caso do Testament, a coisa foi bem caótica, a começar pela saída de Alex Skolnick, no ano de 1993. Outras mudanças na formação fizeram a banda passar por um momento de instabilidade, até que o guitarrista James Murphy (ex-Death e Obituary) e o baterista John Tempesta foram recrutados e a banda foi para o “A & M Studios” e no “Studio D“, ambos na Califórnia, entre os anos de 1993 e 1994, com produção de GGGarth, tendo a própria banda na co-produção.

Em relação a sonoridade, a banda tinha o desejo de retomar o som pelo qual eles ficaram conhecidos, o Thrash Metal. Mas naquele momento, as bandas de Rock Alternativo, Grunge e o Poppy Punk eram os estilos que estavam em evidência, então havia uma pressão da Atlantic, o selo pelo qual eles lançaram “Low” como sendo o último do contrato. E o guitarrista Eric Peterson, deu a seguinte declaração no ano de 2013. Aspas para o cara:

“Então, tivemos nossa última chance com a Atlantic de fazer coisas um pouco diferentes. O diretor musical deles veio até nós e disse: ‘Queremos que vocês nos dêem um disco alternativo.’ De acordo com a alternativa mundial, isso significaria algo totalmente diferente; então eu vim com ‘Dog Faced Gods’, que é mais inclinado para o death metal, e eu disse: ‘Aqui está, esta é a nossa alternativa!’ Mas o que eles queriam era o nome alternativo. Eles queriam uma música mainstream para o movimento alternativo. ‘Dog Faced Gods’ nos deu uma perspectiva totalmente diferente do significado de Testament; estávamos entrando no reino do black metal sueco, flertando com essa vibe e misturando-a com o nosso material. Tomou uma vibe totalmente nova; quando chegamos ao The Gathering, nós nos reinventamos.”

Low” foi também o último álbum com o baixista Greg Christian. Ele sairia da banda em 1996 e retornaria somente dez anos depois, quando gravou “The Formation of Damnation” (2008) e “Dark Roots of Evil” (2012). O aniversariante do dia é dedicado ao guitarrista do Savatage, Chris Oliva, que faleceu em um terrível acidente de carro, durante o período em que o Testament estava gravando esse play. Alex Skolnick substitui o saudoso guitarrista quando o Savatage gravou “Handful of Rain“, disco lançado um mês antes deste que é tema da nossa matéria. Vamos conversar sobre as doze faixas que estão presentes aqui no play:

Stephanie Cabral/Nuclear Blast Records

Temos a faixa título com seus riffs espetaculares, abrindo o play. Um peso absurdo que casa perfeitamente com os solos melódicos que aparecem aqui e acolá. “Legions (in Hiding)” é arrastadona e conta com um Groove bem interessante. Os riffs cavernosos de James Murphy e Eric Peterson ao final são os grandes destaques.

Hail Mary” mostra um Testament moderno, flertando de maneira bem intensa com o Metalcore. Não, a música não é ruim, mas é de se estranhar a banda que sempre foi adepta dos riffs rápidos e certeiros, mudar seu direcionamento. Mas fazia parte, todos estavam àquela altura buscando se reencontrar. Alguns conseguiram, outros não.

Trail of Tears“, com seus seis minutos de duração, sendo assim a mais longa do play, é também a mais complexa, contendo excelentes melodias e é uma espécie de balada se compararmos a sonoridade com a qual estamos habituados. Há momentos de peso que contrastam com a calmaria que a música nos apresenta, mas no geral é uma boa surpresa.

O peso retorna com “Shades of War“, onde o Thrash Metal dos anos 1980 é vagamente lembrado. Uma música bem estruturada e que não compromete. “P.C.” é pesada e traz um Testament com elementos alternativos. “Dog Faced Gods” é estupidamente pesada e faz a banda soar Death Metal em alguns momentos. Essa é a faixa que mais me chamou atenção no play desde a primeira audição.

All Could I Bleed” mantém o peso da faixa anterior, porém é mais grooveada, resultando também em uma boa canção. “Urotsukidõji” é instrumental e experimental. O destaque aqui é para as batidas insanas de John Tempesta. “Chasing Fear” é demasiadamente moderna e embora tenha até alguns bons riffs, não está entre os melhores momentos do play.

A parte final se aproxima e temos a excelente “Ride” que traz a dupla Eric Peterson e James Murphy em um momento bem criativo e novamente a bateria ganha destaque. A faixa derradeira atende pelo nome de “Last Call” e é uma breve instrumental com toques jazzísticos. E em 47 minutos temos um álbum que se não se destaca como um dos melhores da carreira da banda, tem bons momentos e seu valor também.

Low” obteve críticas diversas da mídia especializada. Alcançou a posição de número 122 na “Billboard 200“, sendo essa a segunda vez que a banda figurou na maior lista das paradas americanas, a primeira foi com “The Legacy“, em 1988, quando alcançou o 136° lugar. Na Suíça, o álbum foi melhor ranqueado: 39° lugar, enquanto que no Japão, ficou em 77°. No ano de 2014, a revista “Guitar World” compilou uma lista chamada os 50 álbuns que definem o ano de 1994 e classificou o play na 40ª posição.

A banda saiu em turnê, que durou cerca de dois anos, quando tocou com nomes como Machine Head, Downset, Korn, Forbidden, Kreator, Moonspell, Crowbar, entre outros nomes. Antes de pegar a estrada, o baterista John Tempesta deixou o posto para se juntar ao White Zombie, sendo substituído por John Dette, que ficou até meados de 1996, quando foi para o Slayer, assumir o lugar que era de Paul Bostaph.

São 27 anos deste bom disco, que mostrou a capacidade da banda de incluir novos elementos em sua sonoridade, sem perder o peso e o mais importante, sem perder a sua essência. A banda segue na ativa até os dias atuais, para a nossa sorte. E quando tivermos uma situação menos complicada em relação a esse terrível vírus, fica a nossa esperança de vê-los por essas terras tupiniquins novamente. Hoje é dia de celebrarmos esse play e de desejar longa vida ao Testament.

Low – Testament
Data de lançamento – 30/09/1994
Gravadora – Atlantic

Faixas:
01 – Low
02 – Legions (In Hiding)
03 – Hail Mary
04 – Trail of Tears
05 – Shades of War
06 – P.C.
07 – Dog Faced Gods
08 – All I Could Bleed
09 – Urotsukidõji
10 – Chasing Fear
11 – Ride
12 – Last Call

Formação:
Chuck Billy – vocal
Eric Peterson – guitarra
James Murphy – guitarra
Greg Christian – baixo
John Tempesta – bateria