Memory Remains

Memory Remains: Testament – 24 anos de “The Gathering”, o retorno às origens e o único registro com Dave Lombardo

8 de junho de 2023

Em 8 de junho de 1999, há 24 anos, o Testament lançava “The Gathering“, o oitavo álbum de sua gloriosa carreira e que marca o retorno da banda aos trilhos do Thrash Metal que a consagrou. Esse clássico é tema do nosso Memory Remains desta quinta-feira, dia de TBT.

O álbum é o único a contar com o baterista Dave Lombardo, apesar de suas duas curtas passagens pela banda. Ele entrou em 1998, gravou esse play e logo saiu e retornou no ano passado, saindo neste ano de 2023. Além de Lombardo, que ocupou o lugar de Gene Hoglan, há outras mudanças em relação ao antecessor, o fraco “Demonic” (1997): o baixista Derrick Ramirez dava lugar ao talentoso Steve DiGiorgio e o guitarrista James Murphy chegava para fazer dupla com Eric Peterson, na guitarra.

Sobre James Murphy, uma curiosidade: logo depois do lançamento, ele foi diagnosticado com um tumor no cérebro, removido com sucesso, mas que deixou uma perda lastimável. Ele simplesmente não consegue se lembrar de nenhum momento em que esteve no estúdio gravando o aniversariante do dia. Claro que o mais importante é a vida dele, mas é triste o cara não se recordar dos momentos. Durante a turnê, ele foi substituído por Steve Smyth.

Como dito acima, o Testament, assim como outras bandas do Thrash Metal, estava em baixa, pois depois do ápice nos anos 1980, cada uma resolveu escolher diferentes caminhos e o resultado foi catastrófico (tem banda de Thrash Metal que segue até hoje lançando álbuns meia-boca). Felizmente, o Testament foi o primeiro a acordar e retomar o caminho que a consagrou e segue fazendo ótimos discos até hoje, para nossa alegria.

Para registrar essa obra prima, eles retornaram ao Driftwood Studios, em Oakland, Califórnia, onde eles gravaram o antecessor “Demonic”, entre os anos de 1998 e 1999, novamente com a produção a cargo da dupla Chuck Billy e Eric Peterson. A engenharia de som e a mixagem ficou a cargo de Andy Sneap, que despontava como um dos grandes nomes dos estúdios naquela época. A bolacha saiu pela Spitfire Records.

No ano de 2010, Chuck Billy disse em entrevista que a chave do sucesso para “The Gathering” foi o livre fluxo de ideias que eles deram aos “novatos” Dave Lombardo e Steve DiGiorgio. É um álbum que transita entre o Thrash e o Death Metal e é o grande momento do álbum, que aliás, estava devendo aos fãs um grande lançamento desde “Souls of Black” (1990).

Musicalmente, o álbum é um desfile de pérolas do Thrash Metal. São 42 minutos, um tempo bom para um disco, mas que neste caso, deixa uma sensação de “quero mais”. Todas as faixas são acima da média, mas os grandes destaques vão para as seis primeiras faixas. A apoteótica “DNR (Do Not Ressuscitate)”, os riffs mortais de “Down for Life“, as pesadas e melódicas “Eyes of Wrath” e “True Believer“, “3 Days in the Darkness” com seu Death ‘n’ Roll (a minha favorita dentre todas do Testament) e a paulada que é “Legions of the Dead“. Certamente é um dos melhores discos lançados em 1999. As músicas “DNR (Do Not Ressuscitate)” e “3 Days in the Darkness” seguem nos shows da banda até atualmente.

Embora tenha sido muito bem recebido pela crítica e público, o álbum figurou apenas nas paradas germânicas, onde ficou na 48ª posição. Eles saíram em turnê, com o baterista Jon Allen, que ocupou o posto deixado por Dave Lombardo e Steve Smyth no lugar de James Murphy. A turnê se encerrou no ano de 2001, quando um câncer foi diagnosticado no frontman Chuck Billy. Ele se recuperou totalmente, porém, o incidente fez com que o Testament lançasse um novo disco somente em 2008, “The Formation of Damnation“.

Felizmente o Testament segue na ativa, inclusive tendo nos visitado no último mês de abril na primeira edição do Summer Breeze Brasil. Hoje é dia de celebrar esse discaço, escutando-o no talo enquanto aguardamos por um novo play e por um retorno da banda às nossas terras. Longa vida a esses mestres do Thrash Metal.