Memory Remains

Memory Remains: Testament – 4 anos de “Titans of Creation” e pela primeira vez em anos mantendo a formação em dois álbuns seguidos

3 de abril de 2024

Há 4 anos, em 03 de abril de 2020, em meio a pandemia de COVID que matou milhões de pessoas no mundo e ao mesmo tempo, deu às bandas mais tempo livre para compor e criar álbuns, o Testament lançava “Titans of Creation“, o álbum de número 13 da discografia da banda e que é tema do nosso Memory Remains desta quarta-feira.

O aniversariante do dia tem um marco especial: pela primeira vez em muitos anos que o Testament repetia seu lineup em dois álbuns seguidos. A última vez que tal fenômeno havia acontecido foi entre os álbuns “Souls of Black” e “The Ritual“, ou seja, quase trinta anos antes. E isso não significa que a formação esteja estável, pois, Gene Hoglan saiu para o retorno de Dave Lombardo, que também não durou muito e hoje quem ocupa o posto de baterista é Chris Dovas, que nós brasileiros já conhecemos, pois ele esteve tocando com a banda no ano passado, durante a primeira edição do Summer Breeze Brasil.

Embora lançado durante a pandemia, os planos para lançá-lo começaram anos antes. Em março de 2017, Chuck Billy deu uma entrevista para um veículo japonês de que eles já estavam escrevendo novas canções, mas ainda em turnê divulgando o álbum anterior, “Brotherwood of the Snake“, que foi se estendendo, muito porque o Slayer iniciou sua turnê de despedida e convidou o Testament para ser uma das bandas de abertura. Não havia como recusar tal convite, não é mesmo, caro leitor?

Mas finalmente, em janeiro de 2019, Chuck Billy deu outra entrevista dizendo que agora era pra valer e eles estavam em um intenso processo de composição e que o cronograma era entrar em estúdio em abril para lançar em julho, mesmo mês que o baterista Gene Hoglan afirmou em entrevista que o álbum já estava pronto e que ainda seria lançado em 2019. Depois, Eric Peterson disse que o álbum sairia no final de 2019 ou em janeiro de 2020, até que, chegou janeiro e o álbum não havia ainda sido lançado, Chuck Billy deu até a data para lançamento, que acabou se concretizando, 03 de abril. Foi um processo demorado.

O álbum foi gravado no Trident Studios, em Pacheco, estado da Califórnia, tendo Chuck Billy, Eric Peterson e Juan Urteaga na produção. Este, além do último lançamento do Testament até hoje, foi também o quarto a ser distribuído pela Nuclear Blast, com quem eles iniciaram uma parceria em 2008, com o álbum “The Formation of Damnation“. Aqui temos algumas participações especiais: Steve “Zetro” Souza, vocalista do Exodus, emprestou seu talento, cantando e escrevendo a música “False Prophet“. Nosso aniversariante do dia conta também com uma participação inusitada para uma banda de Thrash Metal: o tecladista do Dragonlord, Lyle Livingston, participou, gravando a instrumental “Catacombs“. Tanto ele quanto Souza já haviam gravado participações no álbum de estreia pela Nuclear Blast.

Bolacha rolando, temos doze canções distribuídas em 58 minutos de duração. Se nem de longe “Titans of Creation” figura entre os melhores da carteira da banda, também está bem distante de ser um dos piores. Eles trazem o velho Thrash Metal que sabem fazer muito bem. A música que vingou e ainda aparece nos shows da banda é “Children of the Next Level“, mas temos também outros bons momentos, como a faixa “Dream Deceiver“, “Night of the Witch“, “Curse of Osiris” ou “Code of Hamurabi“.

As críticas ao álbum foram positivas e o público aceitou relativamente bem e algumas publicações ranquearam o play em suas listas de Melhores daquele ano de 2020. Nos charts, 3° lugar na Alemanha, 6° na Finlândia, 7° na Polônia e na Suíça, 13° na Hungria, 25° na Áustria, 29° no Japão, 30° na Austrália, 36° em Portugal, 52° na Escócia e 96° na “Billboard“. O álbum figurou em outras categorias na mesma Billboard, como o 5° lugar na “Tastemaker Albuns” e na “Top Hard Rock Albuns”, 8° na categoria dos Mais Vendidos, 12° na de Álbuns Independentes e 13° na “Top Rock Albuns”. Não entrou no Top 100 dos álbuns no Reino Unido, mas entrou em duas categorias por lá: 4° na categoria de Álbuns de Rock e Metal e 9° na de Álbuns Independentes. Bons números para uma época que não se vende mais discos físicos como no passado.

Como o mundo estava em colapso, a banda não pôde sair em turnê para divulgar seu play. Somente em 2021 quando o isolamento social começou a ficar mais relaxado, o público teve a oportunidade de conhecer o poderio das músicas de “Titans of Creation” ao vivo. E hoje temos quase os mesmos quatro anos de espera por parte dos fãs. Enquanto o Testament não anuncia o sucessor deste play, vamos celebrar mais um aniversário dele, escutando-o no volume máximo e desejando longa vida ao Testament, um das bandas mais poderosas do Thrash Metal e que não precisa dessa besteira de The Big 4 para ser gigante como é.