Há 53 anos, em 8 de maio de 1970, o The Beatles lançava “Let It Be“, 13° e último álbum da banda a ser divulgado. Vamos contar um pouco da história deste play no nosso Memory Remains desta segunda-feira.
Ainda que seja o último álbum a ter sido lançado pelo quarteto formado por Lennon, McCartney, Starr e Harrisson, cronologicamente ele é o penúltimo álbum, pois foi gravado antes de seu antecessor, “Abbey Road“, que foi lançado oito meses antes, em setembro de 1969. Em um primeiro momento o álbum se chamaria “Get Back“, nome de uma das faixas presentes no aniversariante do dia e que fecha o álbum.
A banda estava um tanto quanto rachada. Nesta época, eles já não mais se apresentavam ao vivo e Paul McCartney era um entusiasta do retorno deles ao palco, ideia que não era compartilhada por George Harrisson, que inclusive, chegou a sair. John Lennon deu de ombros e ameaçou convidar ninguém menos do que Eric Clapton para ocupar a vaga de guitarrista, mas McCartney vetou de cara, utilizando o bom argumento de que o The Beatles era apenas os quatro e mais ninguém. Então em um raro momento de consenso entre eles, ficou decidido que o álbum seria gravado ao vivo, da mesma forma que foi feito no primeiro play, “Please Please Me“.
Com Harrisson de volta, eles se prepararam para fazer uma espécie de apresentação ao vivo, onde as faixas seriam gravadas e compiladas no álbum. Então em 30 de janeiro de 1969, eles subiram ao telhado da Apple Studios, naquela que ficou conhecida como a última aparição oficial da banda em público. Eles selecionaram sete músicas, mas apenas três foram aproveitadas no álbum. A apresentação foi interrompida pela polícia, que precisou intervir, uma vez que a multidão que se aglomerou para ver a banda, atrapalhou o trânsito na rua do estúdio.
No primeiro momento, o disco seria lançado em julho de 1969, mas adiaram para setembro daquele mesmo ano, uma vez que a ideia era lançar junto com o especial para a TV. O especial consistia em registro dos bastidores da gravação, chamado “Get Back“. Em setembro, eles adiaram mais uma vez o lançamento do álbum e do filme, uma vez que a banda havia estava trabalhando no já citado “Abbey Road“. A nova data seria dezembro. Entretanto, eles se trancaram no estúdio Abbey Road entre dezembro de 1969 e janeiro de 1970 para novas gravações e mixagens. Porém, nestas sessões, John Lennon já havia deixado a banda.
O álbum é resultado de um trabalho feito em meio a um período turbulento e sem os devidos caprichos que uma banda em harmonia teria. Paul McCartney detestou o resultado final do álbum, e Lennon fez um elogio dez anos mais tarde ao trabalho de Phil Spector, que fez a parte final da produção do play (George Martin iniciou a produção). Aspas para Lennon:
“Demos a ele a pior quantidade de porcarias de gravações bem ruins, com um sentimento muito feio nelas, e ele foi capaz de fazer algo bom daquilo.”
Quanto ao filme, lançado junto ao álbum, a ideia inicial era de fazer uma espécie de making-off do registro de um álbum da banda, mas acabou sendo como uma espécie de documentário, onde os momentos mais tensos da banda acabaram por ser eternizados. Muitas discussões entre Paul McCartney e George Martin podem ser vistos. Foram 28 horas de gravações que, editadas, viraram 90 minutos. E algumas músicas tocadas durante essas gravações jamais foram lançadas pelo grupo. Ganhou um Oscar e um Grammy no ano de 1971.
Apesar de ter recebido algumas críticas negativas a época de seu lançamento, o álbum recebeu algumas honrarias, tais como a 342ª posição na lista dos 500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos, compilada pela revista Rolling Stone, no ano de 2020. Alcançou o topo nas paradas do Canadá, Austrália, Holanda, Itália, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos (“Billboard 200“); 2° lugar no Japão e na Suécia, 3° na Alemanha e 4° na Finlândia. Foi certificado com Disco de Ouro na Itália e na França, Platina na Austrália, Dinamarca e Reino Unido, duplo Platina na Argentina e na Nova Zelândia, triplo Platina no Canadá e 4 vezes platina nos Estados Unidos. Uma verdadeira avalanche.
Um final agridoce para a mais popular dentre todas as bandas de Rock e que ajudou a tornar o estilo como ele hoje o é conhecido. Vale como documento histórico. Então hoje é dia de celebrar esse álbum e como não existe a possibilidade do retorno da banda, vamos ajudando a manter vivo o legado. Há quem goste e quem não goste do The Beatles, mas uma coisa é inegável, eles foram a maior banda de todos os tempos. E não há indícios de que eles irão perder esse status.
Let It Be – The Beatles
Data de lançamento – 08/05/1970
Gravadora – Apple
Faixas:
01 – Two of Us
02 – Dig a Pony
03 – Across the Universe
04 – I Me Mine
05 – Dig It
06 – Let It Be
07 – Maggie Mae
08 – I’ve Got a Feeling
09 – One After 909
10 – The Long and Winding Road
11 – For You Blue
12 – Get Back
Formação:
John Lennon – vocal/ guitarra
Paul McCartney – baixo/ vocal/ violão/ piano
George Harrisson – guitarra/ violão/ vocal em I Me Mine
Ringo Starr – bateria/ percussão
Participações especiais:
George Martin – órgão/ shaker
Linda McCartney – bac
king vocal
Billy Preston – piano/ órgão