Há 57 anos, em 5 de agosto de 1966, o The Beatles lançava “Revolver“, o sétimo disco da carreira da maior banda da história e que é tema do nosso Memory Remains deste sábado. Vamos contar algumas curiosidades acerca deste play.
A data refere-se ao lançamento na terra natal do quarteto, o Reino Unido, uma vez que nos Estados Unidos o play foi lançado três dias depois. As diferenças não param por aí, no mês de junho, na terra do Tio Sam foi lançado um álbum chamado “Yesterday… And Today“, uma espécie de compilação que continham músicas dos álbuns “Help!“, “Rubber Soul” e três músicas do aniversariante do dia, então inédito. As músicas em questão são “Dr. Robert“, “And Your Bird Can Sing” e “I’m Only Sleeping“. Em decorrência disso, a versão estadunidense de “Revolver” foi sem estas três músicas.
O disco é considerado inovador, pois a banda mergulhou de cabeça no psicodelismo e foi concebido de maneira consciente por eles, que queriam inovar com temas mais profundos, demonstrando maturidade musical. O álbum se chamaria “Abracadabra“, mas depois foi alterada para o nome que o conhecemos. Antes que o bolsomínion tente usar o disco como propaganda do seu político de estimação e também como uma propaganda ao armamento, nós explicamos que o título dado não tem nada a ver com a arma de fogo e sim remete ao movimento rotatório, que no caso aqui é a rotação do disco na vitrola e também uma referência à rotação no sentido de novas ideias e inclusão de novos elementos musicais.
Podemos creditar essa inovação a uma ação do engenheiro de som Geoff Emerick. Ele quem aproximou os microfones dos instrumentos durante as sessões de gravação, diferentemente dos discos anteriores, que a captação ficava um pouco distante, por imposição da EMI. Esta, por sua vez, tentou novamente impor sua vontade, mas Sir. Paul McCartney falou em nome de todos e deu o seguinte ultimato aos executivos da gravadora. Aspas para Paul:
“De agora em diante, esse é o nosso som. Ou será assim ou não será de jeito nenhum!”
O ultimato foi aceito e assim podemos perceber as mudanças propostas pela banda, sobretudo na bateria de Ringo Starr, que ficou mais pesado. Isso garantiu aos Fab Four a independência que eles precisavam e que ficou mais evidente em álbuns posteriores, como o icônico “Sgt. Peppers“. O álbum foi gravado no estúdio histórico Abbey Road, entre os dias 6 de abril e 21 de junho de 1966 e contou com a produção de George Martin.
O álbum foi lançado no Brasil e a versão britânica foi a escolhida pela EMI Odeon, braço da EMI que atuava por estas terras. A única diferença é que, apesar de ser lançada em mono, a mixagem usada era em estéreo, assim sendo, a gravadora utilizou a master tape em estéreo para produzir a versão brasileira. Somente no ano de 2009, a versão mono foi lançada por aqui, no box “The Beatles Mono Star Box“.
Se nos álbuns anteriores, as músicas ficaram caracterizadas por serem compostas pela dupla Lennon/ McCartney, em “Revolver“, George Harrisson conseguiu emplacar três composições: são elas, “Taxman“, uma crítica aos altos impostos cobrados pelo governo britânico para quem ganha bem como eles (de imaginar que aqui no Brasil durante o último governo, esse tema nem sequer era cogitado, mas felizmente o atual está tratando do assunto na reforma tributária, o que está causando a revolta dos ricos), “I Want to Tell You“, que trata de sua avalanche de pensamentos, e “Love You to“, onde ele é o único a registrar a gravação, que incluí o uso de instrumentos como a tabla e a cítara, de origem indiana.
Outras canções deste álbum geraram suposições, nunca confirmadas ou desmentidas, de que foram escritas sob o uso de drogas. Em “She Said She Said“, Lennon teria se inspirado em uma experiência com LSD; “Dr. Robert” fala sobre um médico que oferece anfetaminas para os seus pacientes famosos e “Got to Get You Into my Life” traz a relação de John com a maconha. Já “Tomorrow Never Knows“, é inspirada no escritor Timothy Leary, o mesmo que 30 anos depois iria inspirar o Nevermore no álbum “The Politics of Ecstasy“. No caso dos Beatles, a obra escolhida foi “O Livro Tibetano dos Morros” e a música em si é o que nós podemos chamar de a precursora da música eletrônica. Eles incluíram um solo duplo na faixa “And Your Bird Can Sing” e em “I’m Only Sleeping“, George Harrisson fez o solo de guitarra e gravou o som ao contrário. São essas algumas das inovações que eles se permitiram fazer neste play.
A capa é arte do alemão Klaus Voormann. Amigo de longa data dos integrantes da banda, desde que eles foram tocar em Hamburgo, lá nos primórdios, ele criou uma ilustração com fotos feitas por Robert Whitaker, além de desenhos. A capa fez com que a banda ganhasse o Grammy no mesmo ano de 1996.
O álbum alcançou o topo das paradas na Austrália, Canadá, Finlândia, Noruega, Reino Unido, Billboard 200 (EUA), Suécia, Alemanha Ocidental. Em 1987, quando relançado em CD, alcançou o 3° lugar na “Billboard 200“, 55° no Reino Unido e 57° na Holanda. Em 2008, com um novo relançamento, alcançou a 9ª posição no Reino Unido, 13ª na Suécia e 15ª na Finlândia. Ano passado chegou ao 6° lugar nas paradas da Grécia. Foi certificado com Disco de Ouro na Itália e Brasil, veja só caro leitor, o Brasil que hoje consome músicas de gosto duvidoso já valorizou os Beatles. Na Austrália e Nova Zelândia ganhou disco de Platina; no Canadá e Reino Unido foi Duplo Platina e nos Estados Unidos ganhou 5 vezes o Disco de Platina.
Temos um disco relativamente curto, são 14 músicas em 35 minutos. Tem muita importância pela coragem que os quatro garotos de Liverpool tiveram ao inovar na sonoridade, o que fez com que aumentasse ainda mais a notoriedade deles. Não a toa o disco figura na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. Merece toda nossa reverência.
Como sabemos, a banda não durou por muito mais tempo, mas seu legado está aí, para ser lembrado e nosso papel na imprensa musical é mantê-lo vivo. O que os “fab-four” fizeram com a música foi de uma grandeza enorme e eles são os grandes responsáveis pelo Rock ser ainda hoje o estilo mais popular do mundo.
Revolver – The Beatles
Data de lançamento – 05/08/1966
Gravadora – Parlophone
Faixas:
01 – Taxman
02 – Eleanor Rigby
03 – I’m Only Sleeping
04 – Love You to
05 – Here, There and Everywhere
06 – Yellow Submarine
07 – She Said She Said
08 – Good Day Sunshine
09 – And Your Bird Can Sing
10 – For no One
11 – Doctor Robert
12 – I Want to Tell You
13 – Got to Get You Into my Life
14 – Tomorrow Never Knows
Formação:
John Lennon – vocal/ guitarra/ violão/ palmas/ órgão
Paul McCartney – vocal/ baixo/ guitarra base e solo/ palmas
George Harrisson – guitarra/ baixo/ backing vocal/ palmas/ tamborim
Ringo Starr – bateria/ percussão/ tamborim/ palmas/ backing vocal/ vocal em “Yellow Submarine“