Memory Remains

Memory Remains: Type O Negative – 27 anos de “October Rust” e a brincadeira na introdução que confundiu quem comprou o CD

20 de agosto de 2023

Podemos dizer que essa é a semana do Type O Negative. Se na última quinta-feira (17), falamos sobre “Bloody Kisses” e caso você tenha perdido, poderá conferir clicando AQUI, o Memory Remains deste domingo vai falar do sucessor deste, “October Rust“, lançado em 20 de agosto de 1996, há 27 anos.

Três anos após o estouro com “Bloody Kisses“, eles retornaram ao estúdio para produzir um novo álbum. O local escolhido foi novamente o Systems Two, no Brooklyn , Nova Iorque. A dupla Peter Steele e Josh Silver comandaram a produção. O baterista Johnny Kelly, apesar de creditado, não tocou uma nota sequer no álbum. A bateria que ouvimos no álbum é eletrônica e foi toda ela programada por Josh Silver.

Certa vez, em entrevista à “Kerrang!“, às vésperas do lançamento de “October Rust“, Peter Steele deu pistas aos fãs de como seria o vindouro play. Aspas para nosso saudoso frontman:

“Muito prolongado, repetindo partes infinitamente, mulheres gemendo, superproduzido, o típico estilo Type O Negative.”

Na parte lírica, o Type O Negative continuava a abordar o sexo, porém, as inspirações sobre romances frustrados deram lugar a outras perspectivas acerca do romance amoroso, como por exemplo, uma relação à três vivida por Peter Steele, que conta quando resolveu incluir mais uma garota, formando assim, um trisal, coisa que a juventude de hoje acha que criou. Quando questionado sobre estar menos raivoso em suas letras, em entrevista ao programa alemão Metalla, Steele comentou:

“Acho que você está correto. “Certamente não estou com tanta raiva quanto há cinco ou seis anos, simplesmente porque não acho que sou a mesma pessoa que era. Certamente cresci – espero.”

Aqui em “October Rust“, a banda manteve os interlúdios entre as faixas, mas resolveram incluir uma brincadeira proposital. A faixa “Bad Ground” é uma sequência de 38 segundos de barulho, como se fossem cabos mal conectados a um amplificador, o que fez com que muitos fãs voltassem às lojas para trocar o disco, achando que era um defeito de fábrica. Em 1996, nem sonhávamos com música digital, então aquilo acabou sendo uma ótima sacada dos caras. Tanto que no disco que sucedeu o aniversariante do dia, eles colocaram barulhos de um CD com defeito, logo na primeira faixa.

A segunda faixa é um agradecimento da banda, coisa que os artistas costumam fazer por escrito no encarte, eles colocaram em voz, o que deixa o fã/ consumidor honrado. Música mesmo, só a partir da faixa número três, e em 72 minutos, temos 15 faixas, sendo onze músicas, com o melhor do Gothic/ Doom Metal. Músicas como “Love You to Death“, “Green Man“, “Red Water (Christmas Mourning)” e “My Girlfriend’s Girlfriend” são os grandes destaques da bolacha. Eles mantiveram a tradição de incluir um cover, e o escolhido da vez foi “Cinnamon Girl“, de Neil Young. A banda chegou a gravar uma versão para a faixa “Black Sabbath“, que entrou no tributo aos pais do Heavy Metal, “Nativity in Black“, e uma outra versão, mais, sexy, vamos assim dizer, mas esta versão ficou de fora do álbum.

Também durante as sessões de gravação deste play, a banda fez um outro cover, para “Pictures of Matchstick Man“, do Status Quo. Existem duas versões, uma com Ozzy Osbourne no vocal e essa música acabou entrando na trilha sonora do filme “Private Parts: The Album“, no ano de 1997. Existe ainda uma segunda versão, com Peter Steele no vocal e com uma qualidade inferior de gravação, que veio a público no ano de 2012, dois anos depois que nosso vocalista nos deixou.

“October Rust” é dedicado a memória de Shane Lassen, tecladista do Electric Hellfire Club, que nos deixou em janeiro de 1996. O álbum foi muito bem recebido por crítica e público, não repetiu o sucesso comercial de “Bloody Kisses“, mas figurou na 42ª posição na “Billboard 200“. Um disco que fez história e segue envelhecendo bem.

Hoje não temos mais a banda na ativa, mas temos a história protagonizada por essa que talvez tenha sido a maior de todas as bandas de Gothic/ Doom Metal de todos os tempos. Vamos colocar o play no volume máximo para escutar, enquanto vos digo: eu ouço gente morta!