Memory Remains

Memory Remains: Van Halen – 25 anos de “Van Halen III” e a experiência mal sucedida com Gary Cherone

Memory Remains: Van Halen – 25 anos de “Van Halen III” e a experiência mal sucedida com Gary Cherone

17 de março de 2023


Em 17 de março de 1998, há exatos 25 anos, o eterno Van Halen lançava o 11º disco de estúdio de sua gloriosa carreira, “Van Halen III”, que é o tema do nosso “Memory Remains” desta sexta-feira. Vamos contar um pouco da história deste play, venha conosco.

O álbum é marcado por ser o único a contar com o vocalista Gary Cherone, que havia se tornado conhecido por ser a voz do Extreme. Gary entrou na banda após a saída de Sammy Hagar e uma breve tentativa de retorno com o vocalista David Lee Roth, isso em 1996. Cherone havia ficado desempregado, pois o guitarrista Nuno Bettencourt ficou insatisfeito com os rumos da banda após o lançamento do álbum “Wait for the Punchline” (1995) e resolveu encerrar a banda para partir em carreira solo. Não era a primeira vez que as vidas de Gary Cherone e David Lee Roth se cruzavam. Em 1991, o Extreme fez turnê como banda de abertura do primeiro vocalista do Van Halen.

Por insistência do empresário Ray Daniels, que era empresário tanto do Extreme quanto do Van Halen, o vocalista foi convidado por Eddie para uma audição. O saudoso guitarrista gostou tanto das letras de Cherone quanto de sua ética de trabalho e, por conta disso, ele se mudou para a casa de Eddie e durante o ano de 1996 começou a escrever as letras para o sucessor do aclamado “Balance” (1995).

“Van Halen III” também marca a despedida do baixista Michael Anthony. Ele, na verdade, tocou em apenas três das doze músicas presentes aqui. As outras partes de baixo foram gravadas por Eddie Van Halen, que também atuou como produtor, gravou também os teclados, cítara, partes de bateria, cantou e participou ativamente de todo o processo do álbum, que é considerado por alguns, inclusive por Michael Anthony, mais como um projeto solo do líder da banda do que propriamente um disco da banda Van Halen. Besteira, é claro. Anthony ainda disse que saiu da banda pois Eddie teria “ditado como ele deveria tocar seu baixo”.

O título do aniversariante do dia é uma referência à terceira formação da banda e também uma continuação dos álbuns auto-intitulados que a banda lançou ao longo dos anos: “Van Halen” (1978), o disco de estreia, e “Van Halen II” (1979). Para auxiliar na produção, Eddie trouxe seu amigo Mike Post. Entre março e dezembro de 1997, a banda esteve em dois estúdios: o 5150 Studios e o Studio City, ambos na Califórnia.

O álbum apresenta canções mais extensas, sendo assim, é o mais longo disco de toda a carreira do Van Halen. São um total de 65 minutos divididos em doze faixas, sendo que duas faixas não passam de dois minutos: “Neworld” e “Primary”, dando às demais músicas uma média de quase seis minutos. Se o álbum não teve o mesmo impacto que seu antecessor, ele conta com bons momentos, como as faixas “Without You”,Once” e “Ballot or the Bullet“.

Apesar de ter tido relativo sucesso logo após o seu lançamento, com 190 mil cópias vendidas e estreando em 4º lugar na “Billboard”, o álbum não foi tão bem recebido pela crítica e público. “Van Halen III” teve quebrada a sequência de múltiplos discos de Platina que os quatro discos anteriores foram certificados, recebendo apenas um “modesto” Disco de Ouro nos Estados Unidos, além de Platina no Japão. Nos charts mundo afora, o álbum ficou em 2º lugar na Hungria, 4º no Canadá, 5º na Finlândia, 7º no Japão, 8º na Austrália, 13º na Alemanha, 14º na Nova Zelândia, 23º na Áustria, 24º na Holanda, 29º na Noruega, 38º na Suíça, 39º na Suécia, 43º no Reino Unido e 49º na França.

Se o álbum não foi tão bem recebido, o mesmo não se pode dizer da turnê, já que pela primeira vez em anos a banda voltou a tocar a maioria das músicas da época de David Lee Roth, que eram ignoradas por Sammy Hagar, e com Gary Cherone, os anseios dos fãs puderam ser realizados. Em 1998, a banda fez uma turnê fora da América do Norte e avançou pela Europa, Japão e, pela primeira vez, chegou até a Oceania, quando se apresentou na Austrália e Nova Zelândia. A passagem pela Austrália foi registrada e transmitida pela MTV. Nesta turnê, Wolfgang, filho de Eddie, assumiu o posto de baixista.

Infelizmente, depois de algumas tentativas de lançar um segundo álbum com o vocalista, que já tinha até um título (“Love Again”) e com previsão de lançamento para 1999, um ano depois do homenageado do dia, que faria com que o Van Halen voltasse a lançar dois álbuns por dois anos consecutivos desde o ano de 1982, a Warner pôs fim ao desejo da banda. A gravadora devolveu o álbum por duas oportunidades, alegando que não havia um single pop que pudesse fazer sucesso no mainstream. Com isso, Gary Cherone sentiu-se frustrado e resolveu deixar a banda de maneira amigável no ano de 1999. Mas isso não tirou seu orgulho, que certa vez deu a seguinte declaração:

“Eu fui um dos três cantores do poderoso Van Halen. Você não pode tirar isso de mim.”

Todavia, ele reconheceu também que talvez fazer uma turnê antes de entrar compondo e gravando um álbum seria o melhor. Em entrevista à KNAC, ele dissertou sobre o tema:

“Eu teria preferido fazer uma turnê com eles e depois lançar um disco. Teria sido uma ideia melhor me estabelecer primeiro e depois ir para o estúdio com a banda… Houve algumas ótimas ideias e algumas pequenas joias, mas não foi um grande álbum. Eu me diverti, mas às vezes era como ser um estranho numa terra estranha.”

Apesar de conter um grande equívoco, que foi a inclusão da faixa “How Many Say I”, cantada por Eddie Van Halen, que definitivamente era um ás da guitarra, principalmente se comparado a sua performance vocal, “Van Halen III” é um bom disco e merece uma chance, caso você ainda não o conheça. Este foi o último álbum da banda em um período de 14 anos, quando encerraram o jejum com o lançamento de “A Different Kind of Truth”, de 2012, que contava com (mais um) retorno de David Lee Roth.

Enfim, hoje restam apenas saudades deste guitarrista que influenciou toda uma geração com sua técnica, feeling e genialidade, e que deixou alguns dos maiores hinos da história do Rock. Eddie foi espetacular e sua banda marcou época. Uma pena que só tenha vindo ao Brasil uma única vez, em 1983, e tenha enfrentado diversos problemas durante sua passagem por aqui, o que o fez prometer que jamais voltaria, coisa que ele acabou cumprindo. Mas seja como for, hoje é dia de celebrar esse disco e manter vivo o legado deste gênio.

Van Halen III – Van Halen

Data de lançamento – 17/03/1998

Gravadora – Warner 

 

Faixas:

01 – Neworld

02 – Without You

03 – One I Want

04 – From Afar

05 – Dirty Water Dog

06 – Once

07 – Fire in the Hole

08 – Josephina

09 – Year to the Day

10 – Primary

11 – Ballot or the Bullet

12 – How Many Say I

 

Formação:

Eddie Van Halen – guitarra/ vocal em “How Many Say I“/ bateria/ baixo/ cítara/ teclados

Gary Cherone – vocal/ backing vocal

Michael Anthony – baixo em “Without You“, “One I Want” e “Fire in the Hole

Alex Van Halen – bateria