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Memory Remains: Venom – 40 anos de “Welcome to Hell” e o pioneirismo do Metal Extremo

Memory Remains: Venom – 40 anos de “Welcome to Hell” e o pioneirismo do Metal Extremo

12 de dezembro de 2021


O Memory Remains deste domingo vai tratar do mais novo quarentão da cena. E que quarentão. Estamos falando de “Welcome to Hell“, o disco de estreia do Venom, que chegou chegando, abalando as estruturas.

Formado no ano de 1979, na cidade britânica de Newcastle, o Venom é o resultado do músicos que vieram de bandas como o Guillotine, Oberon e o Dwarfstar. Então o famoso trio Cronos, Mantas e Abaddon adotaram o nome que os tornaram famosos, aceitando a sugestão do roadie da banda. Nos primórdios, a banda era um quarteto e contava com a presença do vocalista Clive Archer.

Três demos depois, era hora de a banda preparar seu debut. Assim sendo, a banda se reuniu no “Impulse Studios“, em Newcastle, onde o álbum foi gravado e mixado. A obra contou com três produtores: Steve Thompson, Mickey Sweeney e Keith Nichol. A própria banda atuou na coprodução. As sessões de gravação duraram o mês de agosto de 1981 e a bolacha saiu pela Neat Records.

Muitas das músicas foram escritas pelo guitarrista Mantas, tendo Cronos escrito as músicas “Sons of Satan“, “Bloodlust” e “Welcome to Hell“. Aliás, Cronos não era o vocalista original e foi perguntado se poderia cantar a música “Live Like an Angel (Die Like a Devil)“. Ele cantou, a banda se impressionou com sua performance e assim ele foi alçado a posição de vocalista, com o antigo dono do posto, Clive Archer, demitido. E Cronos conta como rolou.

“Quando chegou a hora de gravar Live Like An Angel Jeff me perguntou se eu poderia cantar, eu disse “Hell Yeah”, embora no final da sessão tivéssemos uma reunião com a banda e o guitarrista e o baterista disseram que eles preferia meu estilo vocal ao de Clive. Devo dizer que ele se interessou muito por toda a situação, embora na realidade tivesse acabado de ser demitido, ele disse que poderíamos manter seu PA para eu cantar, e suas palavras de despedida foram algo como; ‘Eu amo essa banda, realmente espero que vocês façam isso.”

Com a troca de vocalista, o álbum foi gravado e agora Vamos passear pelas onze faixas desse petardo. “Sons of Satan” traz uma banda cheia de energia e embora a qualidade da gravação seja tosca ao extremo, dá para percebermos a qualidade da música, influenciada desde sempre pela NWOBHM.

A faixa título tem bons riffs e nos remetem ao Judas Priest, e não é para menos, era quase que obrigatório buscar uma referência entre seus conterrâneos. “Schizoid” já traz uma pegada mais Punk, ou melhor, Post-punk, com sua sonoridade direta, reta e honesta. Aqui temos um solo avassalador. “Mayhem With Mercy” é uma breve intro e tem belas harmonias de violão, que logo dão lugar às guitarras sujas com “Poison“, a faixa de número cinco, onde pouco consegue se distinguir o que os músicos tocam, mas a energia da banda segue intacta.

O lado A da bolacha se encerra com “Live Like an Angel (Die Like a Devil)” uma música com andamento mais rápido e que empolga. A qualidade da gravação melhora um pouco nessa faixa, o que ajuda a melhor compreensão da mesma. “Witching Hour” abre o lado B e apesar de os instrumentos estarem todos embolados, a música tem um poderio. Aqui a influência sonora é nitidamente do grande Motörhead.

One Thousand Days in Sodom” tem bons riffs, ainda que o som da guitarra de Mantas seja demasiadamente sujo. Em “Angel Dust“, a porteira sonora se mantém em uma música que traz de volta as influências Punk. Ela é bem curta, em menos de três minutos os caras dão o recado.

A parte final do play se dá com um dos maiores clássicos não só do Venom, mas do Heavy Metal extremo: estamos falando de “In League With Satan“, essa música com uma pegada mais arrastada e com um refrão grudento. Ela é obrigatória nas apresentações da banda e igualmente obrigatória aos fãs do estilo. O Six Feet Under foi uma das bandas que fez uma homenagem à banda, tocando essa música no álbum “Graveyard Classics” (2000). E “Red Light Fever” é o ato final do play com uma música relativamente rápida, mas a qualidade da gravação é tão ruim que não dá para compreender quase nada que os músicos querem passar, somente energia jovial mesmo.

Em menos de 40 minutos temos um disco atemporal, que mostra que o Venom estava a frente de sei tempo. Pode ser considerado o primeiro disco de Black Metal da história, ainda que a sonoridade esteja mais para o Speed/ NWOBHM do que propriamente para o estilo que viríamos a conhecer mais tarde como sendo o Black Metal, mas eles são assim considerados mais em virtude de suas letras de cunho ocultista/ satanista, até então pouco utilizados. Em que pese a qualidade pífia de gravação, o trio já demonstrava poderio e isso só foi confirmado com o tempo.

Esse disco é tão influente que os noruegueses do Mayhem e os alemães do Sodom se inspiraram nos títulos de duas músicas aqui presentes para batizar suas bandas: “Mayhem With Mercy” e “One Thousand Days in Sodom” explicam as escolhas.

No ano de 2017, a revista “Rolling Stone” colocou o álbum na posição de número 74 na sua lista dos 100 melhores álbuns de Heavy Metal de todos os tempos. A banda canadense de Zimmers Hole, conhecida por fazer parodias, prestou uma homenagem ao maior clássico deste play, no seu álbum intitulado “When You Were Shouting at the Devil… We Were in League With Satan“.

Um álbum cultuado, uma pedra fundamental no estilo. Hoje o Venom segue na ativa, infelizmente apenas com o vocalista e baixista Cronos. Mas vale a pena celebrar o mais novo quarentão da cena. Viva o Sodom, os caras que estavam na vanguarda do Metal Extremo. Que venham mais 40 anos.

Welcome to Hell – Venom
Data de lançamento – 12/12/1981
Gravadora – Neat Records

Faixas:
01 – Sons of Satan
02 – Welcome to Hell
03 – Schizoid
04 – Mayhem With Mercy
05 – Poison
06 – Live Like an Angel (Die Like a Devil)
07 – Witching Hour
08 – One Thousand Days in Sodom
09 – Angel Dust
10 – In League With Satan
11 – Red Light Fever

Formação:
Cronos – baixo/ vocal
Mantas – guitarra
Abaddon – bateria