Imagina misturar as raízes ancestrais de um povo com a energia contagiante do reggae e rock. É exatamente isso que a banda Bagedai faz no seu novo álbum, que leva o mesmo nome. Originária de Ximeng, uma região remota da China, lar do carismático povo Wa, Bagedai é uma prova viva de que a modernidade pode abraçar a tradição sem perder sua essência.
Os Wa, conhecidos por sua história rica e complexa, transformaram-se de uma comunidade caçadora-coletora para uma força influente na cena musical chinesa. A banda é composta por cinco vocalistas e dançarinas talentosas, apoiadas por músicos experientes, que juntos criam uma explosão de som e ritmo. E é essa combinação única que define a estética sonora de Bagedai – uma fusão de melodias tradicionais com batidas modernas, trazendo à vida uma nova forma de reggae: o yunnan reggae.
O álbum “Bagedai” abre com a poderosa “Mou Hei Lang”. Desde os primeiros acordes, é impossível não se deixar levar pela fusão harmoniosa de instrumentos tradicionais e modernos. As repercussões marcantes e as guitarras ritmadas criam uma base sólida para as vozes hipnotizantes das cantoras, que nos transportam imediatamente para o coração da cultura Wa.
Em seguida, “Nan Ai Er” mantém o ritmo dançante, com uma abordagem mais característica do reggae. com certeza, o destaque maior é o uso de instrumentos nativos, que trazem essa estética única a esta e a todas as canções, demonstrando a habilidade técnica do grupo em criar camadas sonoras complexas e emocionantes. É uma faixa que convida o ouvinte a se envolver profundamente com a música.
“Ya Lou Hei” traz uma explosão de energia, com um ritmo pulsante que é impossível de resistir. A combinação de saxofone e teclados cria uma atmosfera progressiva, enquanto as batidas de reggae mantêm o groove irresistível. É uma música que exala alegria e celebração, perfeita para levantar o ânimo de qualquer um.
“Endless Love” volta o saxofone desta vez embalado em um tema estilo Western, algo que esteticamente combina bem com o reggae e ajuda a ambientação da canção. A melodia suave e as harmonias vocais criam uma sensação de serenidade, destacando a pureza e o controle vocal das artistas. É uma faixa que brilha pela sua simplicidade e beleza.
A energia volta com força total em “Deng La Jie (Blessed Gathering)”, onde o ritmo contagiante cai sobre nossos sentidos como uma chuva de verão. Os solos de guitarra e a base de ska são simplesmente hipnotizantes, aqui as características folk do grupo saem um pouco de cena e a canção se torna um reggae mais comercial – o que sobra de autêntico são as linhas vocais.
“Jia Lin Sai (Let’s Groove)” faz jus ao seu título, com um groove irresistível que é impossível de ignorar. A batida envolvente e os arranjos de guitarra e baixo criam uma base sólida para as harmonias vocais brilharem, convidando o ouvinte a se perder no ritmo. A adição da flauta regional traz ainda mais identidade a canção, fazendo essa uma das melhores faixas do disco.
Em ‘’San Muluo the Just” oferece uma abordagem mais ancestral folk, mantendo a energia reggae, mas com uma abordagem mais regional. “Tong San Mei” também é um exemplo perfeito dessa suavidade ancestral, diferente da anterior, esta vem com uma melodia mais delicada e lenta, fluida e progressiva. É uma balada linda que mostra o lado mais contemplativo da banda, sem perder a essência.
“Kun Nam Er (My Beloved)” retorna ao estilo yunnan reggae, com uma batida envolvente e arranjos ricos que mantém o ouvinte preso do início ao fim. A faixa soa como uma oração, uma prece aos deuses, no qual da banda em criar uma ligação que é ao mesmo tempo tradicional e moderna.
O álbum fecha com “Black Pearl”, uma faixa que encapsula perfeitamente a habilidade vocal e musical da banda, e encerra de forma magnífica um álbum que é uma verdadeira aula de cultura, conexão ancestral e celebração do povo Wa..
Este disco é mais do que uma excelente estreia; é uma aula de tradição e inovação, unindo estilos de maneira brilhante. Se você ainda não conhecia a banda, este é o momento perfeito para se deixar levar.