Resenhas

Choices

Ometra

Avaliação

9.5

Ometra é o projeto de Carlo Gervasini que emergiu das cinzas de sua antiga banda, Parole Perse. Com uma mistura de rock alternativo e grunge, suas influências variam de Radiohead a Alice in Chains e Anathema. O novo álbum, ‘Choices’, é a exploração e tradução de sentimentos recentes de Carlo Gervasini, composto durante tempos difíceis que exigiram decisões dolorosas para encontrar a serenidade e a felicidade.

“Infelizmente nunca se sabe aonde a vida te leva”, contou Carlo Gervasini sobre a triste influência do disco. “Em 2019 minha mãe tirou a vida dela, foi um choque. Passei o biénio 2019-2020 numa bolha, onde a cognição do tempo e dos sentidos não existia, atingindo o ponto mais baixo no final de 2020. Eu tinha que fazer algo, algo grande, algo poderoso, algo para dizer às pessoas que tiveram a mesma experiência, confortando-as gritando ‘você não está sozinho'”.

O som de Ometra é uma fusão de riffs poderosos, linhas vocais emotivas e texturas ricas. Carlo Gervasini, que compositor principal do grupo conta com Anastasia (vocais), Elia (bateria), Paride (baixo), Veronica (vocais) e Russell (guitarras), além de Carlo.

O álbum “Choices” começa com “The Cloak Of Unmade Decisions”. Esta faixa de abertura é uma viagem atmosférica com guitarras etéreas e uma percussão crescente, que prepara o terreno para o que está por vir. A introdução instrumental é hipnotizante, levando o ouvinte a uma jornada introspectiva antes que os vocais suaves e assombrosos de Carlo e Anastasia entrem em cena.

“Lowest End” segue com a mesma vibe da faixa anterior, o baixo toma destaque aqui, e cria uma cama de profundidade e sinuosidade, as guitarras são pesados e profundas e a bateria de Elia marca um ritmo firme e constante. O vocal profundo, limpo e teatral, combina de forma perfeita com a intensidade instrumental. As influências de Alice in Chains e Anathema são evidentes, mas com um toque único que é exclusivamente Ometra.

A faixa-título “Choices” é uma peça central do álbum. Inicia-se com um arranjo minimalista e com as vozes sussurrantes de Carlo, uma melodia vocal melancólica que cresce quando as guitarras distorcidas socam os falantes nos primeiros segundos. À medida que a canção progride, a intensidade aumenta e diminui, culminando em um crescendo emocional que demonstra a habilidade da banda de criar paisagens sonoras dinâmicas e emocionantes.

Em “Last Minute Call”, a banda explora uma sonoridade mais agitada, com batidas mais elevadas e os vocais de Anastasia, logo essa agitação é tomada por lisergia em dormência, o refrão é com certeza o ponto mais icônico da canção, os trechos de quebra são como o vislumbre da resposta do que é um chamado de desespero. A combinação perfeita do medo e da agitação, ouvir essa canção é como uma injeção de Dopamina instantânea.  Uma das mais intrigantes faixas do álbum.

“Where Shadows Lead” é uma canção que encapsula o espírito de Ometra. A bateria de Elia e o baixo de Paride fornecem uma base sólida enquanto as guitarras de Carlo e Russell criam camadas de som que são ao mesmo sinuosas e lisérgicas, pesadas e repletas de atitude. A execução técnica é impecável, e o encerramento é tanto uma resolução quanto uma promessa de mais por vir.

O álbum encerra com “The Trails Of Unfinished Things”, uma faixa que destaca o talento da banda para criar atmosferas densas e envolventes. As guitarras de Russell e o baixo de Parede são especialmente notáveis aqui, criando um pano de fundo texturizado enquanto a faixa cresce gradativamente acrescentando elemento sub elemento, culminando em uma explosão de um grunge abismal único que só Ometra é capaz de produzir, os vocais flutuam com uma qualidade quase espectral. Simplesmente um encerramento digno de um álbum repleto de reflexão e atitude.

“Choices” é um álbum que transforma dor em arte. Combinando elementos de rock alternativo, grunge e uma sensibilidade única, Ometra criou um trabalho que ressoa profundamente em nossos ouvidos. Cada faixa é uma exploração de som e emoção, tornando “Choices” uma adição poderosa e memorável ao catálogo da banda.