Resenhas

Freedom Beats The Drum

Nigel Brown

Avaliação

8.5

Imagine-se em uma estrada poeirenta no meio do interior, o sol se pondo no horizonte enquanto as primeiras estrelas começam a aparecer no céu. É exatamente esse cenário que “Freedom Beats The Drum”, o novo álbum de Nigel Brown, evoca em seus ouvintes. Nigel, um talento emergente nascido em Londres, mas com o coração enraizado no campo, traz à tona uma sonoridade profundamente conectada às raízes do folk e do country, com toques sutis de blues que acrescentam uma camada de sofisticação a sua música simples, mas cativante

Nigel Brown é o tipo de artista que nos lembra que, às vezes, menos é mais. Sem complicações ou exageros, ele se apoia em uma estética sonora que valoriza a simplicidade e a autenticidade. Suas músicas, claramente influenciadas pelos sons do country americano e pelo folk tradicional, são como páginas arrancadas de um diário pessoal, onde cada acorde parece contar uma história de amor, perda ou descoberta. A banda que o acompanha é igualmente sutil e precisa, dando espaço para que cada nota respire e cada instrumento brilhe em seu próprio tempo.

Antes de mergulharmos nas nuances musicais do álbum “Freedom Beats The Drum”, é importante destacar que, com suas 15 faixas, Nigel Brown nos oferece uma paleta rica e variada de sons que capturam a essência do folk e do country. Nesta análise daremos atenção em algumas canções específicas que, de maneira especial, capturaram a essência do álbum e deixaram uma marca duradoura.

“All Love Matters” abre o álbum com uma melodia suave e acolhedora, marcada por violões que parecem dedilhados à beira de uma fogueira. A faixa estabelece um tom tranquilo e reflexivo, com uma pegada beatles que se desenrola de forma natural e fluida. “On A Different Day” se destaca pelo seu apelo que consegue enganar os ouvidos de qualquer um, um som otimista e elevado, a voz de Nigel por vezes me lembrou Phil Collins, e é interessante ter esta estética aliada ao folk. A combinação cria uma atmosfera de simplicidade pastoral, onde o ritmo domina e te transporta quase de imediato para o os ares do campo.

Quando chegamos à faixa-título, “Freedom Beats The Drum”, encontramos um hit, obviamente a faixa nasceu para ser icônica, com um ritmo firme e crescente que pulsa como um coração que nunca perde a batida. Embora simples, a faixa tem uma força emocional que é difícil de ignorar. A influência do rock clássico é sentida na forma como as notas se arrastam e se curvam, criando uma elevação que só se resolve no refrão, onde tudo se encaixa perfeitamente.

A nona faixa “Waiting For You” é destacada pela sua similaridade com John Lennon, e acredito que o piano aqui é com certeza um ode a obra do artista em “Imagine”. Aqui, Nigel cresce de forma belíssima e mistura desde “Imagine” e “High Hopes” do Pink Floyd aqui. A música é um exemplo perfeito de êxito e exímia. É a trilha sonora perfeita para uma tarde preguiçosa, onde o tempo parece desacelerar.

“Light In My Heart” traz o southern forte de volta, adicionando força e uma camada de profundidade emocional. Embora mantenha a pegada folk, há uma certa elegância aqui que lembra os velhos bluesmen do passado. A melodia é envolvente e cresce de forma orgânica, culminando em um final que deixa uma impressão duradoura.

Outra canção que explode aos nossos ouvidos é a que encerra o álbum, “Your Life Is Gonna Change”. Essa faixa nos entrega uma dose final de otimismo e energia. A música começa de forma suave, e ganha força com a introdução da guitarra rítmica que eleva ainda mais a cama da canção. Nigel e sua banda aqui demonstram uma habilidade impressionante para mesclar o velho com o novo, criando uma música que é ao mesmo tempo familiar e revigorante.

“Freedom Beats The Drum” é, acima de tudo, um álbum honesto. Nigel Brown não tenta reinventar a roda; ao invés disso, ele se aprofunda nas tradições do folk e do country, extraindo delas tudo que há de mais puro e belo. A produção é limpa, dando espaço para que cada instrumento brilhe, e a execução é impecável, mas nunca ostentosa. Em um mundo saturado por produções excessivas e sons fabricados, Nigel nos lembra que a verdadeira arte está na simplicidade e na sinceridade. E é exatamente isso que faz deste álbum uma obra que merece ser ouvida, sentida e apreciada, do início ao fim.