Eoin Shannon chega com seu álbum de estreia, ‘Hello Forever’, trazendo o que sabe fazer de melhor: uma mistura visceral de blues rock, psicodélico e folk sombrio, com toques de misticismo que refletem sua trajetória underground e independente. O disco de 12 faixas mergulha em temas de humores sombrios e introspecção, aproveitando experiências pessoais para criar uma coleção profundamente ressonante de músicas., e este álbum é mais um passo firme em sua jornada sonora. Gravado com emoção sincera, os vocais de Shannon, capturados do conforto de seu estúdio em casa, adicionam um toque pessoal a cada faixa, tornando este álbum imperdível para os entusiastas da música.
A abertura com “ I’d Have Grabbed You a Chair” já mostra suas origens enigmáticas. Um folk rock pesado com sentimento profundo, muito semelhante ao Johnny Cash. Logo na primeira faixa o artista transmite sua lamúria e dor emocional, onde ele perfura o ouvinte. O álbum conta com colaboração de artistas como Larry Magee, Andrei Sorokin, Chanele e outros músicos talentosos infundem o álbum com um som único e cativante que o diferencia.
Em “Come Down to the River ” temos o slide guitars e uma pegada cheia de atitude com um instrumental mais trabalho e emocionado – falando sobre purificação de almas e o diabo. Os vocais descolados e roucos trazem uma autenticidade difícil de ignorar. O disco tem variações de sentimento, na faixa titulo, o clima muda completamente para algo mais lisérgico e introspectivo, uma faixa lenta e hipnotizante que parece flutuar em um mar de reverberação, com flautas e outros instrumentos mais regionais, como se estivéssemos em uma floresta mística – Aqui vemos muita influência de Nick Cave.
“Everybody Got Crazy in Them” resgata uma pegada old school do rock com um violão robusto e denso e riffs de guitarra pesados que faz qualquer um bater o pé no chão ao ritmo da batida, um hit roqueiro de primeira linha que lembra o souther rock. Já “ Dear Daddy What Would You Do” nos transporta para o deserto, com uma atmosfera angustiante e reflexiva, com linhas de violão do folk, com backing vocals femininos de arrepiar. É uma faixa que quase podemos ver o sol poente em tons laranja enquanto a melodia se estende no horizonte.
Na seguinte, “Dream of you Tonight”, Eoin Shannon explora a tortura da alma com um som mais soturno, onde o piano se destaca com uma linha minimalista e poderosa. O artista dá um passo criativo e experimental aqui, criando um equilíbrio fascinante. “Sitting by the Fire” inicia com sussurros – impossível não lembrar da canção do Crash Test Dummies, “Mmm Mmm Mmm Mmm”. O folk nesta é suave e bem sentimental, mas os vocais arrastados e pesados perfuram o coração como Nick Cave faz.
“Night Is Dark ” é denso e melancólico, trazendo o dark country, com um violão acústico e toda angústia que se espera de uma faixa desse estilo, junto dos vocais etéreos de Chanele, criando uma ambiente cinzento e introspectivo. Em seguida, “Gambling Again” é um country mais alegre, para dar contraste à faixa anterior.
“Desperation” surge como uma faixa ritualística, cheia de percussões tribais e uma atmosfera tensa, quase uma introdução mística para “Oh Death”. Esta última é uma prece blues sombria, marcada por um violão ressonador que parece invocar algo ancestral.
A décima faixa, “I Need My Pain” mistura dark country e folk celta, uma combinação inesperada, mas que funciona surpreendentemente bem, com flauta e pianos, seguidos pelos vocais profundo de Eoin – vocais maravilhosos que carregam este disco de um jeito depressivo mas satisfatório. “Dark November” retorna ao cinzento, lembrando as faixas iniciais do álbum e preparando o terreno para o fechamento. Aqui sentimos a energia do inverno, com um instrumental mais acústico e que lembra tons etéreos de Dead Can Dance, e um solo de guitarra bem southern rock, emocionante. Acho que é a faixa que mais gostei.
Encerrando essa viagem sonora perfeita, temos uma versão jazzista da faixa “Dream of You Tonight”. Aqui, Eoin Shannon nos leva de volta ao básico com uma faixa acústica, elegante e nostálgica, que encerra o álbum com um toque soturno e conclusivo. Eoin Shannon entrega uma obra que mistura peso, melancolia e experimentação, tudo com um toque místico que só eles sabem fazer. Definitivamente, você precisa ouvir esse álbum – mais de uma vez.