Twelve Days in June chegou com tudo em Hiraeth, o quarto álbum de estúdio que mergulha fundo na essência do rock pesado dos anos 2000. Liderada por Dave Hulegaard, essa banda de Schenectady, Nova York, canaliza a melancolia e a crueza daquela década, misturando influências do grunge, shoegaze e dream pop para criar um som que é, ao mesmo tempo, nostálgico e inovador. Produzido por Ben Hirschfield, que já trabalhou com bandas como The Story So Far e Against Me!, Hiraeth é uma verdadeira viagem sonora – prepare-se para aumentar o volume e se perder em suas texturas!
Logo de cara, Hiraeth dá um soco no peito com “Numb”, uma abertura tensa onde guitarras carregadas de distorção estabelecem o clima sombrio e introspectivo que permeia o álbum. Em seguida, “Magic Hour” surge com força total, um som que é o puro suco dos grupos de metal alternativo dos anos 2000, trazendo uma sensação de vigorosidade e serenidade, sem perder a veia “gotica” com aquele toque de tensão latente.
“The Sea Is a Wishing Well” traz uma proposta mais reflexiva, sem tirar o pé da estética já difundida do grupo e “Undertow” parece puxar o ouvinte para o profundo oceano dos pensamentos com seu andamento que lentamente cresce e desenvolve, a faixa sabe levar o ouvinte a catarse lentamente, e progressivamente.
“The Day I Learned Your Name” e “Cognitive Distortion” continuam a explorar o peso e energia, a primeira alinhando peso melodia e reflexão e a segunda com camadas de guitarra pesadas e brutais aliadas a elementos sintetizadores que trazem um efeito impactante, criando uma espécie de turbulência que desafia o ouvinte a se perder nesse emaranhado sonoro.
No meio do álbum, “Miranda Lawson”, seria uma homenagem a um personagem de um jogo!? No fim é impossível saber pra nós que não jogamos Mass Effect… mas voltando aos aspectos técnicos, a faixa claramente é uma declaração, possui uma intenção romântica, enquanto “Going Home” oferecem uma intenção introspectiva e pensativa, com uma pegada mais melódica que convida à reflexão e o vislumbre de possibilidades.
Em “Polymorphic Light Eruption” carrega a vibe Soundgarden e Alice In Chains, um som massivo, carregado e repleto de lisergia. É com essa faixa que o álbum retoma a intensidade com riffs potentes e uma bateria marcante, trazendo uma explosão de energia. “The Bittersweet Season” segue a mesma métrica e atmosfera da faixa anterior, assim como em “The Wanderer”, ambas faixas apostam em uma construção mais cadenciada e “shoegze”.
A faixa “Planned Obsolescence” destoa do restante, apostando em um pop “grunge” a lá Foo Fighters com camadas sonoras alegres e cheias de um refrão quase adolecente.
Por fim, “Blush” fecha o álbum de maneira brilhante. Com um som que é ao mesmo tempo etéreo e contundente, a faixa encerra o disco como uma espécie de eco das emoções intensas, a faixa é o puro suco do shoegaze; Marcante, Potente e Polida. Uma excelente forma de encerrar o álbum, evidenciando assim o poder de Twelve Days in June em criar sons esteticamente fiéis ao seu estilo e emular emoções com acordes.
Hiraeth é uma experiência que soa como uma sessão de terapia ruidosa, onde o peso das guitarras encontra o toque etéreo do shoegaze. A banda não só evoca nostalgia como também transforma o som dos anos 2000 em algo fresco e relevante. Uma jornada auditiva densa, poderosa e cheia de alma – exatamente o que Twelve Days in June sabe fazer de melhor.