A alucinante banda Hipflask Virgins apresenta o novo EP, inititulado ‘Kerberos Vol.1: Last Day’. Ricas em versatilidade sonora, as seis canções são uma odisseia emocionante e transcendental com duração de exatamente 24 minutos, cada uma das 4 faixas principais representa um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse — Conquista, Guerra, Fome e Morte. A música de Hipflask Virgins é um lembrete do grande rock alternativo que surgiu durante os anos 90, com o Stoner rock dos anos 70 e a técnica do progressivo – mas Hipflask Virgins cria uma abordagem melancólica, atmosférica e emocional. “As últimas 24 horas sem fim na Terra. Doom, narração e robôs – esta é a coisa mais estranha que já fizemos”, comenta a banda
‘Kerberos Vol.1: Last Day’ representa a marca única da alma da banda. Há simplicidade e perfeição juntas que tornam o som mais progressivo e grandioso. O som bruto da banda combina elementos de metal progressivo, stoner e rock alternativo de várias épocas, em um caldeirão rodopiante de guitarras densas e energia sônica impulsionada pelo groove. Com esse disco provam que seguem com a ideologia artística, ousada e cativante, junto com o som penetrante e peculiar, que traz uma atmosfera sonora nostálgica ao mesmo tempo que exala um frescor sincero graças a energia jovial e mente visionária dos integrantes.
Logo na primeira faixa, “The Sole Witness”, percebemos aonde a banda quer chegar, entregando um choque elétrico de paixão mesclado com uma atitude destemida, esse prelúdio entrega o que podemos esperar de um disco de ópera rock de ficção científica. A música seguinte, “Hubris (conquest)”, já mostra o lado multifacetado entregando peso e vocais agressivos, mesclando punk rock com riffs de stoner. Criando uma vibe majestosa para amantes deste estilo, este disco mostra o quanto a banda adora dobrar e moldar gêneros musicais com sua atmosfera depressiva e sombria. Esta é a minha preferida, pelo sentimentalismo e profundidade.
Subindo impecavelmente na ordem musical com seus riffs em camadas com seções de metais e arranjos progressivos, seu som está amadurecendo em algo único. Em “Gen-Ded (war)”, a banda mantém o espírito do stoner mas também incorpora o metal progressivo com um tom mais depressivo e exala técnica e talento – por isso adorei essa banda, ela mistura diversas referências inusitadas para criar seu som, bem ao estilo que eu gosto pessoalmente. Aqui percebemos que a dupla queria explorar uma abordagem mais cinematográfica.
“Ragnarock (famine)” é uma fusão fervorosa e expressiva, uma satisfação conceitual de uma mistura eclética de ideias. Começa com um lick de guitarra distorcido que é compacto e suave, nostálgico e remete ao rock alternativo, mas também tem tons de stoner, com um refrão que entra facilmente em nossa mente e uma melodia que nos faz viajar, sendo uma canção perfeita para curtir no show.
“Last Day (death)” destila a melancolia penetrante e intimista com um ar sombrio e difícil de digerir – um tom que ora remete a musicalidade profunda do grunge, mantendo o ambiente denso. É uma canção de 9 minutos que é uma viagem que soa sombria mas depois entendemos a genialidade por trás dessa criação absurda e ousada, que tem lirismo cativante. A canção é a mais longa do EP, e possui mudanças de ambiente, proporcionando uma imersão nesse mundo caótico que a banda criou.
Uma melodia cativante e atraente com um arranjo musical genuíno é sentida na última faixa “Goodbye Earth”, sendo a música comercial do álbum que leva o ouvinte aos limites do desconhecido de uma forma prazerosa e impossível de descrever – é preciso ouvir e sentir por si só esse momento, pois os vocais cantam de forma teatral e penetra no ouvinte de uma forma única. A canção coloca fim a essa viagem maravilhosa, mas despertando a vontade de apertar o play novamente e embarcar nesse mundo criativo do Hipflask Virgins. Essa última faixa traz o lado mais pesado e denso, destilando a nostalgia e o momento sombrio. Com uma técnica e estilo perfeito que remete aos clássicos geniais de bandas grandes.
‘Kerberos Vol.1: Last Day’ mantem a frequência, conduzindo o ouvinte em uma viagem sonora inesquecível, com destaque na forma como a banda misturou referências dentro do rock e de uma maneira peculiar criou um trabalho atemporal perfeito para os fãs do estilo, conversando diretamente com seu instrumental e com o ouvinte, transmitindo diversos sentimentos de forma satisfatória. Hipflask Virgins chegou para ficar e já ganhou destaque repleto de ideias vibrantes, exclusivas e de pura nostalgia, sendo uma banda potente, de imersão com um domínio tão forte e confiante sobre seu som, que consegue encantar desde o público mais exigente até quem busca bandas novas.