Resenhas

Les Chants de L’Aurore

Alcest

Avaliação

9.0

Em seu novo registro, os franceses parecem equilibrar muito bem as influências mais cruas e progressivas dos primeiros álbuns e EPs, com o peso de seus últimos lançamentos. A banda sempre demonstrou ter muito cuidado com todas as partes de seu trabalho, desde as artes de capa e encarte, com personagens característicos para cada álbum, até a temática e atmosfera de suas músicas, que tem como premissa transportar o ouvinte para uma outra dimensão, para um lugar onde rótulos e limitações não são bem vindos.

 

Nas músicas deste novo álbum, a sensação é que a banda fez um paralelo entre “o lado de cá e o lado de lá”, mas de uma forma mais poética. Músicas como “Flamme Jumelle” falam sobre perder alguém que se ama muito, mas continuar conectado á ela de uma maneira espiritual. Enquanto o primeiro single a ser lançado, “L’Envol”, aborda a temática de como deixar que nosso corpo escape da realidade e encare novas formas de existências, neste mundo ou em outros.

Minha favorita é “Améthyste”, que parece ter tido influências muito semelhantes à de “Eclosion”, faixa do álbum “Kodama”, pela sua melodia e seu fraseado similares, além do equilíbrio entre o caos e a calmaria. “L’Enfant De La Lune” é uma das faixas mais diferentes, começa com vocais falados ao invés de cantados, e logo em seguida explode com o seu blackgaze com mudanças de tempo empolgantes e, diferente do que costuma fazer, não intercalou os vocais entre o limpo e o rasgado, mas se manteve apenas no limpo e com alguns vocais de coro muito bem posicionados.

Por falar em calmaria, o álbum é surpreendido com as angelicais “Réminiscence” e “L’Adieu”, que são o respiro do álbum. A primeira conta com um piano e um vocal em coro de uma delicadeza admirável. E a segunda é mais instrumental, e conta com linhas de guitarra hipnotizantes e que se encarregam de fechar o álbum de uma maneira sutil e aconchegante.

No mais, o álbum é equilibrado e soube pegar o que o Alcest fez de melhor em seus quase 24 anos de existência. Apresentou a crueza e atmosfera dos primeiros álbuns com o peso de seus trabalhos mais novos. O álbum não é cansativo e nem repetitivo, soube bem quando apresentar suas faixas mais cadenciadas, e quando surpreender o público com longas faixas mais pesadas.