Após longos seis anos e meio o Avenged Sevenfold está de volta com o seu novo álbum, “Life Is But a Dream…”, que chega nesse dia 02 de junho pela Warner Music. A contestada banda chega ao seu 8º álbum de estúdio com uma expectativa alta, não só por esse tempo de espera, mas também por conta dos singles que saíram antecipadamente, que contam com uma sonoridade no mínimo peculiares. Então, bora pra audição pra sacar qual é a dos caras nessa nova aposta.
Para falar sobre esse álbum precisamos voltar um pouco no tempo pra lembrar sobre uma frase que o vocalista, M. Shadows, disse antes do lançamento de “City Of Evil” (2005), a qual ele comenta que a partir dali a sonoridade da banda nunca seria a mesma de um álbum para o outro. O que começou com um Metalcore com poucas passagens limpas, se tornou um álbum de Heavy Metal com nuances do Power Metal no álbum mencionado de 2005, passando pelo Metal Moderno no álbum autointitulado de 2007, com composições bem elaboradas que contam com os hit singles “Almost Easy” e “Afterlife”, até a Opera Rock “A Little Piece Of Heaven”, fechando com uma balada Country em “Dear God”. Em “Nightmare”, um lado mais sombrio é explorado, ainda com single marcantes como a faixa-título e a emocionante “So Far Away”, fechando com a épica “Save Me”, que já contava com uma pegada Prog. A banda tentou criar o seu “Black Album” em “Hail To The King” que conta com composições mais diretas e comerciais, mas abraçou de vez o Prog no álbum conceitual “The Stage”, lançado de surpresa, literalmente, em 2016. Sendo assim, “Life Is But a Dream…” tem a obrigação de ser uma evolução natural do que foi apresentado anteriormente.
“Game Over” abre os trabalhos com uma introdução lindíssima no violão antes de soltar os cachorros com uma pegada agressiva, típica da banda. A progressão já começa aqui. Mesmo sendo uma faixa de quatro minutos, já apresenta uma drástica mudança de tom da metade para a frente, logo após o segundo refrão, com uma passagem de voz, piano e violão no maior estilo Queen. “Mattel” tem Shadows cantando com muitos efeitos na voz em um instrumental que tem bons tons de guitarra em seus primeiros versos. Um piano quebra a faixa em uma ótima passagem antes de retornar a predominância das guitarras e tom melódico toma conta após o segundo refrão, com sintetizadores ganhando destaque antes de um final com muita ênfase no piano.
Dois singles representam bem o som do álbum. Primeiro veio “Nobody”, uma faixa no mínimo confusa, com as guitarras dividindo os holofotes com os sintetizadores. A bateria é bem marcante e tem andamento médio que contrata muito bem com a proposta vocal. Destaque para o final da faixa, na qual uma bela melodia de violinos acompanha o brilhante solo de Synyster Gates. “We Love You” tem momentos melódicos, caóticos e acústicos. A bateria é quem dita o ritmo desde o início com uma performance incrível de Brooks Wackerman. Os primeiros minutos tem uma pegada alternativa com os vocais distorcidos antes de entrar em um ritmo mais forte com bons riffs agudos de guitarra. Uma pegada Thrash é destaque na metade da execução, que acaba nos levando pra um final bem melódico com uma bela base no violão.
“Cosmic” nos remete ao “City Of Evil” pois tem uma bela ênfase nas guitarras. Shadows aparece pouco aqui, com vocais suaves que acompanham uma base acústica muito boa. Na metade da faixa outra mudança do compasso, com violão, teclado e uma orquestração ditam o ritmo com os vocais bem melodiosos tomando conta. O final tem uma mudança menos agressiva, com a bateria ficando mais presente e os vocais distorcidos com autotune predominando. “Beautiful Morning” lembra muito o Alice In Chains, com uma pegada sombria, vocais arrastados e um Groove na bateria muito satisfatório. É uma faixa bem confusa e que pode demorar pra ser entendida, mas que dentro da proposta da banda, se encaixa perfeitamente. Destaque para a performance de piano, provavelmente de Shadows, ao seu final.
“Easier” tem o início com uma voz distorcida no melhor estilo Kanye West, estranha. Seus versos são pesados, com andamento médio e os vocais ainda contam com efeitos, que mais parecem um megafone. É outra faixa de difícil assimilação e talvez não seja a favorita dos fãs. “G” tem uma pegada Prog com muita influência do Jazz e soa diferente do que qualquer coisa que a banda já fez. O vocal grave nos versos dá o tom e é acompanhado por Taura Stinson e Brianna Mazzola no refrão. Essa pelo menos é interessante. “(O)rdinary” parece mais uma faixa do Daft Punk, com um ritmo funkeado que pode fazer os fãs torcerem o nariz. Em seguida temos uma verdadeira pérola, no bom sentido: “(D)eath” é uma faixa de música clássica, com Shadows cantando no melhor estilo Sinatra. É isso mesmo! Uma ótima faixa, mas que vai contra tudo o que a banda já fez na carreira. Não sei dizer se isso é bom ou ruim.
Fechando o álbum temos a faixa-título, uma linda instrumental no piano que foi tocado por Synyster Gates, que passou a pandemia treinando e se aperfeiçoando no instrumento por conta própria. E realmente é uma linda peça.
Bom, temos algo peculiar aqui, “Life Is But a Dream…” é um álbum pra quem tem a mente aberta, então não espere o Avenged Sevenfold do “City Of Evil” ou do “Nightmare”, nem mesmo do “The Stage”. Aqui temos uma banda renovada, sem medo de explorar o desconhecido, cumprindo a proposta de não se repetir a cada lançamento e isso é algo que merece muito respeito. Na primeira audição você vai estranhar, torcer o nariz e falar “mas que porra é essa?”, mas com os ouvidos mais preparados, na segunda, terceira audição, tudo vai soar mais agradável e aceitável. Então, dê uma chance e não fique só na primeira ouvida.
Tracklist:
01. Game Over
02. Mattel
03. Nobody
04. We Love You
05. Cosmic
06. Beautiful Morning
07. Easier
08. G
09. (O)rdinary
10. (D)eath
11. Life Is But a Dream…