Resenhas

Moonfactory

Hyde Out

Avaliação

8.0

Se você ainda não conhece o Hyde Out, é hora de prestar atenção. O duo londrino formado por Omar Merlo e Jaka Levstek vem desde 2014 criando uma mistura irresistível de nostalgia e inovação sonora. Em ‘Moonfactory’, seu novo álbum, eles nos levam a uma jornada pelos meandros do indie rock britânico dos anos 90, o folk dos anos 70 e aquele pop rock oitentista que gruda na alma. O resultado? Um disco multifacetado, cheio de camadas e surpresas que soam tão frescas quanto familiares.

O álbum abre com “Oblivious”, uma introdução que é puro transe sonoro. As camadas de guitarras etéreas e teclados lisérgicos preparam o terreno para o que está por vir. Mas a verdadeira pancada chega logo em “Dedicated to the Ones Who Want Me Dead”. Aqui, os vocais de Omar brilham com uma intensidade quase hipnótica, enquanto a base instrumental mistura peso e melodia de maneira impecável.

A delicadeza toma conta em “Only Words”, uma balada com ecos do post-punk oitentista. Violinos e pianos dão um tom cinematográfico à faixa, enquanto a execução precisa da dupla mostra que menos pode, sim, ser mais. E se você achava que não podia ficar mais melancólico, “Games We Play” surge como uma espécie de Black Parade do Hyde Out: lenta, lúgubre e profunda, ela é carregada por uma instrumentação sombria que parece contar sua própria história.

O clima se anima um pouco em “On Your Way”, que tem ares de baile dos anos 50 – só que punk, com um balanço alegre que lembra faixas de Beach Boys e etc. É impossível não se deixar levar pela energia calorosa da faixa. “Firefly”, por outro lado, é uma celebração das influências do britpop e do alt-rock dos anos 90, com uma pegada que soa como Smiths encontrando Live. O ritmo constante e os detalhes instrumentais sutis fazem dela um destaque no álbum.

A suavidade de “Powder-Coated Penguin In Undisclosed Location” remete ao soft rock sofisticado do Dire Straits, enquanto Another Life mergulha na dramaticidade de uma estética quase espiritual. O álbum então desacelera com a belíssima “Bring On”, uma faixa acústica que parece saída diretamente de um vinil de folk rock setentista.

Mas Hyde Out sabe como construir tensão: “Cityscape 49” começa tímida, com uma introdução acústica emblemática que cresce até um ápice, apenas para ceder espaço ao mistério de “Kryptonite”. A faixa surpreende ao evoluir de lenta e introspectiva para algo dançante e pop. E quando menos se espera, “Go High” explode em um hard rock pesado, sujo e cheio de atitude, destoando de tudo o que veio antes e, por isso mesmo, funcionando como um grito de liberdade sonora.

O álbum encerra como começou, com “Oblivious” retornando em versão “outro”, amarrando a narrativa sonora de forma circular, mas deixando aquela sensação de “quero mais”. Hyde Out soube pegar o melhor de várias décadas e gêneros, misturar tudo em um caldeirão criativo e entregar algo que soa tanto atemporal quanto inovador. Vale cada segundo.