Algo que tem acontecido com certa frequência com algumas bandas é a busca por novos elementos que estendam o seu leque para um novo público, uma ambição que deve ser valorizada hoje em dia, já que muitas bandas pararam no tempo e não se atualizam, ficam estacionadas nos seus primórdios e acabam não atraindo uma atenção maior. Isso é algo prejudicial, já que a não popularização principalmente nas redes sociais, acaba não atraindo produtores de grandes festivais e muito menos as bandas consagradas no caso de um show de abertura. O Carnifex não está tomando esse caminho, já que com a chegada de “Necromanteum”, seu nono álbum de estúdio, a evolução é nítida, com novos elementos enriquecendo o seu Deathcore, como sintetizadores que criam harmonias em que você se sente em um filme de terror.
Há alguns anos a banda lançou um cover do Korn para a música “Dead Bodies Everywhere“, ali foi um ponto importante no qual foi apresentada uma performance fiel e ao mesmo tempo com a identidade do Carnifex e esse é o ponto, quando a banda obtém esse elemento, já é meio caminho andado. Falando nisso, a faixa fez parte do último lançamento, “GRAVESIDE CONFESSIONS” (2021), que já aperfeiçoava essa adição de harmonias densas e macabras que já faz parte do som dos caras desde o álbum de estreia, “Dead In My Arms” (2007). Agora, em “Necromanteum” é a evolução natural do que deu certo anteriormente, com mais riqueza nos detalhes, adição de mais elementos e composições mais caprichadas nas quais a banda aborda temas sobre a experiência de quase morte
Perceba logo na abertura, “Torn In Two“, que não desacelera um segundo, com uma performance incrível do baterista Shawn Cameron em contraste com guitarras despejando seus riffs empolgantes e uma atmosfera tensa de fundo. Também temos a participação de Tom Barber do Chelsea Grin na faixa “Death’s Forgotten Children“, um hino que protagoniza um dos momentos mais pesados da música neste ano. Interessante ouvir os timbres diferentes dos guturais de Barber e do vocalista Scott Lewis, criando um contraste perfeito. A banda explora uma base sinfônica na faixa-título, criando um aspecto tenebroso que engrandece muito a composição. Um dos pontos altos do álbum.
Um show de técnica invade as próximas faixas, logo em “Crowned In Everblack” temos o destaque nas guitarras, com bastante mudança de compasso com breakdowns incríveis. Sobra tempo até para uma passagem limpa antes da ponte agressiva. Outro ponto alto do álbum aparece em “The Pathless Forest“, onde quem dá o show é Lewis, alternando os timbres de seus guturais entre mais agressivos e agudos, soando muito natural. Legal também a alternância de compasso da bateria, hora com blast beats, outras mais cadenciadas, mas sempre atacando os bumbos duplos de forma magnifica. Na mesma pegada, “How The Knife Gets Twisted” também destaca a técnica da bateria, com o diferencial de ter uma presença mais marcante do baixo e um solo de guitarra com um bom feeling.
“Architect of Misanthropy” tem boa performance da banda, com mais um solo impecável e blast beats insanos, tem seu ponto alto do meio para o fim onde aquela atmosfera dos sintetizadores aparecem com mais destaque. Uma devastyação aos seus tímpanos é apresentada em “Infinite Night Terror”, mais uma vez com uma atmosfera que flerta com o melódico, apresenta uma bateria que te espanca. Faixa muito empolgante e memorável. Chegando pertinho do final, vêm “Bleed More“, e é exatamente isso que acontece: seus ouvidos são surrados até sangrar com muita técnica e blast beats concentrados que elevam o clima, que entra em contraste com os sintetizadores colocados estrategicamente pra deixar tudo mais memorável.
Por último temos outro hino, “Heaven And Hell All At Once” mantém o nível elevado com um clima de final épico, parece até uma trilha sonora e é exatamente isso, um Soundtrack para a agressividade, onde peso e harmonia se encaixam de forma perfeita e fecha o álbum com uma bela composição. Temos aqui um dos melhores lançamentos do ano, onde o equilíbrio entre momentos do mais puro Deathcore se encontra com uma atmosfera única, criando um sabor agridoce perfeito. Ouça esse álbum no talo, pois temos algo acima da média aqui.
Tracklist:
1. Torn In Two
2. Death’s Forgotten Children
3. Necromanteum
4. Crowned In Everblack
5. The Pathless Forest
6. How The Knife Gets Twisted
7. Architect Of Misanthropy
8. Infinite Night Terror
9. Bleed More
10. Heaven And Hell All At Once