Estamos diante do album de estreia do The Risen Dread, uma banda formada em Dublin, capital da Irlanda, que conta com dois brasileiros em sua formação. Neste Night Hag, a participação brazuca não se resumiu aos membros da banda. Temos as participações de ninguém menos do que Andreas kisser e do maestro Renato Zanuto e de Marcelo Vasco, que assinou a arte da capa. Iremos analisar esse play.
Formada no ano de 2018, o quarteto que é composto pelo vocalista Marco Feltrin, o guitarrista William Ribeiro, o baixist Mat Maher e o baterista Colum Cleary, o The Risen Dread lançou um EP em 2019 chamado “Delusions”, contendo três faixas, das quais, duas entraram neste debut álbum. Veio a pandemia e a banda parou para seguir compondo e em junho de 2021, eles adentraram ao JSR Studios, em Belfast, na vizinha Irlanda do Norte, acompanhados de Josh Robinson, que gravou as partes de cada músico. A própria banda assinou a produção. A mixagem e masterização ficaram a cargo de Kai Stahienberg e ocorreu no Kohiekeller Studio, e o lançamento foi em 28 de janeiro.
“Night Hag” é um disco conceitual, onde a banda trata as doenças mentais como ponto de partida. Cada faixa fala sobre uma determinada doença ou alguma figura histórica que passou por múltiplos transtornos. Vamos destrinchar faixa a faixa dessa obra.
“Psychoses” é a faixa que abre o play e temos um ótimo cartão de visitas, nos mostrando uma banda altamente pesada e concisa, mesclando partes rápidas com outras mais cadenciadas. “Silent Disease”, por sua vez é bastante inspirada no Lamb of God, com o peso novamente sendo o protagonista e um final com guitarras mais melódicas.
“Bury me”, a faixa númeo três, é mais puxada para Death Metal melódico, tendo bons riffs, em certo momento flertando com o Djent, e acima de tudo, bem sombria. “Obsession” tem os melhores riffs de todo o play, em alguns momentos nos remetem ao Kreator da época do álbum “Renewal”, quando os alemães deixaram um pouco o Thrash Metal de lado. Porém, aqui, o peso reina absoluto.
“Sound of the Unknown” é uma faixa que alterna partes mais rápidas com outras bem atmosféricas, trazendo ótimos riffs de guitarra e uma bela performance do baixista Mat Maher. “Fallen” abre a metade final do play e é uma faixa bem enérgica, que mistura diversas influências, que vão do Power Metal ao Thrash, com predominância de uma pegada mais moderna.
“Deciever”, a faixa número sete, é bem grooveada, com riffs muito interessantes, que é um convite para bater cabeça ao longo dos seus cinco minutos. Em dado momento, a música fica incrivelmente pesada e brutal. “White Night” é moderna e densa, sem soar chata em nenhum momento. Outra performance bem acima da média do baixsta Mat Maher, que ajuda a dar mais peso e a participação de Andreas Kisser, com um belo solo, abrilhantando ainda mais a música, o ponto alto do play, sem sombra de dúvidas.
“Cowards 9” tem riffs intrincados que hipnotizam o ouvinte e ajuda a manter o nível do álbum acima da estratosfera. Outra música que merece destaque. “Lazzaretto” tem guitarras bem nervosas, que começam arrastadas, ganham um breve momento de velocidade no refrão e assim ela se desenvolve da melhor maneira possível.
Chega a faixa título, com a participação de Renato Zanuto, que fez um ótimo trabalho com seu teclado, dando um toque sinfônico. Aqui a música é bem diferente das demais, sendo bem sombria, ganhando alguns momentos de brutalidade, e dessa forma o álbum se despede.
Depois de 54 minutos e onze músicas, a impressão que estes rapazes deixaram foi muito boa, um disco muito acima da média e uma estréia com o pé na porta, nos enchendo de orgulho por saber que s trata de um trabalho feito por brasileiros em sua maioria. E se você só conhece a Irlanda pelos pubs com suas belas cervejas, o famoso whiskey da garrafa verde e pelo tradicional e delicioso Irish Coffee, está na hora de apreciar o que há de bom na cena metálica de lá.