Não é novidade para ninguém a mudança da sonoridade do Behemoth, composições mais acessíveis e bem trabalhadas são destaque ao menos desde “The Satanist” de 2014, passando por “I Loved You At Your Darkest” de 2018. Novos fãs surgiram consequentemente, assim como críticas dos fãs mais árduos, como sempre dizendo que a banda se vendeu e não faz mais o Black Metal sujo de seus primórdios. “Opvs Contra Natvram”, o décimo segundo álbum dos poloneses chega pela Nuclear Blast, com a promessa de ser mais agressivo. Vamos ver se isso se confirma.
A julgar pelos singles liberados antecipadamente, a proposta de ser mais agressivo se cumpre parcialmente, “Ov My Herculean Exile” mantém a pegada mais moderna da banda, com riffs sombrios e mais trabalhados, além da bateria mais cadenciada e com viradas bastante técnicas. Alguns blast beats aparecem no final, mas não são maioria na faixa. “Off To War!” tem um tom mais épico, mas não resgata o som antigo da banda. O andamento mais rápido a faz ser ótima para animar o público nos shows. “The Deathless Sun” também conta com andamento mais acelerado, com blast beats aparecendo com mais frequência. O refrão conta com coros blasfemos bastante marcantes. O último single liberado foi “Thy Becoming Eternal”, essa tem uma pegada mais suja e agressiva, ainda assim com a roupagem mais polida. Sua letra não é menos insultante a religião que as outras, o que é ótimo!
Falando das inéditas temos a faixa de abertura “Post-God Nirvana”, sombria com uma pegada ritualística, te imerge de uma forma intensa na proposta do álbum. Nergal urra de forma assustadora enquanto percussões tomam forma e vão crescendo até chegar em “Malaria Vvlgata”, que é rápida em andamento e duração, com pouco mais de dois minutos. Riffs insanos conduzem a música que ainda conta com um ótimo solo de guitarra. As duas primeiras tem tudo para serem as faixas de abertura da próxima turnê.
Passamos pelas já citadas “The Deathless Sun” e “Ov My Herculean Exile” e chegamos em “Neo-Spartacvs”. Poderosa, impiedosa e marcante, conta com riffs bem construídos e a presença devastadora do baixo. A bateria dita um ritmo bastante empolgante e o refrão é perfeito para ser ecoado ao vivo. “Disinheritance” tem um clima interessante, com riffs com um tom agudo e uma pegada célere. Confere ainda viradas impressionantes na bateria de Inferno e um duelo de guitarras impecável.
Já falamos sobre “Off To War!” então vamos para “Once Upon A Pale Horse”, com andamento variado e poucas partes aceleradas, os riffs do pré-refrão lembram bastante o que a Crypta toca e conta com uma harmonia épica de fundo. Diferente do que o Behemoth costuma fazer e isso a torna uma das melhores do álbum.
“Thy Becoming Eternal” nos encaminha para o fim do álbum, onde “Versvs Christvs” nos leva a uma viagem blasfema, épica e impecável. Um piano tenebroso inicia a faixa com Nergal sussurrando e cantando alguns versos. Com pouco mais de um minuto vem uma bateria grooveada conduzindo um riff agudo muito bom que cresce até chegar a distorção e velocidade. O refrão é épico e cantado em latim, o ápice da faixa. Uma das melhores já feitas pela banda por ter mais elementos e uma estrutura ascendente. Fecha de forma perfeita o Play.
O Behemoth nunca esteve tão bem em questão técnica, visual e lírica, os temas blasfemos ainda conduzem todas as composições, com ênfase no mal que a religião faz ao mundo. Musicalmente, a adição de outros elementos mais acessíveis enriquece o som, com momentos épicos em praticamente todas as faixas. A quem reclama da mudança na sonoridade, realmente parou no tempo. A evolução da banda a coloca no topo do gênero. Temos aqui um dos grandes lançamentos do ano.
Tracklist:
1. Post-God Nirvana
2. Malaria Vvlgata
3. The Deathless Sun
4. Ov My Herculean Exile
5. Neo-Spartacvs
6. Disinheritance
7. Off To War!
8. Once Upon A Pale Horse
9. Thy Becoming Eternal
10. Versvs Christvs
Formação:
Adam “Nergal” Darski – Guitarra, Vocais
Zbigniew Robert “Inferno” Prominski – Bateria, Percussão
Tomasz “Orion” Wroblewski – Baixo
Músicos adicionais:
Patryk Dominik “Seth” Sztyber – Guitarra