Resenhas

Rat Race

Repeat

Avaliação

9.0

A energia fervilhante do rock sueco ganha novos contornos com “Rat Race”, o mais recente álbum do trio Repeat. Em uma explosão de 18 minutos dividida em nove faixas, Repeat nos convida para um passeio vibrante pelos becos sombrios do stoner rock, punk e post-hardcore. Uma crueza sonora e uma energia desenfreada. As composições são diretas, com ênfase em acordes simples e repetitivos que criam um som visceral e poderoso. A guitarra é um dos elementos centrais, muitas vezes distorcida e tocada com agressividade, produzindo riffs sujos e intensos, proporcionando uma base sólida que abraça o ouvinte no primeiro segundo.

O álbum abre com “Man on the Moon”, uma faixa que te joga de cabeça em um redemoinho sonoro. Com vocais distorcidos e guitarras potentes, a música traz uma energia contagiante que ecoa o estilo explosivo de The Killers. A bateria estourada adiciona uma camada de agressividade que não deixa ninguém parado. É um começo de tirar o fôlego que já estabelece o tom do álbum: eletrizante e impiedoso.

Em seguida, “Death” mantém a chama acesa com um legítimo punk stoner. A velocidade frenética e os riffs pesados deixam claro que Repeat não está para brincadeira. Esta faixa é uma ode à intensidade, e sua execução impecável mantém a adrenalina alta. O vocal é outro elemento distintivo, tanto nesta canção como em todo disco, com uma entrega que brinca com o falado e o excesso de distorção, transmitindo uma sensação debochada e crítica. A voz é carregada deste contraste, complementando perfeitamente a agressividade instrumental.

“Not Enough” começa com uma surpresa: seus primeiros segundos evocam o crust punk, mas logo se transformam em uma fusão energética de punk rock e hard rock. A versatilidade da banda brilha aqui, mostrando que eles sabem exatamente como manipular seus instrumentos para criar algo único e empolgante.

“Reasons”, a quarta faixa, desacelera um pouco o ritmo. Apesar de lenta, não perde o peso característico do álbum. É uma faixa introspectiva, com um apelo emocional que ressoa profundamente. As guitarras são mais melódicas, e os vocais de Alex ganham uma nova dimensão, mostrando uma faceta mais versátil e emotiva da banda.

“Enemy” retorna ao punk puro, sujo e cheio de atitude. O solo de guitarra é simplesmente perfeito, uma explosão de técnica e paixão que prende a atenção do início ao fim. É uma faixa que encapsula a essência rebelde de Repeat, sem compromissos e sem medo de ser autêntica.

Na metade do álbum, somos confrontados com “Rat Race”, uma faixa quase Metal Punk, sem vocal. É uma peça instrumental destruidora que prova que a banda pode se comunicar poderosamente mesmo sem palavras. A ausência de vocais permite que cada instrumento brilhe em sua própria intensidade, criando uma experiência sonora visceral.

Nesse ponto, já podemos notar que a produção das músicas é propositalmente rudimentar, capturando a energia bruta e a espontaneidade. Há uma falta deliberada de polimento, que confere um charme autêntico e uma sensação de proximidade, como se a banda estivesse tocando bem na sua frente. Isso não é uma crítica, muito pelo contrário, é uma confirmação de que quando a produção sabe se aproveitar do que lhe é dado, é possível se construir pérolas.

“Figure It Out” traz de volta o punk hardcore. É cheia de atitude e energia, uma música que te faz querer pular e gritar junto. As guitarras rápidas e a bateria martelante são um lembrete de que Repeat sabe exatamente como canalizar a fúria juvenil em música – Apesar de estarmos diante de experientes, e músicos não tão jovens assim.

“Goals” oferece uma proposta diferente: um punk dançante. É uma faixa com potencial de furar a bolha do estilo, graças ao seu ritmo contagiante e refrão cativante. A banda mostra que também sabe como fazer o público se mexer, sem perder a essência punk.

Finalmente, “Wasting My Time” encerra o disco em grande estilo com um punk ao estilo The Killers. É uma conclusão perfeita para um álbum que nunca perde o fôlego. A faixa final deixa uma sensação de satisfação, como se tivéssemos vendo os créditos de um filme que deixou a boca aberta do início ao fim.

“Rat Race” não decepciona, ele é exatamente aquilo que procuramos – atitude, criatividade e qualidade. Cada faixa mostra o poder que o Stoner e o punk tem para levantar o público. Este álbum é uma verdadeira joia para os fãs de rock que procuram algo frenético, intenso e inesquecível.